Açúcar: Produção na Europa é incógnita com situação da Ucrânia
ACUCAR BETERRABA Foto Shutterstod
A produção de açúcar na Europa ainda é incerta em razão dos altos preços de energia e da possibilidade de atraso no plantio de beterraba, afirmou diretor geral da Sucden Brasil, Jeremy Austin. "A Ucrânia precisa plantar sementes nos próximos 30 dias, e se não houver plantio não tem safra. Sem a safra de lá, seria 1,4 milhão de toneladas a menos no mundo", disse ele nesta quarta-feira (9) na 6ª Conferência Santander Datagro Abertura de Safra. "Mesmo que o consumo também caia, o impacto é grande."
Ele destacou também que, se a oferta de trigo da Rússia cair, países da Europa podem migrar a área da beterraba para o grão, que vem sendo negociado a preços cada vez mais altos. Austin lembrou que o avanço no preço de energia eleva os custos de produção e refino do açúcar. "Existe uma diferença entre o açúcar de cana, que não tem custo energético, e o de beterraba, que tem custo alto."
Por isso, o executivo prevê volatilidade no mercado global do adoçante. "Cada vez mais os cisnes negros viram cisnes brancos."
No mesmo painel, o chefe da divisão de trading de açúcar da Cofco International Brasil, Maurício Sacramento, afirmou que a Tailândia, importante país exportador, deve ter recuperação na produção dos próximos dois anos, retornando ao patamar de 11,5 milhões de toneladas de açúcar em 2023. Por outro lado, a China tende a continuar com déficit de produção na casa dos cinco milhões de toneladas. "Esse déficit deve continuar grande no médio a longo prazo. Eles terão dificuldade de aumentar a produção porque ainda têm indústria dependente de colheita manual, e a política de estoques altos deve continuar", disse ele. "Além disso, o consumo vem aumentando. Esse deve continuar sendo o principal importador de açúcar brasileiro por um bom tempo."
A Datagro espera que a safra global 2021/22, que vai até setembro deste ano, tenha déficit de 1,21 milhão de toneladas de açúcar. Para a temporada seguinte, a consultoria aponta superávit global de 1,15 milhão de toneladas. Mesmo assim, dizem os traders, os estoques globais não devem registrar avanço significativo. "Os estoques estão baixos e os principais produtores, Brasil e Índia, já têm patamar elevado de produção e teriam dificuldade em crescer mais", afirmou Sacramento, lembrando que o Brasil tem a competição com o etanol e a Índia também vem investindo cada vez mais no biocombustível (Broadcast, 10/3/22)