Alta na venda de carros novos não é acompanhada pela de veículos usados
Financiamento de automóveis zero subiu 14% até novembro, enquanto de seminovos ficou estável.
O financiamento de carros novos teve um crescimento de quase 14% neste ano, enquanto o de usados está praticamente igual ao de 2017 —houve uma variação positiva de 0,24%.
Os dois mercados costumam ter desempenhos paralelos, segundo Elis Siqueira, estatístico da Fenauto (federação dos revendedores de veículos usados).
“Os dois nichos são interligados e funcionam como uma engrenagem quando a economia vai bem —as famílias compram novos e levam os usados para negociar.”
A Fenauto calcula que para cada veículo zero que sai de uma concessionária, 3,5 seminovos são vendidos. Essa relação se desequilibrou com a crise econômica, diz Siqueira.
“A produção de carros caiu de 4 milhões para cerca de 2 milhões durante os anos de recessão. Se essa tendência não fosse revertida, seria fatal para o nosso setor, pois faltariam carros seminovos.”
O risco de a oferta de usados ser tão pequena a ponto de travar as vendas de novos é menor por causa de um tipo específico de cliente: as locadoras, segundo Ricardo Bacellar, sócio da KPMG.
“Parte significativa dos bons números de carros zero neste ano foi gerada por essas empresas, e geralmente elas repassam os veículos depois de um ano e meio.”
Outro fator que pode diminuir a demanda por usados são serviços de mobilidade, como os aplicativos, que não eram tão fortes como antes da crise econômica, diz (Folha de S.Paulo, 4/12/18)