11/05/2020

CNC: Balanço Semanal de4 a 8/5/2020

   CNC: Balanço Semanal de4 a 8/5/2020

Ainda é cedo para mensurar impacto da Covid-19 no consumo

Segundo o CNC, é preciso entender qual será a compensação do aumento do consumo nos lares em relação ao fechamento de estabelecimentos.

A Organização Internacional do Café (OIC) vem divulgando uma série de materiais referentes aos reflexos que a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) causará nas economias do mundo e, principalmente, no mercado cafeeiro global.

O mais recente foi o "Impacto da Covid-19 sobre o setor cafeeiro global: o lado da demanda", uma análise que se baseia na amostragem dos 20 maiores países consumidores, que respondem por 71% da absorção mundial de café, e cobre o intervalo entre os anos 1990 e 2018.

No documento, a OIC considera, entre outros pontos, que os resultados mostram que 1% de queda no crescimento do PIB está associado a uma redução do crescimento da demanda global de café de 0,95%, o que corresponde a 1,6 milhão de sacas de 60 kg.

O organismo indica que outros efeitos na demanda refletem as medidas de distanciamento social sobre o consumo fora de casa, já que grande parte do setor hoteleiro está sob lockdown e os locais de trabalho fechados, não havendo, assim, comercialização física de cafeterias, padarias, bares e restaurantes.

A OIC comenta, ainda, que são necessárias mais análises dos efeitos da pandemia da Covid-19 na oferta – que realizará futuramente – para melhor compreender o impacto geral desta crise no setor cafeeiro global e sobre todos os atores ao longo da cadeia produtiva.

Em alusão ao estudo, o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, concorda que a propagação da Covid-19 apresenta um desafio adicional para a cafeicultura mundial, especialmente porque o setor vive um extenso período de preços aviltados aos produtores.

"De 2016 para cá, as cotações pagas aos cafeicultores vêm em queda contínua, de maneira que muitos produtores sequer conseguem cobrir seus custos de produção, até porque o preço dos insumos continua a subir na esteira do avanço do dólar frente às moedas locais, como o real no Brasil", comenta.

Em relação ao consumo, ele acredita que ainda é cedo para prever qual será o impacto. "O fechamento de estabelecimentos como cafeterias, bares e restaurantes em todo o mundo pesará. Contudo, o crescimento do consumo em casa compensará em parte. Talvez não haja nem queda em relação ao ciclo anterior, o que pode acontecer é um crescimento menor, aquém dos 2,5% a 3% observados recentemente", pondera.

Brasil responde por 41,3% da exportação mundial de café arábica

País permanece na liderança do ranking global dos embarques da variedade, tendo remetido, em março, 2.566.940 sacas ao exterior.

De acordo com dados preliminares divulgados pela Organização Internacional do Café (OIC), as exportações mundiais da variedade arábica totalizaram 6,214 milhões de sacas de 60 kg em março de 2020, volume que implicou queda de 5,11% na comparação com o mesmo mês do ano passado (6,549 mi/scs), mas alta de 2,11% frente às 6,086 mi de sacas em fevereiro deste ano.

O Brasil permanece na liderança do ranking global dos embarques de café arábica, tendo remetido 2,567 milhões de sacas ao exterior no período, ou 41,31% do total. Esse volume representou leve aumento de 0,33% em relação às 2,559 mi/scs comercializadas em março de 2019 e de 4,19% ante fevereiro (2,464 mi/scs).

De acordo com o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, o investimento que o país fez em tecnologia permitiu o avanço da produção e da qualidade em áreas menores destinadas ao cultivo do grão.

"O reflexo da elevação da produtividade e da qualidade é a manutenção ou mesmo a ampliação de nosso market share, ocupando o espaço deixado por países que focam sua atuação principalmente em preço e não em novas tecnologias e redução de custos, o que encarece sobremaneira a produção nessas nações", explica.

CAFÉ SOCIOECONÔMICO
Silas Brasileiro recorda a importância econômica do café para o Brasil, citando que o Valor Bruto de Produção (VBP) da cultura deverá ficar em aproximadamente R$ 27 bilhões em 2020. Ele também destaca a relevância social da atividade, que gera 8,4 milhões de empregos ao ano em toda a cadeia.

Neste ano, segundo o presidente do CNC, com a crise desencadeada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que causou a demissão de milhares de trabalhadores de diversas áreas do comércio, o café terá uma importância socioeconômica ainda maior.

“Esses desempregados terão a oportunidade de trabalhar na colheita, que começa a ganhar força neste mês de maio no Brasil. Isso significa que o café será fonte de renda para essa população e servirá para aquecer o setor de alimentos e consumo, contribuindo para por comida dentro dos lares desses brasileiros”, cita.

Ele revela que o CNC vem mantendo constantes contatos com as secretarias estaduais de Saúde, Trabalho e Agricultura para explicar os impactos positivos que a cafeicultura deve gerar nesse cenário atual de crise.

“Como os trabalhos de ‘panha’ do café devem se intensificar a partir da semana que vem, temos solicitado, ao seguirem as recomendações sanitárias, que não se crie dificuldades para contratação e transporte interestadual desses trabalhadores. O café não para e precisamos do bom senso público para que, ao não pararmos, também contribuamos com os governos regionais”, conclui.

Ausência de vendedores puxa cotações do café na semana

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Commodity se valorizou mesmo com a escalada do dólar e a aproximação dos trabalhos mais intensos de colheita no Brasil.

A despeito do fortalecimento do dólar e da pressão que vem com a aproximação de trabalhos mais intensos de colheita no Brasil, os futuros do café arábica subiram nesta semana, puxados, principalmente na terça-feira, 5 de maio, por fatores técnicos e ausência de vendas de origens.

Na Bolsa de Nova York, o vencimento maio/2020 do contrato "C" avançou 300 pontos na comparação com a semana anterior, encerrando a sessão de ontem a US$ 1,0745 por libra-peso. Já na ICE Europe, o vencimento maio/2020 do café robusta fechou a US$ 1.159 por tonelada, com recuo de US$ 18.

O dólar comercial segue sua escalada frente ao real, tendo registrado cinco ascensões consecutivas. A divisa chegou a R$ 5,8399 no encerramento da sessão de ontem, acumulando ganhos semanais de 7,4%.

Durante o pregão, a moeda superou R$ 5,85, valor recorde desde a implantação do Plano Real, sendo impulsionada, segundo analistas, pela postura mais "dovish" do que as expectativas do mercado por parte do Copom, que cortou a taxa Selic em 0,75%, para 3%.

Em relação ao clima, esta semana foi marcada pela passagem de uma frente fria na Região Sudeste, reduzindo as temperaturas, mas sem registro de geadas nos cafezais. Ainda ocorreram algumas precipitações, porém sem informação de que tenham ocasionado queda de frutos dos pés.

Conforme a Somar Meteorologia, o tempo volta a ficar seco no Sudeste nos próximos dias. Amanhã, com o avanço de uma massa de ar seco, a Região já não recebe chuvas em sua maior parte, assim como no domingo, quando haverá tempo firme. A exceção fica para a metade norte do Espírito Santo, que terá precipitações isoladas, mas sem grandes acumulados.

No mercado físico, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) apurou avanços nas cotações, justificado, segundo a instituição, pela alta do dólar. Contudo, vendedores permanecem afastados do mercado, limitando os negócios. Os indicadores calculados pela entidade para as variedades arábica e conilon ficaram em R$ 587,73/saca e R$ 352,85/saca, com ganhos, respectivamente, de 2,6% e 5,3% (Assessoria de Comunicação, 8/5/20)