CNC: Balanço Semanal de 14 a 18 de Junho de 2021
Renegociação de contratos
As commodities integram um ambiente especulativo e volátil, no qual bolsas de valores ditam preços e influenciam o valor do café tanto no mercado físico quanto no futuro. A natureza da atividade agrária pressupõe oscilações de preço. Entretanto, alguns movimentos interferem diretamente nas negociações, como a relação do câmbio, preço nas bolsas de valores, clima, volume de exportações e previsões de safra. Este ano, o clima seco e a escassez de chuva impactou na produção. Tornando difícil para alguns produtores cumprirem os contratos firmados devido ao baixo volume de saca colhida.
Em um ano que, mesmo com a pandemia do Covid-19, o consumo de café em casa aumentou. Segundo a Organização Internacional do Café (OIC), o consumo mundial deve crescer 1,9%, alcançando 167,58 milhões de sacas em 2020/21. Com o início da vacinação, espera-se aumentar ainda mais a demanda devido a reabertura dos estabelecimentos. Além da redução da safra brasileira, outro fator que contribuiu para o aumento do preço do café foram os protestos ocorridos na Colômbia, com a dificuldade de exportar o produto e cumprir os contratos, diminuindo a oferta e aumentando a demanda.
Para o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, brigar com o mercado não é uma atitude inteligente, pois foram 30 anos construindo mecanismos que permitissem aos cafeicultores assegurar sua rentabilidade. “Tanto o vendedor quanto o comprador precisam manter uma boa relação para o bem dos negócios futuros. Para isso, é preciso que aja uma solução amigável entre eles”, ponderou Brasileiro.
A última vez em que uma grave seca afetou o Brasil e os preços do café dispararam foi em 2014. A formação do câmbio e a cotação do café permanecem sob a influência das incertezas econômicas do Brasil, da instabilidade climática, dos custos de produção do café, do aumento do consumo mundial e das expectativas quanto ao desenvolvimento da safra 2021/2022.
Expansão área cultivada
O Conselho Nacional do Café (CNC) tem como foco permanente de atuação a sustentabilidade econômica da cafeicultura, de forma a garantir uma renda próspera aos cafeicultores brasileiros. Atualmente, a cafeicultura vivencia um momento positivo no mercado, com o consumo aquecido e preços remuneradores. É fundamental lembrar que esse cenário é consequência do equilíbrio entre a oferta e a demanda por café, situação que deve ser preservada.
Na contramão dessa tendência, governos estaduais e órgãos públicos têm estimulado a expansão da área cultivada de café no Brasil. “De forma recorrente, recebemos notícias de incentivos a novos plantios de café em regiões não tradicionais, a exemplo de programas de distribuição de mudas com alto potencial produtivo. Isso nos preocupa, porque tais iniciativas não estão acompanhadas de esforços simultâneos para o aumento do consumo”, comenta o presidente do CNC, Silas Brasileiro.
Brasileiro recorda que, há alguns anos, o CNC propôs e aprovou, no Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), uma estratégia de comunicação a órgãos públicos e bancos de fomento para criar consciência sobre os resultados negativos de programas de incentivo a novos plantios desconectados de ações para promover o consumo de café. “É fundamental que os gestores públicos regionais entendam a importância do equilíbrio entre a oferta e demanda para a garantia de renda aos cafeicultores. A continuidade desses estímulos à expansão desordenada da área cultivada poderá nos conduzir a um cenário de excesso de oferta e de pressão sobre as cotações em um futuro bastante próximo”, argumenta, lembrando a natureza cíclica dos preços do café.
Falta de registros
Pensando em soluções eficientes para garantir o controle de pragas nos armazéns de café, o Comitê de Pesquisa e Tecnologias do Conselho Nacional do Café (CNC) solicitou ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) uma audiência para discutir o assunto, tendo em vista que, atualmente, existem apenas dois ingredientes ativos específicos registrados para grão de café armazenado no Brasil. “É necessário expandir o número de registros de forma a garantir que nossa produção seja eficiente e promova uma exportação dentro das exigências sanitárias dos consumidores, evitado assim recusa por parte dos compradores no recebimento”, ressaltou o presidente do CNC, Silas Brasileiro.
No dia 11 de junho, em reunião virtual, o Comitê Técnico também discutiu a viabilidade de boas práticas na aplicação de defensivos nos armazéns. Para um melhor controle, também engloba boas práticas de manejo. Outro assunto abordado foi a importância do sequestro de carbono na condição de manter o equilíbrio, contribuindo para o controle do aquecimento global.
O CNC se preocupa com a qualidade da produção nos cafezais e a segurança alimentar da população, por isso não tem medido esforços em busca de soluções eficazes. A próxima reunião do CNC será com o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal do MAPA, Carlos Goulart, na segunda-feira, dia 21 (Assessoria de Comunicação, 18/6/21)