Alimentos têm maiores preços desde 1975, segundo FAO
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Índice de acompanhamento do setor registra alta de 27% nos últimos 12 meses.
Os preços mundiais dos alimentos voltaram a subir no mês passado, superando em 1,2% o patamar médio de outubro. Com isso, a alta acumulada em 12 meses é de 27,3%.
Os dados são do Índice de Preços de Alimentos da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura).
As seguidas elevações fazem o ano de 2021 registrar os maiores preços dos alimentos, em termos reais, desde 1975, tomando-se como base esse indicador da FAO.
Dois itens têm boa parte de responsabilidade em 2021: óleos vegetais e açúcar. No primeiro caso, a alta acumulada em 12 meses é de 51,4%. Demanda mundial maior e oferta menor na América do Sul e na Ásia impulsionaram os preços.
Já o açúcar, devido à quebra de safra no Brasil e ao déficit mundial, ficou 38% mais caro nos últimos 12 meses. A FAO registrou, ainda, um aumento acumulado de 23% nos cereais, de 18% nas carnes e de 19% no setor de laticínios.
Esses aumentos aos consumidores são reflexos dos preços no campo. Segundo o Amis (Agricultural Market Information System), a evolução média mundial das principais commodities (trigo, arroz, milho e soja) é de 16,2% nos últimos 12 meses. O destaque é o trigo, que ficou 43% mais caro no período.
Complicações na safra de milho no Brasil e em outros países produtores dessa commodity forçaram uma alta mundial de 16,1% no cereal neste período. Já a soja teve evolução de 4,5%, e o arroz caiu 11%.
Os preços no campo no Brasil seguem o ritmo internacional, com intensos aumentos, à exceção do arroz, que está em queda.
No final de novembro, a liderança acumulada nos preços internos ficava com o açúcar, 42% mais caro do que há um ano. O trigo subiu 21%, e o milho, 10%.
O preço do boi, que vinha registrando uma das principais altas no ano, perdeu força após a interrupção de compra de carne bovina pelos chineses, a partir de setembro.
Mesmo sem a China no mercado do Brasil, porém, os preços da arroba voltaram a subir e superam R$ 320, devido à redução na oferta de animais para abate. Nos últimos 12 meses, a evolução acumulada dos preços é de 18%.
Preços externos e internos elevados refletem na inflação dos consumidores nacionais. Nesta quinta-feira (2), a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) divulgou que a taxa acumulada dos alimentos é de 11% em 12 meses.
Essa pressão, no entanto, começa a diminuir. Os preços de alguns alimentos pararam de subir, embora ainda estejam em patamares elevados. Em novembro, os alimentos recuaram 0,15%, primeira queda mensal desde fevereiro (Folha de S.Paulo, 3/12/21)