Barbeiragem à francesa: Danone rejeita soja do Brasil, depois nega
Por Sergio Roberto
Fato de maior repercussão no Agro brasileiro essa semana, a declaração da multinacional francesa Danone de que não compraria mais soja brasileira devido a problemas de sustentabilidade gerou forte reação dos produtores rurais e de grande parte da sociedade brasileira.
A polêmica é o tema principal do primeiro bloco da edição deste sábado (02.11) do Momento Agrícola. De autoria do produtor rural, agrônomo e consultor Ricardo Arioli, o Momento Agrícola é um programa veiculado aos sábados pela rede de rádios do Agro e repercutido em forma de notícias e com podcast Soundcloud pelo Enfoque Business, também aos finais de semana.
Ação e reação
A declaração do diretor-financeiro e vice-presidente global da empresa, Juergen Esser (foto ao lado), em entrevista à Reuters foi considerada no país como desastrada e sem base de conhecimento, revoltando produtores rurais e entidades ligadas ao Agro a ponto de haver declarações de boicote aos produtos da marca europeia, tanto do setor produtivo como por consumidores.
Nas redes sociais, já há uma forte campanha sugerindo boicote aos produtos da empresa sediada na França, país que, aliás, promove frequentes ataques com ações restritivas à produção agropecuária brasileira.
A Aprosoja Brasil, por exemplo, citou nesta terça-feira (29) “motivos” para produtores rurais brasileiros boicotarem a Danone após a declaração dos franceses. A entidade classificou a suposta decisão como um “ato discriminatório contra o Brasil e sua soberania” e defendeu que os produtores brasileiros são “os únicos no mundo que preservam o meio ambiente para o Brasil e para a humanidade.
PLANTAÇÃO DE SOJA - IMAGEM FREEPIK
Falta de conhecimento sobre produção sustentável no Brasil levou empresa francesa a cometer gafe.
Ainda antes da Aprosoja, o Ministério da Agricultura se manifestou, afirmando que o Brasil não aceitará “restrições desproporcionais a produtos brasileiros”. As críticas fizeram menção às posturas “intempestivas e descabidas” por parte de empresas europeias. A pasta destacou que o país atinge “altos padrões” de sustentabilidade e mantém “compromisso com comércio justo e ambientalmente responsável”.
Susto e negação
A pressão assustou a Danone, que ficou na defensiva em manifestação oficial ainda na terça-feira (29). Mas o estrago já estava feito.
Antevendo o risco iminente de boicote do setor produtivo brasileiro e em seus produtos no varejo com a forte reação também do governo brasileiro -, a multinacional voltou atrás e, medrosamente, negou ter interrompido a compra de soja do Brasil.
Em nota assinada pelo presidente da Danone Brasil, Tiago Santos, e pelo vice-presidente de Assuntos Jurídicos e Corporativos, Camilo Wittica, a empresa reafirma que a soja brasileira “é um insumo essencial” e continua sendo adquirida em conformidade com regulamentações locais e internacionais (Enfoque Business, 2/11/24)