06/03/2023

A agropecuária é o único setor que se salva na projeção do PIB para o ano

A agropecuária é o único setor que se salva na projeção do PIB para o ano

AGRONEGOCIO Imagem Blog Comex do Brasil

Por José Roberto Mendonça de Barros

 O desempenho resulta do crescimento sistemático da produtividade e de grande penetração mercado internacional.

Os resultados do PIB confirmaram as projeções mais recentes. O crescimento do ano passado foi bom (2,9%), mas não o do período Bolsonaro, com média anual de 1,5%. A economia desacelerou ao longo de 2022, tendo o último trimestre caído 0,2% ante o terceiro do ano.

De fato, projetamos para 2023 uma expansão de 1% para o PIB total, com forte desaceleração nos serviços (de 4,2% para 1,3%) e na construção civil (de 6,9% para 0,6%). Projetamos ainda uma queda adicional da indústria de transformação (de -0,3% para -0,8%).

 

Crescimento mesmo só se espera para a agropecuária e para a cadeia de produção a ela ligada: robustos 7,2%, após queda de 1,7% no ano passado.

Com isso, consolida-se ainda mais uma tendência que vem desde a maior recessão da nossa história, a de 2015/16: crescimento acumulado medíocre do PIB (2,8%), resultado de forte queda na construção civil (-15%) e na indústria de transformação (-12,3%), ao lado da expansão modesta de serviços (6,2%) e do único segmento a crescer de verdade, o agropecuário (25%).

O desempenho do agro resulta do crescimento sistemático da produtividade e de grande penetração no mercado internacional. Estudos mostram que entre 2000 e 2020 a produtividade total dos fatores de nossa agricultura cresceu mais de 3% ao ano, o mais robusto resultado entre todos os países do mundo e, naturalmente, entre todos os setores relevantes da economia brasileira.

Vale mencionar que parte significativa da indústria e de serviços de valor, como Big Data, se expandem com a produção. A agricultura de precisão, também conhecida como agricultura 4.0 (uma indústria 4.0 ao ar livre), ilustra bem por que podemos esperar que a jornada de elevação da produtividade continuará firme.

E isso seguirá sendo feito dentro de uma rota de sustentabilidade. Foi o que concluiu estudo recente da McKinsey (Global Insights 2022) com produtores no mundo todo. As respostas de brasileiros e europeus sobre a adoção de tecnologias sustentáveis são eloquentes:

- Plantio direto/cultivo mínimo: 83% de respostas positivas dos brasileiros e de 67% dos europeus;

- Defensivos biológicos: 55% de brasileiros, 23% de europeus;

- Bioestimulantes: 50% de brasileiros, 28% de europeus;

- Biofertilizantes: 30% de brasileiros, 25% de europeus.

Contribuirão também para o futuro da agricultura o desenvolvimento de novos atributos de antigos produtos, como a produção orgânica, o crescimento da produção de bens ainda pequenos, como azeites, e um avanço na questão energética, como o hidrogênio verde.

Voltaremos a isto (O Estado de S.Paulo, 5/3/23)