16/12/2024

Agro avança no Brasil mas, com Meirelle’s na Faesp, cresce pouco em SP

Agro avança no Brasil mas, com Meirelle’s na Faesp, cresce pouco em SP

BANDEIRA SÃO PAULO-Imagem dreamstinecom

O quase meio século de domínio e gestão do comendador Fábio de Salles Meirelles no comando da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo – Faesp, deixou além de incontáveis escândalos denunciados pela mídia nacional, um processo de retrocesso do agronegócio paulista. A situação se agravou com a tentativa de manter o filho Tirso como seu sucessor, num processo eleitoral cheio de denúncias e fraude contestados na justiça.

 

Segundo o presidente do Sindicato e Associação Rural de Ribeirão Preto, coordenador da chapa “Nova Faesp” de oposição na Faesp/Senar Paulo Junqueira, “o PIB (Produto Interno Bruto) do agro paulista andou devagar nos últimos anos. Em 13 anos, a alta foi de apenas 1,8%, abaixo dos 19,1% do agro nacional”. Ele acrescenta que “a evolução acumulada de 2010 a 2023 foi de apenas 1,81%, em termos de renda real. Essa taxa ficou muito abaixo dos 19,1% registrados pelo PIB nacional do setor”.

 

E lembra que “levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) indicou que o PIB paulista do agronegócio é de R$ 610 bilhões, predominantemente voltado para o ramo agrícola. Este somou R$ 510 bilhões em 2023, atingindo 84% do total. O restante ficou com a pecuária”.

 

Paulo Junqueira explica que “a principal pressão sobre o PIB do agro veio da agroindústria, que caiu 8,3% nos últimos 13 anos, em especial o da indústria agrícola, cujo recuo foi de 10,1%. A perda de ritmo nesse setor afetou também o PIB de agrosserviços, que registrou retração de 4,3% desde 2010. Não por acaso, este é o verdadeiro legado de Fábio Meirelles deixa em seus 48 anos de presidência da Faesp, lembrando que a situação se agravou dramaticamente com a ascensão de seu filho Tirso à presidência da Faesp/Senar ocupada há meses sub judice”.

 

Desde a “eleição” de Tirso Meirelles há um ano, além de demonstrar a capacidade necessária para o cargo que lhe foi transferido pelo pai, ele vem mantendo uma política de perseguição aos sindicatos que formam o grupo de oposição, reduzindo e até mesmo cancelando o repasse das verbas federais do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar. “Com esta política autofágica, ele atinge em cheio os programas de formação e requalificação profissional dos principais produtos do setor agrícola paulista, a cana-de-açúcar e a laranja”.

Presidente sub judice da Faesp/Senar Tirso Meirelles e sua companheira, a psicóloga, vice-presidente do grupo “Semeadoras do Agro” e diretora da Connect Assessoria que presta serviços à Faesp/Senar Juliana Farah

 

Ao mesmo tempo que retira intempestivamente os recursos do Senar que, obrigatoriamente e legalmente deveriam, pelo princípio elementar de isonomia, serem distribuídos a todos os sindicatos rurais paulistas, Tirso Meirelles estimula a prática de “investimentos” na promoção do grupo “Semeadoras do Agro”, capitaneado pela sua companheira, psicóloga e diretora da Connect Assessoria, prestadora de serviços à Faesp/Senar Juliana Farah. Produtores rurais paulistas questionam o montante destes investimentos, qual a sua fonte de pagamentos e quais os benefícios que trazem ao setor.

 

Também nos engajamos e apoiamos os boicotes aos grupos franceses Danone, Carrefour e Tereos, cujos CEOs se manifestaram, publicamente com o apoio de autoridades francesas, contra o agro brasileiro. Com comentários mentirosos e inconsistentes, os dirigentes destes grupos multinacionais que atuam também no Brasil, tiveram uma resposta rápida e eficaz com as ações de boicotes propostos pelos produtores brasileiros estimulados pelo apoio da Frente Parlamentar da Agropecuária com excelente atuação do seu presidente deputado federal Pedro Lupion (PP-PR) e da senadora e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP-MS).

Agro se impõe na política paulista

 

Ao fazer um balanço do agro paulista em 2024 (Vide relatório completo abaixo), Paulo Junqueira que também é advogado, produtor rural e presidente da Assovale – Associação Rural do Vale do Rio Pardo, lista ações positivas que contrastam com a inação da Faesp/Senar. “Impedimos via Tribunal da Justiça do Trabalho da 2ª Região a “posse” de Tirso Meirelles anunciada no último dia 14 de abril no Theatro Municipal de São Paulo. A proibição do acesso dos dirigentes de sindicatos rurais da oposição no encontro promovido no Royal Palm Plaza Resort Campinas e a fuga em desabalada carreira de Tirso Meirelles do local com a chegada da polícia, formam destaques neste ano”.

Governador do Estado de São Paulo Tarcísio de Freitas, líder dos produtores rurais paulistas Paulo Junqueira, presidente Jair Bolsonaro e Governador do Estado de Goiás Ronaldo Caiado, em evento promovido em Ribeirão Preto (SP)

 

“Organizamos nada menos do que quatro visitas do presidente Jair Messias Bolsonaro à nossa região e ao interior paulista com o objetivo de alavancar votos para os candidatos a prefeitos, vice-prefeitos e vereadores com políticos comprometidos com o agro. Praticamente excluímos o PT e a esquerda do cenário político paulista. Numa destas visitas, reunimos milhares de pessoas em ato público em Ribeirão Preto que se constituiu no maior evento até então realizado no interior do País”, conta Paulo Junqueira.

