07/08/2020

Açúcar: Análise Conjuntural Agromensal Cepea/Esalq/USP Julho/2020

Açúcar: Análise Conjuntural Agromensal Cepea/Esalq/USP Julho/2020

Desde o início oficial da atual safra 2020/21, em abril/20, as usinas do estado de São Paulo têm produzido uma maior quantidade de açúcar. E, ainda assim, os valores médios do cristal no mercado spot paulista ao longo desta temporada estão superiores aos verificados na anterior (2019/20). A sustentação vem das exportações aquecidas, que fazem com que as usinas aumentem os valores pedidos no mercado nacional. Quanto ao ritmo de negócios envolvendo o cristal no Brasil, esteve maior especialmente na última semana de julho. O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) acumulou alta de 3,07% em julho, fechando a R$ 78,46/saca de 50 kg no dia 31.

 

A média mensal foi de R$ 77,36/saca de 50 kg, 1,48% superior à de junho (R$ 76,24/saca de 50 kg) e 29,59% acima da média de julho/19 (R$59,70/sacade 50 kg), em termos nominais. O tempo seco impulsionou a colheita da cana e, consequentemente, a produção nas usinas. Segundo a Unica, de abril/20 até a primeira quinzena de julho/20, as usinas do estado de São Paulo moeram 167,297 milhões de toneladas de cana, 10,55% a mais que em igual período do ano passado. O mix de produção segue mais açucareiro, somando 11,286 milhões de toneladas do adoçante produzidas no período, aumento de 50,59%em relação à temporada passada 2019/20.

 

No Nordeste, em final de entressafra, a oferta de açúcar no mercado spot seguiu restrita, concentrada em poucas usinas. Apesar de o ritmo das negociações com o adoçante ter sido mais lento em julho, pontualmente no final do mês verificou-se expressiva reação no volume comercializado, especialmente em Alagoas. Em Pernambuco, prevaleceu o tipo refinado para a venda do açúcar em saca de 50 kg. Quanto aos preços, seguiram firmes. De acordo com dados do Departamento Técnico do Sindaçúcar-AL, a regularidade climática desde fevereiro está favorecendo o canavial em Alagoas. Desta forma, a safra 2020/21, que deve ser iniciada pela maioria das usinas em setembro, poderá ter crescimento de 5% a 10% frente à anterior, somando 18 milhões de toneladas de cana processadas.

 

Em julho, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ em Pernambuco foi de R$ 86,91/sc de 50 kg, avanços de 2,01% frente a junho/2020 e de 14,17% em relação a julho/2019, em termos nominais. Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 85,79/sc, altas de 1,56% em relação a junho/2020 e de 15,37% frente a julho/2019, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 84,37/sc, elevações de 1,5% em relação a junho/2020 e de 9,57% frente a julho/2019.

 

No mercado internacional, perspectivas de oferta abundante no Brasil e na Índia e incertezas quanto à demanda pressionaram as cotações do adoçante. No entanto, na última semana de julho, os valores externos subiram, impulsionados por expectativas de redução na safra da Tailândia, que enfrenta clima seco – vale lembrar que o país é o segundo maior exportador mundial de açúcar, atrás somente do Brasil. Além disso, a crescente demanda chinesa por açúcar também influenciou as altas externas no encerramento do mês. Segundo dados da Secex, de janeiro a junho de 2020, a China foi destino de 997,01 mil toneladas de açúcar brasileiro, 47,92% a mais que no mesmo período do ano passado.

 

Cálculos do Cepea indicaram que as vendas internas do açúcar remuneraram, em média, 2,58% a mais que as externas em julho. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Outubro/20 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 44,66/tonelada e custos com elevação e frete, de US$ 41,35/tonelada. As exportações brasileiras de açúcar aumentaram 91,5% em julho em relação ao mesmo período do ano anterior, para 3,487 milhões de toneladas, se aproximando do recorde (de 3,5 milhões de toneladas), verificado em setembro de 2017, de acordo com a Secex (Assessoria de Comunicação, 5/8/20)