09/02/2018

Bancos podem renegociar dívida da JBS por três anos

Bancos podem renegociar dívida da JBS por três anos

 

A JBS está de volta à mesa de negociação com bancos credores brasileiros. Em pauta está um acordo para renovar a dívida de curto prazo da companhia por um período maior, ao redor de três anos, segundo pessoas a par do assunto.

Em julho do ano passado, sob forte pressão depois da delação premiada de seus controladores, a companhia celebrou acordo com os credores para preservar suas linhas de crédito por doze meses, desde que realizasse amortizações periódicas do principal e pagasse os juros.

O prazo vence em julho, e bancos e companhia se anteciparam a ele para tentar fechar um novo acordo que deixe a JBS em situação financeira mais confortável. As conversas mostram uma distensão da relação entre a empresa e o sistema financeiro, num momento em que a companhia se prepara para reportar um dos melhores resultados de sua história, na expectativa de analistas. Embora seus controladores, Wesley e Joesley Batista, permaneçam presos, a JBS tem conseguido se restabelecer operacionalmente.

“A empresa vem cumprindo o acordo da dívida e também deu garantias. A parte da dívida em aberto será renegociada entre as partes”, disse um executivo de banco. A ideia é fechar um acordo em termos semelhantes ao vigente, porém por um prazo maior e com condições mais suaves de amortização. Taxa de juros e percentuais de amortização ainda estão em negociação.

Os principais credores envolvidos são Santander, Bradesco, Caixa e Banco do Brasil. No acordo fechado no ano passado com as mesmas instituições, e que envolvia R$ 20,5 bilhões em dívidas, a companhia se comprometeu a amortizar 10% desse valor no prazo de um ano, sendo 2,5% a cada trimestre. Também se comprometeu a fazer amortizações extraordinárias com 80% dos recursos líquidos obtidos com plano de vendas de ativos. Restam agora cerca de R$ 15 bilhões, que são o objeto da renegociação, disseram fontes.

O Itaú, que em julho de 2017 já exigira uma amortização maior de seu crédito, da ordem de 40%, novamente se mantém fora desse grupo agora, apurou o Valor. Procurado, o banco não quis comentar. JBS, Bradesco, Santander, BB e Caixa também não comentaram. A dívida de curto prazo total da empresa no país, incluindo o crédito do Itaú, estava em R$ 22 bilhões em julho. O último dado disponível é o de setembro.

“A empresa teve uma boa evolução, e o resultado do quarto trimestre deve apontar na direção de desalavancagem e liquidez”, disse um analista de um banco brasileiro. No terceiro trimestre, a JBS já registrou forte redução do índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda em doze meses). No fim de setembro, esse índice era de 3,4 vezes, ante 4,2 vezes em março, o último dado reportado antes da delação dos Batista.

Para esse analista, um novo acordo de dívida, mais favorável, faz sentido, já que o risco agora é menor do que em julho, no auge da crise financeira do grupo, e nem naquele cenário os bancos puxaram a corda do grupo (Assessoria de Comunicação, 8/2/18)