Vanguarda do atraso: Agrishow antecipou a cerimônia de abertura sem público e que não contou com a presença do governador Tarcísio de Freitas. Na foto, ex-ministro e ex-secretário do Ministério da Agricultura Nery Geller, demitido do governo Lula em razão do escândalo de importação de arroz na Conab; ministro do Desenvolvimento Agrário Paulo Teixeira, responsável maior pelo escândalo já que a Conab está sob a sua jurisdição; Tirso Meirelles presidente sub judice da Faesp/Senar; a ex-presidente do Partido Comunista do Brasil e ministra da Ciência e Tecnologia Luciana Santos; o vice-presidente Geraldo Alckmin “Lula está de volta à cena do crime...”; e o ministro da Agricultura Carlos Fávaro (que se “desconvidou” para a cerimônia de abertura da Agrishow 2023”. Foto Divulgação/Agrishow

Bolsonaro em evento público promovido em Ribeirão Preto. Foto Reprodução - Divulgação

 

Ele se refere ao ato realizado na manhã do último dia 28 de abril num dos pontos estratégicos de Ribeirão Preto, a confluência das avenidas Presidente Vargas e Prof. João Fiuza. A data coincidiu com a cerimônia oficial de abertura da Agrishow 2024. O governador Tarcísio de Freitas deixou de comparecer à abertura do evento para participar, ao lado do governador do Estado de Goiás Ronaldo Caiado, de senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores do ato público e de milhares de apoiadores com o presidente Bolsonaro.

Foto Getty Images 

Outro movimento que mobilizou Paulo Junqueira, foi quando o interior paulista ardeu em chamas no período de 23 a 25 de agosto, resultado da pior seca já registrada na história nesta região. “De pronto denunciamos que os incêndios eram criminosos com digitais do Movimento dos Sem Terra (MST) e do Primeiro Comando da Capital (PCC). Lula, sua ministra do Meio Ambiente Marina Silva e até mesmo a coordenadora do Instituto de Pesquisas (Inpe) Luciana Gatti, em estranha e irresponsável sintonia, tentaram atribuir aos produtores rurais suas nefastas declarações públicas, que repelimos prontamente”.

 

Embate jurídico se mantém em 2025

 

Com base nos bons resultados de 2024, Paulo Junqueira vê com otimismo a chegada de 2025: “As condições climáticas são animadoras, os preços das commodities continuam atrativos enquanto que a economia vai de mal a pior com o descontrole de gastos e as narrativas falaciosas do presidente Lula e de seus ministros. O embate jurídico contra as irregularidades e desmandos na Faesp/Senar serão ampliadas e novos fatos e novas esferas judiciais poderão ser acionados criando o pior dos cenários esperados. Têm muita água ruim para passar por baixo da ponte ainda”, alerta.

 

“Concordo e compartilho o conteúdo de recente apresentação da produtora Helen Jacintho no “Stream”, um evento da WPP, a

maior empresa de publicidade global no qual ela afirma que temos em mãos uma significativa oportunidade de reposicionar o

agronegócio como um exemplo de sustentabilidade, mostrando para o mundo a realidade dentro das porteiras, das práticas modernas, ao compromisso com o meio ambiente, atualizando desta maneira o discurso sobre a produção agrícola no Brasil e destacando nosso país como um líder mundial em agropecuária sustentável”.

 

Em sua apresentação Helen Jacintho também mostrou que “o Brasil saiu de importador de alimentos básicos na década de 1970 para um dos maiores exportadores mundiais. Que nossa produção de grãos saltou de 30 milhões de toneladas na década de 1970 para 317 milhões de toneladas em 2024. Um aumento de 950%, produzido em 9% do território nacional. Como o Brasil liderou a produtividade agropecuária entre 187 países, segundo o USDA, a produtividade cresceu 4,2%, enquanto o aumento de área foi de 1,6% nos últimos 30 anos. Demonstrando a eficiência do setor”.

 

E que “no pilar econômico, o PIB da agropecuária acumula evolução de 39% nos últimos dez anos, enquanto o PIB geral subiu 5,5% nesse período. Saindo de 25 bilhões para 160 bilhões de dólares vendidos ao mundo, trazendo renda, dignidade e oportunidades. O IDH nas cidades onde o agro se instala é mais elevado do que nos estados onde elas se localizam, o que reforça a contribuição do setor para a melhoria das condições sociais e econômicas do país”.

 

Ela acrescenta que “na área ambiental, 33% de toda a área preservada no Brasil se encontra dentro de propriedades rurais. Os produtores seguem o Código Florestal que exige preservação de 80% de sua propriedade em áreas de florestas, 35% no Cerrado e 20% nas demais regiões. Em média, o produtor rural brasileiro usa 50% de sua área e preserva os outros 50%. Produtores preservam 219 milhões de hectares, equivalente a R$ 3,1 trilhões, segundo a Embrapa. O Brasil é líder mundial no uso de bioinsumos. O Brasil possui o maior programa de Agropecuária de Baixo Carbono do mundo”.

 

E conclui que “esses esforços sustentáveis fazem parte de uma nova face do agronegócio, que de acordo com Roberto Rodrigues é a ferramenta para combater os quatro modernos “Cavaleiros do Apocalipse”: segurança alimentar, segurança energética, desigualdade social e mudanças climáticas. O Brasil é um dos poucos países que têm a possibilidade de aumentar a produção de forma sustentável, sem a expansão de novas áreas (Da Redação, 16/11/24)