Agronegócio forte atrai o crédito privado – Editorial O Estado de S.Paulo
Historicamente, as operações de crédito agrícola eram quase exclusivas das instituições estatais.
A persistência de bons indicadores na agropecuária, como os do aumento previsto do valor bruto da produção deste ano para R$ 606,2 bilhões, 1,7% mais do que em 2018, como estima o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), amplia o interesse dos agentes econômicos pelo setor. É o que evidencia a disposição dos bancos privados de aumentar seu peso na oferta de crédito agrícola, como mostrou reportagem publicada no Estado de domingo.
Historicamente, as operações de crédito agrícola eram quase exclusivas das instituições estatais, como Banco do Brasil (BB) e Banco do Nordeste do Brasil (BNB). A predominância desses bancos persiste, mas, nos últimos quatro anos, os bancos privados ampliaram seu peso no crédito agrícola de 24% para 30% de um total de R$ 306 bilhões estimados para a safra de 2019/2020.
O setor agropecuário é o mais dinâmico da economia brasileira. A safra de grãos deverá mostrar novo recorde histórico. Os empresários agrícolas se fortaleceram nos últimos anos e são candidatos naturais a financiamentos, pois oferecem boas garantias e baixo risco de inadimplência.
Além desses fatores atrativos para os bancos, o ambiente macroeconômico melhorou. Juros básicos no menor nível histórico permitem competição no crédito agrícola, mesmo que este tenha taxas máximas limitadas. “O mercado caminha para um crédito privado tão ou mais competitivo do que o financiamento obrigatório definido pelo governo federal”, afirma o diretor da área de agronegócios do Banco Santander, Carlos Aguiar Neto.
Para ocupar espaço, os Bancos Bradesco, Itaú e Santander passaram a adotar uma abordagem agressiva no crédito rural. Criam agências especializadas no setor e contratam especialistas no agronegócio, como engenheiros, além de especialistas em commodities, com capacidade para negociar com os produtores rurais.
Afinal, restrições orçamentárias provocam redução das verbas públicas para o setor, favorecendo o aumento da participação privada. Já se prevê que, até 2022, os bancos privados possam elevar sua participação no crédito rural para cerca de 50%.
Este é um exemplo concreto da atratividade do setor primário para investidores e bancos. O crédito ajudará o setor a aproveitar ao máximo a oportunidade de ganhar peso na oferta global de commodities (O Estado de S.Paulo, 25/10/19)