22/01/2019

Bolsonaro mostrará em Davos que o Brasil é seguro para investimentos

Bolsonaro mostrará em Davos que o Brasil é seguro para investimentos

O presidente Jair Bolsonaro disse em Davos, na Suíça, que pretende mostrar no Fórum Econômico Mundial que o Brasil mudou, que é um país seguro para investimentos e está tomando medidas para reconquistar a confiança.

Em entrevista a jornalistas na cidade suíça, Bolsonaro também disse que não apresentará planos específicos para privatizações durante o encontro e afirmou que quer ampliar o comércio do país, especialmente na área do agronegócio.

“Nós queremos mostrar, via os nossos ministros em especial, que o Brasil está tomando medidas para que o mundo restabeleça a confiança em nós, que os negócios voltem a florescer entre o Brasil e o mundo sem o viés ideológico, que nós podemos ser um país seguro para os investimentos e em especial a questão do agronegócio, que é muito importante para nós, é a nossa commodity mais clara. Queremos ampliar este tipo de comércio”, afirmou.

“Estamos aqui para mostrar para eles que o Brasil mudou”, acrescentou o presidente ao chegar ao hotel em que ficará hospedado durante o Fórum Econômico Mundial.

Bolsonaro também sinalizou como será o discurso que fará na terça-feira durante o evento, sua primeira viagem internacional desde a posse em 1º de janeiro.

“É um discurso muito curto, objetivo, claro, tocando nesses pontos que eu falei para vocês aqui. Foi feito e corrigido, vamos dizer assim, por vários ministros para que nós déssemos o recado mais amplo possível do novo Brasil que se apresenta com a nossa chegada ao poder”, disse.

Em Davos, Bolsonaro participará de encontros sobre o futuro do Brasil, de jantar com lideranças latino-americanas e de um evento para discutir a situação da Venezuela.

“A Venezuela está com problemas não é de hoje, esperamos que rapidamente mude o governo da Venezuela”, disse o presidente brasileiro.

Bolsonaro retorna da Suíça para o Brasil na quinta-feira, de acordo com programação divulgada pela Presidência da República (Reuters, 21/1/19)


Agronegócio espera ‘agenda positiva’ de Bolsonaro em Davos

Líderes de entidades e associações do agronegócio brasileiro afirmaram esperar uma "agenda positiva" sobre o setor, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, com a participação do presidente Jair Bolsonaro, entre outras chefes de Estado. Ruralistas esperam, entre outros destaques, o reforço da mensagem de respeito ao meio ambiente e a segurança jurídica e a ênfase para as oportunidades de investimentos no Brasil. A abertura aos mercados internacionais e a disposição de implementar reformas também foram citadas pelos representantes do agronegócio.

Na avaliação do diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Cornacchioni, é preciso ter um "discurso alinhado" com as promessas de campanha política. "Os investidores vão olhar para a disposição desse novo governo de fazer as coisas acontecerem do jeito que se falou que iriam acontecer. O Fórum de Davos pode servir para solidificarmos alguns conceitos sobre os produtos do agronegócio brasileiro", diz, ressaltando a sustentabilidade. "Precisamos mostrar, com dados e fatos, o que é feito na agricultura brasileira".

A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) espera que missão brasileira em Davos demonstre credibilidade e disposição de adotar medidas necessárias para o crescimento da economia, como a reforma da Previdência e a tributária. "O empresário (estrangeiro) vai perceber que o recurso pode vir para o Brasil porque vai voltar. Faltava credibilidade, por isso, creio que o discurso precisa passar confiança", disse Bartolomeu Braz, presidente da entidade. Para ele, é fundamental apresentar o País como "confiável" e com grandes oportunidades para investidores.

O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Marcelo Vieira, adota o mesmo tom. Ele considera que é fundamental mostrar as boas ações do campo nacional no evento, que receberá 3.500 representantes da elite econômica global. "Temos uma política ambiental avançada, uma produção bem-feita, com bom impacto ambiental e social. Além disso, podemos mais que dobrar a produção de alimentos na área atualmente ocupada", destaca.

Diretor do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos comenta que espera uma "agenda positiva" do agronegócio. "O Brasil trabalhou muito para chegar onde chegou na produção de alimentos". Para Matos, é fundamental apresentar as boas práticas de sustentabilidade, a capacidade de organização das diversas cadeias produtivas e a eficiência e eficácia da produção brasileira. "Chegamos a um ponto muito elevado de competência e isso precisa ser mostrado". "Espero uma postura de responsabilidade, de levar o compromisso da sustentabilidade e mostrar que há disposição para fazer o dever de casa, que são as reformas estruturantes".

