Açúcar: Agromensal Fevereiro 2022 – Análise Conjuntural Cepea/Esalq USP
ACUCAR Raízen _- açúcar produzido pela Raízen
Os preços médios do açúcar cristal subiram no spot paulista nas três primeiras semanas de fevereiro, sustentados pela restrição na oferta do Icumsa 150, que foi persistente no correr de toda a temporada 2021/22. Já na última semana do mês, os valores caíram com certa força. Algumas usinas flexibilizaram os valores de suas ofertas para o Icumsa 180, devido sobretudo à resistência dos compradores. Neste caso, a demanda pelo cristal no spot esteve menor em fevereiro, tendo em vista que muitos compradores já haviam se abastecido para o período de entressafra, temendo a escassez do produto.
O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) acumulou baixa de 9,94% em fevereiro, fechando a R$ 132,42/saca de 50 kg no dia 25. A média mensal foi de R$ 144,78/saca de 50 kg, 4,40% inferior à de janeiro (R$ 151,45/saca de 50 kg), mas ainda 34,43% acima da média de fevereiro/2021 (R$ 107,70/saca de 50 kg), em termos nominais. No mercado internacional, as cotações do demerara na Bolsa de Nova York (ICE Futures) oscilaram ao longo do mês. Por um lado, o mercado foi pressionado pela expectativa de aumento na produção de açúcar no Brasil, Índia e na Tailândia em 2022 e também por um movimento de redução nas compras de posições futuras da commodity.
Por outro, a apreciação do Real frente ao dólar e o avanço das cotações do petróleo deram suporte aos preços do açúcar. A moeda norte-americana mais fraca desestimula as exportações brasileiras de açúcar, diminuindo a oferta no cenário mundial. Já a valorização do petróleo desestimula a produção de açúcar e favorece a de etanol, uma vez que sinaliza possível melhora na competitividade relativa do biocombustível. Na última semana de fevereiro, especificamente, os preços externos do adoçante chegaram a subir, diante do aumento das cotações do barril do petróleo, por conta do contexto da guerra russo-ucraniana.
Concomitantemente, a alta dos preços do açúcar acabou sendo limitada pela apreciação do dólar frente ao Real. Além disso, a dúvida quanto ao volume de açúcar a ser entregue com a expiração do contrato Março/22 pode ter limitado o avanço das cotações do produto. Cálculos do Cepea indicaram que, em novembro, as vendas internas do açúcar remuneraram, em média, 20,99% a mais que as externas. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Março/22 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York, prêmio de qualidade estimado em US$ 72,99/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 45,55/tonelada.
NORDESTE
As negociações de açúcar seguiram lentas em fevereiro, e estiveram envolvendo baixos volumes a preços ligeiramente menores. Segundo colaboradores do Cepea, a fraca liquidez esteve atrelada ao pequeno número de usinas ativas no mercado (algumas já encerraram seus estoques), ao fato de compradores estarem estocados e à entrada de açúcar do Centro-Sul na região nordestina. Segundo o Sindaçúcar-AL, até o fim da primeira quinzena de fevereiro/22, foram processadas mais de 15,7 milhões de toneladas de cana no estado, crescimento de 8,1% em relação ao mesmo mês de 2021. Até o dia 15 de fevereiro, foram produzidas 1,2 milhão de toneladas de açúcar, volume semelhante ao de fevereiro de 2021.
Em fevereiro/2022, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ para Pernambuco foi de R$ 150,20/sc de 50 kg, baixa de 0,42% frente a janeiro/2022 e alta de 36,04% em relação a fevereiro/2021, em termos nominais. Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 149,51/sc, queda de 0,66% em relação a janeiro/2022 e aumento de 38,86% frente a fevereiro/2021, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 152,68/sc, recuo de 0,46% em relação a janeiro/2022 e avanço de 41,30% frente a fevereiro/2021 (Assessoria de Comunicação, 7/3/22)