Análise: Agropecuária cresce e impede queda maior do PIB
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Por Mauro Zafalon
Resultado positivo é puxado por algumas das principais colheitas do país.
No início deste ano havia uma dúvida na agropecuária. Qual seria a atitude da China na compra de produtos alimentícios? Afinal, para evitar uma difusão do coronavírus, o país havia imposto restrições na circulação de pessoas e de mercadorias, afetando a economia.
O impacto da Covid-19 no país asiático foi menor do que o previsto, mas afetou de maneira intensa o restante do mundo. Os chineses acabaram mantendo aquecido o mercado brasileiro de commodities.
Com isso, a agropecuária repete, neste segundo trimestre, a tendência do primeiro. É o único setor a registrar taxa positiva na evolução do PIB (Produto Interno Bruto).
Mesmo com a pandemia, a agropecuária teve uma evolução de 0,4% de abril a junho, em relação aos meses de janeiro a março, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No primeiro semestre, a alta do setor é de 1,6%, enquanto o PIB médio do país caiu 5,9%. Essa tendência da agropecuária deverá continuar, e o setor poderá ser o único a registrar evolução positiva no ano: de 1,5% a 2%.
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O PIB da agropecuária se manteve positivo porque é no segundo trimestre que ocorrem algumas das principais colheitas do país. Além disso, parte do setor de carnes, aquecido pela China, também manteve bom desempenho.
A soja, o carro-chefe das lavouras, obteve recorde de produção, somando 125 milhões de toneladas nesta safra, conforme dados revisados pela Conab (Companhia Nacional do Abastecimento). O IBGE traz números menores.
Apenas no segundo trimestre, o país mandou 42 milhões de toneladas da oleaginosa para o exterior. A China ficou com 30 milhões.
Outra importante cultura, o café, terá uma produção 18% superior à de 2019, segundo o IBGE. Temia-se um efeito negativo da Covid-19 sobre a colheita, devido ao emprego intenso de mão de obra, mas não ocorreu.
O arroz também teve participação favorável na taxa do PIB. Há três anos em queda, o setor se recuperou em 2020, e a produção subiu para 11 milhões de toneladas, 7,3% maior do que a de 2019.
O setor de cana-de-açúcar é outro ponto positivo. No segundo trimestre, a moagem foi 5% superior à de igual período de 2019. O clima favorável, porém, ajudou na maturação da matéria-prima. O resultado foi um aumento de produtividade e uma oferta 11% maior de subprodutos advindos da cana.
O milho, o segundo maior volume de grãos no país, não teve grandes efeitos sobre o PIB. A produção deste ano deverá repetir os 100 milhões de toneladas do ano passado.
O feijão, contudo, terá um recuo de 4% na safra, sendo um ponto negativo na formação do PIB do setor, segundo o IBGE.
Na pecuária, o destaque fica para a suinocultura, que teve alta de 6% nos abates de abril a junho deste ano, em relação a igual período do ano passado. Os setores de bovinos e de frango apresentaram quedas de 9,7% e 1,6%, respectivamente.
Com a alta no segundo trimestre, a agropecuária adicionou R$ 125 bilhões ao PIB. É o valor que a atividade agrega aos bens e serviços consumidos no seu processo produtivo, segundo o IBGE.
A agropecuária voltará a ser favorável na composição do PIB do terceiro trimestre, quando ocorrem colheitas importantes, como as de laranja, algodão, milho safrinha e continuidades das de café e de cana-de-açúcar (Folha de S.Paulo, 2/9/20)