Agricultura & Meio Ambiente: Fusão trará prejuízos ao País, diz Maggi
O ministro da Agricultura do Brasil, Blairo Maggi, posicionou-se de maneira frontalmente contrária à proposta de fusão da pasta com o Ministério do Meio Ambiente, anunciada na véspera pela equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).
Em comentários no Twitter, Maggi, conhecido também por sua atuação como investidor no setor de soja, afirmou entender que a decisão de unir os ministérios “trará prejuízos incalculáveis ao agronegócio brasileiro”.
“Lamento a decisão do presidente eleito”, escreveu ele.
Em comentários em separado, enviados por meio da assessoria de imprensa, ele afirmou que o Brasil é “muito cobrado pelos países da Europa pela preservação do meio ambiente”.
O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, sendo líder na exportação de commodities como soja, açúcar, café e suco de laranja.
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro chefe da Casa Civil de Bolsonaro, disse na terça-feira que a “Agricultura e o Meio Ambiente andarão de mãos dadas”. Unificar as duas pastas foi uma promessa de campanha do capitão reformado, que depois se disse aberto a sugestões de setores do agronegócio que defendiam a manutenção da separação das duas pastas.
Com dados da Embrapa Territorial, o Ministério da Agricultura disse em nota que 66 por cento do território brasileiro se mantém preservado graças à ação dos produtores, um discurso que “pode ser prejudicado com a fusão das duas pastas”.
Ainda conforme o Ministério, Maggi avalia que as pastas são convergentes em alguns pontos, mas no geral possuem temas próprios que necessitam de atenção.
“Existem muitos fóruns importantes nos quais o Brasil deve marcar sua posição, mas não será possível para um ministro participar de todos sozinho”, afirmou ele, destacando que o trabalho do Meio Ambiente não se dá apenas sobre assuntos do agronegócio, abrangendo também áreas como infraestrutura, mineração e energia.
“Como um ministro da Agricultura vai opinar sobre um campo de petróleo ou exploração de minérios?”, questionou.
As declarações de Maggi ocorrem no mesmo dia em que o Ministério do Meio Ambiente também criticou a proposta de Bolsonaro, dizendo que fragilizar a autoridade da pasta seria “temerário” (Reuters, 31/10/18)
Nabhan Garcia: “Junção de ministérios ainda não está definida”
O deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS) – Foto - foi indicado ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para ocupar o Ministério da Agricultura pelo presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antônio Nabhan Garcia, durante reunião na tarde e noite desta terça-feira (31) na casa de Bolsonaro, na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio). "O setor produtivo (agrícola) se sente muito bem representado por esse deputado", afirmou Garcia. "Mas, por enquanto, é um nome, não há nada definido", alertou o presidente da UDR. Garcia afirmou não ter defendido o próprio nome para ocupar o ministério: "Tanto que eu trouxe o nome de outra pessoa", afirmou.
Segundo Garcia, também não há nada definido sobre a fusão ou não dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente. Ele mesmo se disse em dúvida sobre a viabilidade dessa fusão: "Não posso defender com a mesma ênfase como defendia antes, porque a gente precisa ouvir mais segmentos", afirmou (Broadcast, 31/10/18)