Boi: Análise Conjuntural Agromensal Cepea/Esalq/USP Dezembro/22
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RETROSPECTIVA DE 2022:
Mesmo diante dos fortes aumentos nos custos de produção ao longo dos últimos anos, o setor pecuário nacional seguiu realizando investimentos no campo, o que resultou em crescimento na oferta de animais para abate em 2022 – confirmados por números do IBGE. As exportações seguiram intensas ao longo do ano, sobretudo à China, com os volumes mensais chegando a superar as 200 mil toneladas em agosto e em setembro, o que já garantiu recorde no envio anual.
A procura doméstica, contudo, ainda esteve bastante aquém do esperado pelo setor. Lembrando que, da carne produzida no Brasil, 75%, em média, são destinadas ao mercado interno. Diante disso, depois de renovarem de forma consecutiva os patamares recordes reais em 2019, 2020 e em 2021, os preços médios do boi gordo caíram em boa parte de 2022.
Considerando-se a série mensal deflacionada (pelo IGP-DI) do Indicador do boi gordo CEPEA/B3 (mercado paulista), a maior média do ano, de R$ 347,32, foi registrada em janeiro. Já a menor média, de R$ 283,35, foi observada em novembro. Ressalta-se, inclusive, que o valor de novembro de 2022 foi o mais baixo desde outubro de 2019, quando esteve em R$ 254,29, em termos reais.
Isso chamou a atenção porque indicou que os valores voltaram aos patamares observados justamente no período em que os preços da arroba iniciaram um intenso movimento de alta, tendo como impulso, naquele momento, a elevação das compras chinesas e a diminuição no volume de animais para abate no Brasil.
Do lado da oferta, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foram abatidas 22,14 milhões de cabeças no Brasil de janeiro a setembro de 2022, aumento de 7,33% frente ao mesmo período de 2021 (ou de 1,5 milhão de cabeças).
O IBGE também apontou crescimento na produtividade média do animal. No terceiro trimestre de 2022, o peso médio do animal no Brasil foi de 272,02 quilos, recorde para o período. Quando considerada a média de janeiro a setembro/22, a pecuária brasileira nunca produziu tanta carne. Foram, em média, 266,65 quilogramas por animal, 0,07% superior ao antigo recorde, de 2021, ainda conforme o IGBE.
Quanto à demanda, no front externo, de janeiro a novembro de 2022, dados da Secex mostram que o Brasil já exportou 1,84 bilhão de toneladas de carne bovina in natura, sendo 28,5% acima da quantidade escoada no mesmo período de 2021 (1,43 bilhão) e também recorde para um ano – nos 12 meses de 2021, o País embarcou 1,561 bilhão de toneladas.
Até então, 2020 sustentava o volume recorde, de 1,725 bilhão de toneladas. Já no interno, a demanda ainda esteve fraca ao longo de todo ano, tendo em vista o fragilizado poder de compra da população nacional, sobretudo em decorrência da elevada inflação. As médias mensais da carcaça casada do boi, comercializada no atacado da Grande São Paulo, atravessaram o ano negociada entre R$ 19/kg e R$ 21/kg.
A maior média, de R$ 21,96/kg, foi registrada em janeiro. Já a menor, de R$ 19,31/kg, em outubro. Quanto à reposição, assim como verificado para a arroba e para a carne, a maior média de 2022 foi registrada em janeiro, quando o animal nelore, de 8 a 12 meses, foi comercializado em Mato Grosso do Sul a R$ 3.003,70/cabeça. A menor média, por sua vez, foi de R$ 2.421,95, em dezembro (Assessoria de Comunicação, 4/1/23)