Algodão: Análise Conjuntural Agromensal Novembro/2020 Cepea/Esalq/USP
Os preços de algodão registraram dois momentos distintos em novembro. Na primeira quinzena do mês, os valores caíram pouco mais de 6%, pressionados pela retração de compradores e por variações negativas nas cotações externas. Já na segunda quinzena, os valores subiram 5%, praticamente recuperando as perdas observadas na primeira metade do mês, tendo como suporte a ligeira alta nos preços externos e na paridade de exportação. Além disso, vendedores limitaram a oferta no spot nacional, atentos ao cumprimento de contratos a termo.
No balanço, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, recuou 1,32% em novembro, fechando a R$ 4,0023/lp no dia 30. Já a média mensal, de R$ 3,9032/lp, é a segunda maior da série, em termos nominais, abaixo apenas da de março/11 (R$ 3,9756/lp). A média de novembro/20 ficou 7% acima da de outubro/20 e 51,8% superior à de novembro/19, em termos nominais. Ao se considerar a inflação (IGP-DI, base em out/20), o preço médio de novembro/20 é o maior em 26 meses.
Aqui ressalta-se que, entre setembro/18 e outubro/20, o índice de inflação acumula alta de 26,44%, e de março/11 para out/20, de 96,5%. SAFRA 2019/20 – Até o dia 26 de novembro, o beneficiamento da safra 2019/20 chegava a 89%, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Em Mato Grosso, o beneficiamento representou 88% da produção, e na Bahia, 95%.
SAFRA 2020/21
Produtores do Cerrado brasileiro começaram a voltar as atenções ao cultivo da nova safra. O atraso inicial do semeio de soja preocupou produtores, mas a rentabilidade atrativa observada ao longo dos últimos meses deve resultar em redução menos expressiva da área dedicada ao algodão em relação ao esperado até então. Por enquanto, vendedores não mostraram muito interesse em novos contratos a termo, mas parte das indústrias quer fechar negócios para recebimento do algodão no primeiro trimestre de 2021.
A recente recuperação da economia tem motivado agentes do setor, mas as altas de custos de produção e as incertezas sobre a dinâmica econômica do País no próximo ano acabam sendo desafios para os planejamentos.
EXPORTAÇÕES
As exportações de algodão em pluma atingiram novo recorde em novembro. Segundo a Secex, o Brasil embarcou 333,3 mil toneladas de pluma, superando as 308,8 mil toneladas de janeiro deste ano. Além disso, o volume total ficou 38,1% maior que o de outubro/20 e 30% superior ao de um ano atrás. Como comparação, de abril a julho deste ano, os embarques somaram 294,2 mil toneladas, e de agosto a outubro, 508,4 mil toneladas de pluma. O preço médio da exportação esteve em US$ 0,6806/lp, que, ao câmbio médio de R$ 5,4225, resulta em R$ 3,6906/lp. O valor da pluma exportada, inclusive, esteve acima da média da paridade calculada em novembro.
MERCADO INTERNACIONAL
Em novembro, o dólar recuou 6,9% frente ao Real, indo para R$ 5,353 no dia 30, mas no acumulado do ano, verifica-se forte alta de 33,3%. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) segue acompanhando o movimento do câmbio, fechando, no dia 30 de novembro, a R$ 3,6673/lp (US$ 0,6851/lp) no porto de Santos (SP) e a R$ 3,6779/lp (US$ 0,6871/lp) no porto de Paranaguá (PR) – entre 30 de outubro e 30 de novembro, a queda foi de 4,7%, enquanto no ano, observa-se avanço de 36,1%. O Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente), por sua vez, avançou 2,6% no mês e 1,7% no ano.
No acumulado do mês, os contratos da Bolsa de Nova York (ICE Futures) registram valorizações, influenciados pelos bons volumes exportados, por melhores expectativas quanto aos avanços das vacinas para a covid-19 e pela queda do dólar. O vencimento Dez/20 ficou em US$ 0,7059/lp e o Mar/21, em US$ 0,7215/lp, altas de 2,42% e 3,4%, respectivamente. O contrato Maio/21 foi para US$ 0,7305/lp (+3,5%) e Jul/21, a US$ 0,7375/lp (+3,49%). CAROÇO – O preço médio do caroço de algodão em novembro foi o mais alto da série histórica do Cepea, iniciada em novembro de 2004, em termos nominais.
A disponibilidade do produto foi baixa durante o mês, e os preços pedidos por vendedores continuaram subindo. Mesmo com a menor demanda frente aos meses anteriores, alguns fechamentos para entrega imediata foram observados, mas o foco foi a entrega de contratos fechados anteriormente. Em novembro, a região de Lucas do Rio Verde (MT) acumulou o quarto mês de alta, a R$ 1.172,51/t na média, aumentos de 14,6% frente ao de outubro/20 e de 241,3% no comparativo com novembro/19.
Com cinco meses seguidos de altas no preço médio mensal estão Primavera do Leste (MT), com R$ 1.250,17/t, avanços de 20,3% em novembro/20 e de 198% frente ao de novembro/19, e Campo Novo do Parecis (MT), com R$ 1.196,61/t, aumentos de 17,2% no mês e de 225% no ano. Quanto à região de Barreiras (BA), este foi o sexto aumento mensal consecutivo, ficando em R$ 1.248,17/t em novembro, com respectivos avanços de 22,7% e de 134,9%. A região de Rondonópolis (MT), por sua vez, já acumula o nono mês consecutivo de elevação, com a média a R$ 1.104,94/t em novembro (altas de 13,4% no mês e de 166% no ano) (Assessoria de Comunicação, 4/12/20)