16/02/2022

Agro gera volume financeiro recorde, mas distribuição será irregular

 Agro gera volume financeiro recorde, mas distribuição será irregular
Agronegócio Brasileiro Foto Divulgação

Regiões com quebra de safra, como a do Sul, perdem participação no valor nacional de produção.

O volume financeiro gerado pela agropecuária dentro da porteira volta a subir neste ano, e poderá chegar a R$ 1,2 trilhão, 4,3% acima do recorde de 2021.

É o quarto ano seguido de evolução positiva do VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária), segundo estimativas do Ministério da Agricultura.

Essa movimentação é provocada por vários segmentos do setor, mas, neste ano, o resultado será bem diferente para a renda do produtor.

Luciano Vacari, diretor da consultoria NeoAgro, diz que o faturamento é grande, mas a renda, pequena. O setor está gerando um volume recorde de dinheiro, devido à elevação de preços das commodities, mas o resultado no bolso dos produtores será bem diferente do dos anos anteriores, devido à elevação de custos.

A renda, inclusive, será distribuída de forma bastante desigual. Estados do Centro-Oeste, onde a produção foi normal, vão se beneficiar dos atuais preços elevados das commodities, enquanto os do Sul perdem participação.

É o que mostram os dados do Ministério da Agricultura. A região Sul, que ficou com 28,2% do VBP em 2021, atrás apenas da líder Centro-Oeste, recua para a terceira posição em 2022.

Devido à seca e ao calor, que provocaram quebra de safra, o Sul participará com apenas 25% do valor total da produção nacional neste ano, considerando-se os 17 principais produtos agrícolas e a pecuária. Esta engloba bovinocultura, suinocultura, avicultura e produção de leite e de ovos.

Com a quebra de safras no Sul, os estados do Paraná e do Rio Grande do Sul cedem lugar a São Paulo e Minas Gerais na lista dos maiores geradores de recursos na agropecuária, conforme estimativas do governo.

 Dados da Farsul, referentes ao Rio Grande do Sul, um dos estados mais prejudicados pela seca, indicam que os custos de produção subiram 51% no ano passado no estado. Já os preços recebidos pelos produtores tiveram alta de 5%.

Vacari estima que as perdas dos agricultores deverão ser ainda maiores do que a dos pecuaristas. A utilização de fertilizantes, o insumo que mais subiu nos últimos meses, é maior nas lavouras do que nas pastagens, embora estas também deveriam ter sido adubadas, afirma ele.

Os destaques deste ano, em crescimento percentual, serão café (64%), algodão (35%), cana-de-açúcar (32%) e milho (22%). A soja, que deverá ter recuo de 4% no valor de produção, em relação a 2021, manterá a liderança no volume de dinheiro gerado. Serão R$ 360 bilhões (Folha de S.Paulo, 16/2/22)