09/12/2021

Biden determina metas para neutralizar emissões de carbono até 2050

Biden determina metas para neutralizar emissões de carbono até 2050

BIDEN-FOTO Leah Millis Reuters

Legenda: Presidente dos EUA, Joe Biden, discursa sobre pacote social e ambiental na Casa Branca - Leah Millis Reuters

 

Administração deve operar com fontes de energia não-poluentes até 2030 e parar de comprar veículos a gasolina até 2035

presidente dos EUA, Joe Biden, assinou nesta quarta-feira (8) uma série de ordens executivas para tornar o governo federal neutro nas emissões de carbono, em mais um avanço em sua agenda ambiental.

O plano determina dois prazos importantes. Até 2030, o governo deve operar apenas com eletricidade não-poluente e, até 2035, deve parar de comprar veículos movidos a gasolina para adquirir uma frota que não emita gases de efeito estufa. O democrata estabeleceu ainda 2032 para que as emissões dos edifícios do governo caiam pela metade.

Assim, Biden quer transformar os 300 mil edifícios e 600 mil veículos oficiais, além de usar a verba de US$ 650 bilhões para compras de bens e serviços, para atingir a meta do governo federal de neutralizar sua emissão de carbono até 2050.

Desde que tomou posse, em janeiro, o presidente pretendia usar sua gestão como modelo e incentivo para mercados de energia verde. No início do ano, apresentou um pacote sobre o clima com diversas iniciativas, como suspender novas explorações de gás e petróleo em terrenos e águas públicas, rever os contratos vigentes de exploração e neutralizar emissões de carbono até 2050.

Já naquela época, havia prometido usar o poder de compra do governo federal para adquirir uma vasta frota de veículos com zero emissões de carbono. O plano, no entanto, dependia da chancela do Congresso. Algumas das medidas foram incluídas no pacote de infraestrutura, já aprovado, e no social e ambiental, que ainda precisa passar no Senado.

O primeiro, por exemplo, prevê US$ 7,5 bilhões para ampliar a rede de recarga de veículos elétricos e mais US$ 5 bilhões para a compra de ônibus escolares elétricos e híbridos. Já o segundo estabelece US$ 555 bilhões para o combate às mudanças climáticas, como incentivos para fontes de energia menos poluentes e verbas para reflorestamento.

Com as ordens executivas desta quarta, Biden estabelece assim um prazo para a transição prometida, mas o texto traz ainda uma ressalva: a implementação depende da disponibilidade de verbas, um ponto importante, já que veículos elétricos costumam ter um preço mais elevado e gastos a mais quase sempre dependem de aprovação do Congresso.

Para um especialista entrevistado pelo New York Times, se implementadas, as medidas podem dar um impulso importante ao mercado de energia limpa. "É uma estratégia similar à que a China vem adotando com bastante sucesso, alavancando o poder de compra do governo para criar demandas que o mercado possa atender", explicou Joshua Freed, vice-presidente para Clima e Energia da Third Way, um grupo de pesquisa democrata.

"O governo federal, em muitas áreas, é um dos maiores, se não o maior, comprador", acrescentou, ressaltando que o gasto federal em concreto, por exemplo, é de US$ 5 bilhões. Freed disse ainda que determinar padrões para produtos mais sustentáveis, bem como energia limpa e veículos com emissão zero, teria uma grande influência no setor privado (Folha de S.Paulo, 9/12/21)