Bancada ruralista quer murchar Ibama por dentro
A polêmica em torno da demissão antecipada da presidente do Ibama, Suely Araújo, é apenas a ponta mais visível do jogo de tensões que cerca a autarquia neste início de gestão Bolsonaro. A bancada ruralista, mais precisamente Luiz Antonio Nabhan, novo secretário especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, está levando ao governo a bandeira de esvaziamento gradativo do Instituto.
O enfraquecimento do órgão se daria em consequência de três propostas defendidas pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), de onde saiu a própria ministra Tereza Cristina: licenciamento automático, sem necessidade de análise prévia, desregulamentação ambiental e um programa batizado de “Ibama Digital”, que prevê a informatização de todos os processos da autarquia. Este último abriria espaço para uma considerável redução do quadro de funcionários do Instituto.
Ressalte-se que não há nada decidido pelo lado do Palácio do Planalto, apesar da pressão de Nabhan, que joga o pleito na conta da contrapartida pelo apoio da bancada ruralista à aprovação da reforma da Previdência. O Secretário traz a reboque o peso da União Democrática Ruralista (UDR), da qual é presidente. A carga é forte.
Assim que a nova Legislatura for iniciada, integrantes da Frente da Agricultura deverão intensificar os ataques ao Ibama, inclusive revezando-se na tribuna do Congresso. Não por acaso, há uma forte preocupação dos ambientalistas e entre o corpo técnico da autarquia, potencializada pela indicação de Eduardo Fortunato Bim para presidência do Instituto.
Não obstante ter atuado na Procuradoria da AGU no Ibama, Fortunato é visto como um forasteiro, que teria a missão de esvaziar a autarquia por dentro (Relatório Reservado, 8/1/19)