Atraso no plantio de trigo no Paraná preocupa
Legenda: Cultivo de trigo no Rio Grande do Sul - Fernando Dias - 15.abr.2019/Seapa
Germinação está desigual para quem semeou e falta de chuva impede semeadura restante.
O plantio de trigo está atrasado, o que já ocorreu em outros anos. Neste, porém, a situação é bastante preocupante, uma vez que o clima está seco e as perspectivas de chuva são baixas.
A avaliação é de Hugo Godinho, analista de trigo do Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria de Agricultura do Paraná. “A preocupação é grande porque, a curto prazo, não há perspectiva de chuva”, afirma ele.
O Paraná é o principal produtor do cereal no país, e o estado tem potencial para produzir 3,8 milhões de toneladas nesta safra que ainda está sendo semeada.
A demora no plantio do trigo se deve, além do clima seco, ao atraso na semeadura da soja e do milho no ano passado.
O atraso no plantio de soja, e a consequente perda do período ideal para a semeadura do milho, levou muitos produtores a optaram pelo trigo.
Para evitar chuva no período final da cultura de trigo, ou até mesmo para antecipar a colheita e deixar a terra livre para o plantio da soja, muitos agricultores fizeram o plantio do cereal mesmo com o terreno seco.
O produtor que já fez o plantio está obtendo, porém, uma germinação bastante desigual. Por ora, não dá para prever uma quebra de produtividade, mas o produto poderá perder qualidade, segundo o analista.
Assim como ocorre nas outras culturas, o preço do trigo é atraente para o produtor. A tonelada é negociada a R$ 1.660 no Paraná, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). O valor supera em 34% o de há um ano e em 93% o de há dois.
A produção nacional de trigo deverá ser de 6,4 milhões de toneladas neste ano, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). O consumo interno anual é de 11,8 milhões de toneladas, o que obriga o país a importar um volume superior a 6 milhões de toneladas.
A Argentina, principal exportadora para o Brasil, terá 10,5 milhões de toneladas do cereal para colocar no comércio internacional. Rússia, com 40 milhões, e Estados Unidos e União Europeia, ambos com 27 milhões, lideram as exportações mundiais.
O Brasil, um dos principais importadores do mundo, deverá ser superado pela China. As importações do país asiático, que somaram 3 milhões de toneladas em 2018/19, atingirão 10,5 milhões em 2020/21, segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) (Folha de S.Paulo, 12/5/21)