Agora com quebra da safra, Brasil vai perdendo a China
Agronegócio Brasileiro Foto Divulgação
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'Nunca deixem que os outros nos peguem pela garganta ao comer, é questão de sobrevivência', falou Xi no Diário do Povo.
Na Bloomberg, "em dois meses, Brasil saiu da expectativa de safra recorde de soja para a pior colheita" em dois anos.
É a nova projeção da Conab, estatal de abastecimento, que ecoou, quase com comemoração, em sites noticiosos de agricultura dos EUA, como Brownfield, "Grande corte na estimativa do Brasil".
A explicação, da Bloomberg à Reuters e ao canal chinês CGTN (abaixo, imagem de lago gaúcho), é a seca que atingiu sobretudo os três Estados do Sul, mais Mato Grosso do Sul.
Pelas mesmas avaliações, apesar da quebra da safra, os preços não sobem mais —e os EUA só não vendem mais— porque a China está deixando de comprar soja pelo mundo.
Na virada do ano, como noticiaram Diário do Povo, Xinhua, South China Morning Post e outros, Xi Jinping falou abertamente que seu país precisa ser "auto-suficiente" em soja —e minério de ferro, outro foco das exportações brasileiras.
Uma de suas declarações: "Nunca deixem que os outros nos peguem pela garganta ao comer. É questão básica de sobrevivência".
O noticiário chinês, desde então, informou que a principal região produtora de soja no país, Heilongjiang, no Nordeste, divulgou um plano para ampliar a colheita; e que seu ministério da agricultura prepara regras para liberar soja geneticamente modificada.
A explicação estratégica é que "a soja se tornou campo de batalha entre Pequim e Washington durante a guerra comercial da era Trump".
Mas também repercutiram à época as declarações de ministros e do próprio Jair Bolsonaro —quase ameaças— de que a China depende do Brasil, para comer, mais do que o Brasil depende da China.
SOJA RUSSA?
Depois do New York Times, também o alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung publicou, neste início de ano, que a mudança no clima poderá tornar a Rússia um concorrente na produção de grãos, soja inclusive. "O maior país do mundo está mais bem posicionado globalmente para lucrar com o aquecimento." (Coluna Toda Mídia de Nelson de Sá; Folha de S.Paulo, 11/2/22)