09/12/2024

Agricultores franceses prometem oposição à ratificação do acordo

Agricultores franceses prometem oposição à ratificação do acordo

Produtores rurais franceses protestam contra o acordo União Europeia - Mercosul em Bordeaux, no Sudoeste da França. Foto Philippe Lopez - Getty Images

 

Para federação dos produtores rurais da França, decisão “compromete a Europa”.

O anúncio da conclusão do acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul causou revolta nos agricultores franceses. A Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas (Fnsea, na sigla em francês) disse que vai atuar para que o tratado não seja ratificado na Europa.

 

Arnaud Rousseau, presidente da federação, a quem o CEO global do Carrefour, Alexandre Bompadr, enviou uma carta há duas semanas para anunciar boicote às carnes do Mercosul, disse que a decisão “compromete a Europa” e desafia os avisos dos agricultores locais. Segundo ele, a conclusão do acordo vai “contra o progresso” e dos interesses a longo prazo do velho continente.

 

Ele cobrou os parlamentares franceses e presidente do país, Emmanuel Macron, oposição firme à ratificação do acordo pela França.

 

“Não vamos importar alimentos que não queremos”, escreveu no X.

 

“A batalha continua. Não admitimos a derrota! Utilizaremos todos os meios a nível europeu para garantir que este acordo não seja ratificado, nem pelo Conselho, nem pelo Parlamento Europeu, nem pelos parlamentos nacionais”, disse a Fnsea em carta publicada no X.

 

A entidade disse que é “que a agricultura europeia seja sacrificada em benefício de produtos importados” e criticou duramente a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que liderou as negociações e participou do anúncio da conclusão do acordo em Montevidéu, capital do Uruguai, nesta sexta-feira (6/12).

 

Segundo a federação dos agricultores franceses, o anúncio de conclusão do acordo é uma “provocação” e voltou a criticar os padrões ambientais, sanitários e sociais seguidos pelos produtores do Mercosul.

 

“Esta validação não é apenas uma provocação para os agricultores europeus que aplicam os mais elevados padrões de produção do mundo, mas também uma negação da democracia quando quase unanimemente os nossos parlamentares franceses se manifestaram contra este acordo”, diz a carta. A federação ainda acusa Von Der Layen de defender interesses particulares da indústria automotiva alemã e não “as questões da soberania alimentar europeia ou da luta contra as alterações climáticas”.

 

Na carta, a Fnsea destacou a forte oposição da França, Polônia e Itália ao acordo e da posição “unânime” contrária dos agricultores europeus ao tratado com os quatro países sul-americanos.

 

“É inaceitável que a agricultura europeia seja sacrificada em benefício de produtos importados, resultantes de práticas aqui proibidas e menos respeitadoras do ambiente, da saúde, do clima e dos direitos sociais. É uma questão de justiça para os agricultores e de respeito para os consumidores europeus”, conclui (Globo Rural, 6/12/24)