29/11/2018

As expectativas de economistas sobre o futuro governo 1 mês após a eleição

As expectativas de economistas sobre o futuro governo 1 mês após a eleição

G1 ouviu 6 analistas sobre a capacidade do governo Bolsonaro para promover a retomada do crescimento, aprovação de reformas, reequilíbrio das contas públicas e geração de empregos.

eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência da República completou um mês nesta quarta-feira (28) e, em meio às articulações políticas do presidente eleito e os anúncios dos nomes que irão compor seu governo, economistas buscam sinais de como será a condução de temas que consideram importantes para a retomada do crescimento.

G1 ouviu 6 economistas sobre suas expectativas sobre a capacidade do governo de promover o crescimento da economia, conseguir aprovação de reformas, reequilibrar as contas públicas e gerar mais empregos.

Veja abaixo as opiniões dos especialistas:

 

Participaram do levantamento Alessandra Ribeiro (Tendências Consultoria), Alex Agostini (Austin Rating), André Perfeito (Spinelli), José Francisco de Lima Gonçalves (Banco Fator), Luís Paulo Rosenberg (Rosenberg Associados) e Marcel Caparoz (RC Consultores).

Além de responder "sim" ou "não" às perguntas, os economistas também fizeram análises sobre as questões levantadas. Veja abaixo:

Crescimento da economia

5 dos 6 economistas entrevistados responderam que o novo governo conseguirá promover o crescimento da economia. Entre os que têm expectativa positiva, no entanto, as reformas econômicas (especialmente a da Previdência), são citadas com frequência como condição básica para que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) se concretize.

“O nosso cenário base é de que tem, sim, uma reação no crescimento do ano que vem, mas a hipótese central para isso se realizar é a aprovação da reforma da Previdência no ano que vem”, comenta Ribeiro.

Caparoz aponta que o crescimento se dará pela via da retomada da confiança após a aprovação das reformas. “A expectativa é que a nova equipe econômica do governo Bolsonaro implemente reformas estruturais fundamentais para o reequilíbrio das contas públicas, contribuindo para elevar a confianças dos empresários e consumidores no Brasil. Este movimento irá destravar investimentos que ficaram paralisados no passado e irá incentivar a retomada do consumo.”

“O mercado e empresários estão bastante entusiasmados e componente dos investimentos deve subir”, resume Perfeito.

Já Gonçalves ressalta o “cenário muito incerto” para a economia, e analisa que os anúncios já feitos por Bolsonaro no primeiro mês após a eleição ainda deixam dúvidas. “Algumas (indicações para o governo) são bastante adequadas, são pessoas cujo perfil é bastante adequado ao do futuro ministro da economia (Paulo Guedes), e isso é importante porque dá sinal de uma coisa homogênea. O que não quer dizer que eles tenham apresentado alguma coisa esclarecedora”, comenta. “Eu vejo dias difíceis.”

Reformas econômicas

Entre os 6 economistas entrevistados, 2 não acreditam que o novo governo será capaz de aprovar reformas econômicas. Os outros 4 acreditam que elas serão aprovadas, mas há analistas que acreditem que o governo conseguirá passar versões “fatiadas” de reformas como a da Previdência. Gonçalves acredita que “o mercado vai aceitar ‘qualquer coisa’ que haja sinal de avanço”.

A facilidade do Governo Federal em conseguir votos do Congresso para aprovar as medidas também gera incerteza.

Agostini prevê que o “alto de alto índice de renovação” do Congresso após as eleições dá ao governo “maior força para aprovação, ainda que não seja na forma integral de cada proposta”. Já Perfeito acredita que “o governo de Jair Bolsonaro deve enfrentar dificuldades com o Congresso, mesmo tendo a maior partido da Câmara”.

Caparoz afirma que “a urgência pelo reequilíbrio das contas públicas é consenso na sociedade brasileira, o que deve colaborar para a aprovação” de reformas. Rosenberg diz: “Eu nunca vi um presidente eleito com mais de 50% dos votos ser ‘gongado’ pelo Congresso.”

Reequilíbrio das contas públicas

plano de governo apresentado pela campanha de Bolsonaro durante as eleições prevê um superávit primário já em 2020 – compromisso reafirmado por Paulo Guedes também durante a campanha.

Perguntados sobre a capacidade do novo governo em reequilibrar as contas, 2 economistas não preveem que o déficit seja revertido nos próximos anos. Os outros 4 acreditam em equilíbrio, mas divergem sobre o prazo possível para isso acontecer.

“O futuro ministro da economia fala em zerar o déficit em um ano, mas a gente acha isso bem pouco provável”, afirma Ribeiro. Perfeito projeta “resultado fiscal positivo apenas em 2022”.

Agostini aponta que a recuperação da confiança deve acelerar o “processo de concessões e privatizações das empresas estatais federais”, o que teria impacto positivo sobre as contas públicas.

Gonçalves destaca que há muitos fatores incertos sobre a possibilidade de controle das contas, como a possibilidade de crescimento da economia e o consequente aumento da arrecadação pelo governo, a manutenção do teto de gastos e a aprovação da reforma da Previdência. “Veja quantos ‘ses’”, resume.

Geração de empregos

Dos 6 entrevistados, 5 responderam que o novo governo conseguirá gerar mais empregos.

Caparoz condiciona a melhora do mercado de trabalho à “continuidade das políticas públicas e econômicas”. “Reduzir esse número de desempregados exigirá uma elevada dose de confiança por parte do empresariado brasileiro em relação ao futuro.” Agostini também relaciona a possibilidade de criação de empregos à concretização da “expectativa de transformar confiança em investimento”.

O Brasil voltou a criar postos de trabalho, mas isso ocorre enquanto a informalidade segue puxando a lenta recuperação do índice de ocupação dos trabalhadores. Ribeiro diz que a tendência é que o trabalho com carteira assinada passe a se recuperar com mais força. “Ainda o trabalho informal deve continuar importante, mas ano que vem a gente deve ser uma contribuição um pouco mais expressiva do trabalho formal”, prevê (G1, 28/11/18)