Para o ex-embaixador Rubens Barbosa, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), também é preciso dar destaque ao meio ambiente e à aplicação das leis. "O governo precisa estar preparado para reafirmar nosso compromisso com as questões ambientais e responder observações a respeito da futura política brasileira", afirma, citando a possibilidade de saída do Acordo de Paris, levantada durante a campanha e negada este mês pelo ministro do Meio Ambiente após repercutir negativamente no setor.

Barbosa acredita que o discurso dará ênfase para temas como desburocratização, simplificação tributária, equilíbrio fiscal e melhoria do ambiente de negócios, bandeiras do ministro da Economia, Paulo Guedes, um dos presentes na delegação nacional, ao lado do ministro Sérgio Moro, da Justiça.

Para Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a expectativa é de que sejam sinalizadas as estratégias da retomada do crescimento econômico. "Aguardamos definições a respeito da abertura comercial e das metas de ampliação dos nossos negócios com o mundo, já que o agronegócio é um dos principais setores na formação do PIB e protagonista quando se trata de superávit na balança comercial nacional e de redução da taxa de inflação", avalia.

Freitas espera, ainda, que a internacionalização dos negócios seja uma das pautas. "Estamos seguros de que o apoio ao comércio exterior de cooperativas é capaz de trazer benefícios em grande escala ao desenvolvimento socioeconômico do Brasil".

Inovações 
Para Lígia Dutra, superintendente de Relações Internacionais da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o fórum terá "impacto grande" na promoção de novas práticas na agricultura, na indústria e em outros mercados. Segundo ela, as discussões sobre sustentabilidade e segurança alimentar serão decisivas para o Brasil. "Nossa expectativa é enorme até por toda atenção que estão dando ao Bolsonaro. É uma oportunidade única para mostrar novos padrões técnicos e inovações que têm aumentado a produtividade sem aumentar áreas produtivas".

Ela cita também a necessidade de o País ter mais acordos para inserir produtos agropecuários em novos mercados, com mais facilidade. "Concorrentes como Estados Unidos e Austrália têm acordos que não temos, principalmente com os mercados asiáticos. O Brasil ainda está isolado, paga tarifas maiores. Essa discussão, de abertura, é muito importante e coincide com o discurso da equipe do presidente", conclui (Broadcast, 21/1/19)


Preocupações com comércio afetam ânimo de CEOs em Davos

Executivos de todo o mundo ficaram muito mais pessimistas em relação às perspectivas econômicas globais devido a disputas comerciais e às tensas relações entre grandes potências, mostrou uma pesquisa na véspera do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

A pesquisa da PwC com cerca de 1.400 CEOs apontou que 29 por cento acreditam que o crescimento econômico global cairá nos próximos 12 meses, seis vezes o nível do ano passado e o maior percentual desde 2012.

A mudança mais acentuada ocorreu entre os líderes empresariais nos Estados Unidos, onde o otimismo caiu de 63 por cento há um ano, para 37 por cento em meio a uma desaceleração econômica e uma guerra comercial com a China.

Mas a parcela de CEOs que acredita que a taxa de crescimento cairá aumentou significativamente em todas as regiões, e isso se traduziu em uma queda nas expectativas dos líderes empresariais de que suas empresas conseguirão aumentar as receitas a curto e médio prazo.

“É uma grande reversão em relação ao ano passado e o clima mais sombrio está presente em praticamente todo o mundo”, disse Bob Moritz, presidente global da multinacional de auditoria e contabilidade PwC.

“Com o aumento da tensão comercial e do protecionismo, é lógico que a confiança esteja diminuindo.”

Na segunda-feira, o Fundo Monetário Internacional cortou suas previsões de crescimento econômico mundial para 2019 e 2020, devido à fragilidade na Europa e em alguns mercados emergentes, e disse que o fracasso em resolver as disputas comerciais poderia desestabilizar ainda mais a desaceleração da economia global.

Em sua segunda revisão para baixo em três meses, o Fundo também citou uma desaceleração maior do que a esperada na economia chinesa e um possível Brexit sem acordo como riscos para suas perspectivas, dizendo que isso poderia piorar a turbulência nos mercados financeiros.

A paralisação do governo dos Estados Unidos, que fez com que o presidente norte-americano, Donald Trump, não comparecesse ao encontro da elite política e empresarial global em Davos, também está contribuindo para a sensação de mal-estar em relação à economia dos EUA (Reuters, 21/1/19)