Agropecuários têm primeira queda no atacado no ano
Preços recuaram 0,9% no mês, mas acumulado em 12 meses ainda é de 53%, segundo IGP-M.
Os produtos agropecuários tiveram a primeira variação mensal negativa neste ano no atacado. Após uma estabilidade de preços em janeiro, a pressão foi intensa nos meses seguintes.
Neste mês, conforme dados divulgados nesta terça-feira (29) pela FGV, o IGP-M registrou retração de 0,9% no atacado agropecuário. Esse recuo ocorre porque soja, milho, farelo de soja e suínos tiveram redução de preços.
Entre as quedas mais expressivas esteve a de suínos que, após ter subido 14,9% em maio, caiu 13,5% neste mês.
A soja e o farelo, que vinham tendo intensa participação na composição da taxa dos preços no atacado, perderam força neste mês.
A pesquisa da FGV indicou uma queda de 4,71% no preço do grão e de 4,6% no do farelo.
O milho também esteve em queda. Após preços recordes na segunda quinzena de maio, quando atingiu R$ 103 por saca, o cereal perdeu força e é negociado por R$ 87 em São Paulo.
A retração nos preços do farelo de soja e do milho é importante para aliviar a pressão dos custos da produção das proteínas.
Apesar da queda de junho dos produtos agropecuários, ainda há muita pressão do atacado para ser incorporada pelas indústrias.
Nos últimos 12 meses, a evolução acumulada dos agropecuários foi de 53%, um patamar que vem sendo mantido há vários meses.
A variação acumulada no primeiro semestre deste ano, no entanto, é de 11,74%, o que indica uma possível redução da taxa anual.
A pressão dos agrícolas no atacado está sendo demorada porque ela vem de várias frentes. Quando o preço de um produto perde força, o de outro ganha.
Soja, milho, cana-de-açúcar, leite, café, e as carnes bovina, suína e de frango vêm encabeçando essa lista.
RECEITA NO CAMPO CRESCE 109% EM DOIS ANOS
Após ter subido 37% no ano passado, as receitas dos produtores agrícolas deverão ter evolução de 53% neste. É o que projeta a MacroSector Consultores.
Após ter atingido R$ 376,5 bilhões em 2019, poderão somar R$ 787,9 bilhões em 2021. Se a estimativa da consultoria se concretizar, os produtores terão uma evolução de 109% em suas receitas nos últimos dois anos.
Soja e milho são os destaques. Os sojicultores vão embolsar R$ 385 bilhões. Em 2019 foram R$ 144 bilhões. Já os produtores de milho terão receitas de R$ 142 bilhões, também bem acima dos R$ 59 bilhões de 2019.
Os consultores da MacroSector destacam também a boa participação da cana-de-açúcar. O setor sai de R$ 48 bilhões, em 2019, para R$ 71 bilhões neste ano.
O setor de café, embalado pelos bons preços deste primeiro semestre, deverá render R$ 26 bilhões, conforme estimativas da consultoria (Folha de S.Paulo, 30/6/21)