13/01/2025

Ainda sobre a COP-30: três questões fundamentais – Por Roberto Rodrigues

Ainda sobre a COP-30: três questões fundamentais – Por Roberto Rodrigues

Stand do Brasil na COP29, anunciando o evento de 2025: escolha de Belém para sediar a COP30 destaca os interesses políticos e econômicos em jogo na região, também  expõe a desigualdade social e os problemas ambientais históricos e cada vez mais urgentes na cidade em particular, e na Amazônia como um todo (Da Redação). Foto Reprodução Blog The Conversation - AP Photo - Sergei Grits

 

 

Por incrível que pareça, o governo federal ainda não definiu a liderança oficial do evento

 

Estamos a pouco mais de dez meses da COP-30, evento mundial espetacular que discutirá temas da maior importância para o futuro do planeta, de sistemas de produção, transição energética, mercado de carbono, mudanças climáticas e financiamento para a sustentabilidade, entre outros.

 

Portanto, não será uma COP da floresta ou da Amazônia, embora seja realizada em Belém do Pará. Será, na verdade, uma grande oportunidade para o Brasil mostrar ao mundo suas conquistas em vários daqueles temas, com ênfase para nossa matriz energética renovável e a sustentabilidade de nossa produção agropecuária lastreada em tecnologias inovadoras.

Belém vai sediar a COP-30 em novembro. Foto Tiago Queiroz - Estadão

 

Centenas de pessoas estão discutindo isso em todo o País, mas há 3 questões que preocupam a todo mundo. São elas:

 

1- Como estará a infraestrutura de Belém para receber autoridades governamentais de dezenas de países, representantes de academias, de ONGs, de instituições públicas e privadas interessadas nas discussões e decisões a serem feitas? Haverá acomodação para todos? Transporte, alimentação, conforto, assistência médica etc.? O governador do Estado está trabalhando duro nesse ponto, que é fundamental para a imagem do País;

 

2- Por incrível que pareça, o governo federal ainda não definiu a liderança oficial do evento! E isso é fundamental para que haja unidade e competência nesse comando. Precisamos de um líder que conheça os temas que serão debatidos e tenha capacidade de encontrar o senso comum, sem ceder a pressões ideológicas ou a radicalismos de qualquer natureza, sem trocadilho. O agro torce pela escolha do embaixador André Correia do Lago, profundo conhecedor de toda a temática. E espera que o ministro Carlos Fávaro seja ouvido com respeito;

 

3- Mas a questão principal é a agenda. Aqui está o grande risco de perdermos uma chance especial de mostrar o que temos de excelência, sobretudo nas cadeias produtivas do agro e da energia renovável. Para apresentar propostas que realmente interessem a toda a humanidade – como segurança alimentar sustentável, transição energética para a renovabilidade e redução das desigualdades sociais –, é absolutamente imprescindível que as instituições representativas de todos os setores econômicos e sociais se articulem para que a agenda seja única e construtiva, não admitindo diferenças ou conflitos de nenhum tipo, ou brasileiros falando mal do Brasil. Daí a importância da boa coordenação.

 

O agro, em especial, precisa se organizar nessa agenda única, sob a batuta do ministro da Agricultura. É proibido perder essa oportunidade! (Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e professor emérito da Fundação Getúlio Vargas; Estadão, 12/1/25)