31/03/2021

Agropecuários acumulam alta de 51% em 12 meses no atacado

Agropecuários acumulam alta de 51% em 12 meses no atacado

Pesquisa da FGV mostra que Índice de Preço por Atacado do IGP-M subiu 5,4% só no primeiro trimestre.

Os preços dos produtos agrícolas continuam elevados e espalham pressão de alta para todos os demais setores da economia.

Nos últimos 12 meses, as matérias-primas básicas da agropecuária tiveram alta acumulada de 51,18% no atacado, conforme dados do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) da FGV.

Esse índice serve de base para reajustes de preços de diversos setores, que, mesmo não tendo relação com a agropecuária, acabam sofrendo seu efeito.

 

A alta do índice reflete os preços recordes ocorridos no campo, em 2020, e a continuidade deles em 2021. A taxa deste ano do IPA (Índice de Preços por Atacado) do IGP-M poderá não repetir o mesmo patamar de 2020, quando, em novembro, chegou a acumular 62% de aumento em 12 meses. Qualquer alta, no entanto, ocorrerá sobre uma base elevada.

Os produtos agropecuários já subiram 5,37% no primeiro trimestre, acima dos 4,15% de igual período de 2020.

As pressões vêm principalmente de soja, milho e carnes. O milho, que subiu 94% no ano passado no atacado, já acumula elevação de 11% nos três primeiros meses deste ano. A soja, que acumulou 86% em 2020, atingiu 6,44% no período.

Os preços no campo não dão sinais de retração. A soja, mesmo com previsão recorde de produção de 135 milhões de toneladas, mantém alta em plena safra. Boa parte da leguminosa já foi comercializada no ano passado.

O milho, cuja previsão recorde de produção é de 108 milhões de toneladas, tem demanda intensa tanto interna como externamente.

 

Os produtores, que colocavam como meta, mesmo não acreditando muito, vender milho a R$ 100 por saca; soja a R$ 200, e a arroba de boi a R$ 300, não erraram por muito.

A arroba, inclusive, já ultrapassou esse valor, e foi negociada, nesta terça-feira (30), a R$ 315. A soja está em R$ 172, em Paranaguá, e o milho, a R$ 94 na região de Campinas, segundo o Cepea.

A permanência dos preços dos grãos em patamar elevado aumenta os custos da produção das carnes e coloca as proteínas ainda mais perto do mercado externo, uma vez que, internamente, a renda está restrita.

No ano passado, as maiores pressões nos preços ocorreram no segundo semestre. De setembro a novembro, a soja subiu 47% no atacado; o milho, 55%, conforme os dados do IPA da FGV.

Os números do IGP-M começam a apresentar, no entanto, um dado preocupante para o produtor. O fertilizante, que havia subido 15,8% em fevereiro, aumentou 14,3% em março no atacado (Folha de S.Paulo, 31/3/21)