Boi: Análise Conjuntural Agromensal Junho/22 do CEPEA/ESALQ/USP
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Os preços médios mensais do bezerro estão em movimento de queda desde o começo de 2022. Esse cenário é resultado de maiores investimentos em tecnologias por parte de pecuaristas, do aumento de produtividade e, sobretudo, da redução no abate de matrizes. Neste último caso, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicou, em março deste ano, que o volume de fêmeas (vacas e novilhas) abatidas ao longo de 2021 foi o mais baixo em 18 anos.
Além disso, a chegada do período de desmama reforça a queda nos preços, diante da maior disponibilidade de animais. Em junho, colaboradores do Cepea de algumas regiões relataram dificuldades no repasse de lotes completos de bezerros a preços maiores, seja em leilões ou em vendas diretas entre pecuaristas.
Assim, considerando-se as médias mensais deflacionadas, no acumulado da parcial deste ano (de dezembro/21 a junho/22), o Indicador do bezerro ESALQ/BM&FBovespa (nelore, de 8 a 12 meses, Mato Grosso do Sul) recuou 19%, passando para R$ 2.565,1 em junho/22.
Em junho de 2021, o animal era negociado a R$ 3.328,73, em termos reais. Ou seja, em um ano, a desvalorização do animal é de expressivos 23%. Todos os valores médios mensais foram deflacionados pelo IGP-DI de maio/22.
EXPORTAÇÃO
Com as vendas de carne no mercado brasileiro ainda registrando fraco desempenho e o dólar valorizado frente ao Real, frigoríficos brasileiros que têm acesso ao mercado externo seguem focados neste canal de escoamento. Diante disso, o volume de carne bovina in natura exportado pelo Brasil no primeiro semestre de 2022 e a receita arrecadada pelo setor foram recordes para o período.
Vale lembrar que esse cenário sustenta os valores internos do boi gordo, que seguiram em patamares elevados de janeiro a junho. Segundo dados da Secex, de janeiro a junho, os embarques de carne bovina in natura totalizaram 932,34 mil toneladas, 26,71% acima do volume escoado no mesmo período do ano passado e 19,93% superior ao até então recorde para um primeiro semestre, registrado em 2020.
Em junho, especificamente, o Brasil exportou 152,656 mil toneladas de carne bovina, 0,33% inferior ao de maio/22, mas 8,8% acima do de junho/21 e também um recorde para o mês, ainda conforme dados da Secex. O preço pago pela tonelada exportada segue elevado, a US$ 6.825,1, sendo expressivos 31,74% acima do registrado há um ano.
Ressalta-se que a média da carne brasileira está em movimento de alta no mercado internacional desde o encerramento do ano passado e vem se mantendo acima dos US$ 6 mil desde abril de 2022. Com os embarques em patamares elevados e os preços pagos registrando valores acima de US$ 6 mil a tonelada, a receita com a venda da carne bovina in natura saltou 5,39% de maio para junho, somando US$ 1,041 bilhão no último mês.
Esta foi a terceira vez na história que a receita em dólar fica acima de US$ 1 bilhão em um único mês. De janeiro a junho de 2022, o montante arrecadado atinge US$ 5,624 bilhões, expressivos 60,01% maior que o até então recorde registrado de janeiro a junho de 2021. Em moeda nacional, o dólar valorizado frente ao Real impulsiona a receita recebida por exportadores brasileiros.
Cálculo realizado com base em dados da Secex mostra que o montante arrecadado em junho somou R$ 5,271 bilhões, significativos 44% a mais que em junho de 2021. No primeiro semestre, a receita em moeda nacional soma R$ 28,4 bilhões, forte aumento de 50,5% frente ao mesmo período do ano anterior e também um recorde (Assessoria de Comunicação, 6/7/22)