22/01/2025

Açúcar: Hedgepoint analisa atual dinâmica do mercado

 Açúcar: Hedgepoint analisa atual dinâmica do mercado

AÇUCAR Foto iStockcom - Andrii Shablovskyi

  • Até dezembro, a produção de açúcar da Índia estava 17,8% abaixo da temporada anterior, mas a diferença caiu para 15,3% em janeiro;
     
  • A recuperação média do açúcar foi abaixo do esperado, gerando dúvidas sobre sua capacidade de produção e exportação;
     
  • Os preços internos do açúcar na Índia se estabilizaram após uma forte correção, reduzindo o incentivo para exportações;
     
  • O mercado vê a Índia como um fator de alta, mas isso pode mudar com os resultados e decisões políticas dos próximos meses;
     
  • A maior disponibilidade do Brasil compensou as incertezas sobre a Índia. Com 613 Mt moídas até dezembro e projeção de mais de 620 Mt ao fim da temporada, a safra deve produzir quase 40 Mt de açúcar, garantindo boas exportações.

 

Na semana passada, a Índia foi destaque devido a rumores sobre a possível redução das restrições às importações, o que gerou um sentimento de baixa no mercado. A produção do país apresentou uma defasagem de 17,8% até o final de dezembro, em relação ao mesmo período do ano anterior.

 

Segundo Lívea Coda, coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets, “A maior parte dessa diferença pode ser atribuída a atrasos no início da safra. Um motivo que corrobora essa opinião é o fato de que, em dezembro, a moagem foi em linha com os resultados de 2023. Em segundo lugar, os resultados da primeira quinzena de janeiro reduziram a diferença para 15,3%”.

 

No entanto, a recuperação média do açúcar foi abaixo do esperado, sugerindo uma produção e capacidade de exportação menores. Com uma estimativa média do mercado de 28 Mt, a Índia precisaria consumir seus estoques para atender ao consumo de mais de 29Mt de açúcar, tornando improváveis os rumores de exportação.

 

“Além da produção, dois pontos são importantes para monitorar. O primeiro são os preços domésticos da Índia, que sofreram uma correção acentuada no início do ano-safra, mas recentemente encontraram suporte, o que pode impactar negativamente as exportações”, destaca a analista.

 

E prossegue: “O segundo ponto é que a resistência na correção dos preços internos tornou a paridade de exportação mais estável do que os preços internacionais do açúcar, diminuindo o incentivo para os usineiros indianos exportarem, a menos que tenham mais açúcar disponível do que a expectativa do mercado”.

É difícil classificar a Índia como um fator de alta ou de baixa, já que a situação pode mudar dependendo dos próximos meses e das decisões do governo. No entanto, o mercado a vê mais como um fator de alta no momento. “De qualquer forma, a maior disponibilidade do Brasil compensou as incertezas em relação à Índia, e os fluxos comerciais parecem estar caminhando para um superávit”, observa.

 

O último relatório da Unica, divulgado na quarta-feira (15), destacou uma temporada 24/25 saudável, apesar das adversidades climáticas. Com mais de 1 Mt moída e 613 Mt até dezembro, as usinas continuam operando, desafiando as previsões de morte súbita discutidas em agosto de 2024.

 

“Esses resultados aumentaram as expectativas de que a safra 24/25 terminará com mais de 620 Mt de cana moída, produzindo quase 40 Mt de açúcar e permitindo altas exportações. Além disso, as chuvas recentes e a menor intensidade da adversidade climática indicam bons resultados também para a safra 25/26”, indica.

 

O sentimento de baixa se alinha aos preços do açúcar, que estão em torno de 18 centavos de dólar por libra-peso, com expectativa de estagnação a menos que surjam notícias de alta. A China não comprou substancialmente, e os preços internacionais precisariam cair para 16,5 centavos de dólar libra-peso, para que a paridade se abrisse nos estados não produtores.

 

No lado da alta, o preço do açúcar no porto de Santos está com um prêmio, indicando demanda pelo produto. A entrega de janeiro tem prêmio de 8 pontos e a de fevereiro, 25 pontos.

 

“Com a redução da disponibilidade no final da entressafra, pode haver alta temporária nos preços, mas a tendência é de curta duração. A demanda pode esperar pela safra 25/26, e o aumento do volume está próximo, considerando as boas perspectivas para a próxima safra”, conclui (Assessoria de Comunicação, 22/1/25)