Açúcar fixado para 22/23 já ameaça nível do da safra atual
AÇUCAR NO PORTO Mauricio Palos Bloomberg
O açúcar que o Brasil se comprometeu a entregar na safra 22/23 já pode estar passando dos 60%, num cenário de antecipação de vendas que pode acabar sendo superior ao da safra atual. Diante da expectativa de outro ciclo de quebra na produção de cana, essa conjuntura estimula renovação de ganhos na bolsa de Nova York.
Menos açúcar sobrando
Esse volume de fixação, na qual as consultorias Safras & Mercado e FGAgro concordam, andou mais nos últimos dias, depois de um período estacionado entre março e abril, quando os preços estavam mais acomodados. “Com as altas recentes, as usinas aceleraram”, diz Maurício Murici, da primeira, mesmo com o dólar mais baixo.
Antes da abertura oficial da temporada atual, em 1º de abril, as estimativas eram em torno de 85% de contratos fixados. Hoje deve estar em 90%, ou passando, das 25 milhões de toneladas que se projetam de exportações.
Como a safra 22/23 tem mais 11 meses para ter início, o nível atual de 60% ou mais pode superar as fixações da safra vigente bem antes.
“É muito açúcar hedgeado”, complementa Willian Hernades, diretor da FGAgro, para quem, igualmente, a produção do próximo ciclo será menor, resquício do clima mais seco que impactou a cana deste ano (expectativa de quebra de 7% a 10%) e vai pegar também um pouco da cana mais precoce do ano que vem.
Com esses fatores, Muruci, analista da Safras, pensa que o suporte de até 20 centavos de dólar por libra-peso, em Nova York, é possível. Ele, inclusive, lembra que o próximo relatório do USDA deverá cortar entre 5 a 7 milhões de toneladas o seu superávit anunciado no final de 2020.
Nesta quarta (12), o contrato julho chegou a bater os 18 c/lp, mas vem sofrendo um leve ajuste técnico, com tendência de fechar, às 15h30 (Brasília), em queda de 0,20 a 0,25%, para 17,85 a 17,88 c/lp (Money Times, 12/5/21)