04/12/2019

Brasil deve ter safra recorde de milho com mercado favorável

Brasil deve ter safra recorde de milho com mercado favorável

O Brasil deverá plantar pela primeira vez mais de 18 milhões de hectares de milho em uma safra na temporada 2019/20, uma área recorde que representa crescimento de 3,5% ante o ciclo anterior, com bons preços impulsionando o plantio do cereal na chamada “safrinha”, de acordo com pesquisa da Reuters.

A sondagem com 12 analistas e órgãos de pesquisa apontou também que o Brasil deverá colher 101 milhões de toneladas, em média, superando ligeiramente o recorde da temporada anterior, apesar de um ciclo atrasado versus 2018/19, consequência de uma colheita mais tardia da soja que resultará em uma janela climática ideal mais curta para o milho segunda safra, que responde por cerca de 75% produção total do país.

A projeção média ainda indica uma redução de cerca de 1 milhão de toneladas na comparação com sondagem semelhante publicada pela Reuters em setembro, com alguns analistas cortando suas estimativas. Eles admitem que há mais risco para a safrinha 2019/20, plantada após a colheita da soja, mas ressaltam que a temporada anterior, muito adiantada, é que foi um ponto fora da curva.

“Claro (que a janela estreita) coloca variáveis de clima mais perigosas para a safrinha, de maior risco de geada para o Paraná... mas se estiver chovendo em fevereiro e março e o preço estiver alto, como deve estar, o produtor vai plantar”, disse o analista Paulo Molinari, da Safras & Mercado.

Ele lembrou que na temporada passada, com a colheita antecipada da soja, alguns plantaram milho já ao final de dezembro e início de janeiro. “Isso foi excepcional, a situação normal é plantio em fevereiro e março, vai acontecer nesta safra de retornarmos ao normal.”

Incentivo para plantar não faltará, comentaram os analistas. Pois o preço no período de plantio da safrinha deve estar mais sustentado por vários favores: estoques apertados após exportações recordes em 2019, um câmbio favorável a vendas externas, consumo interno superaquecido devido à maior demanda da indústria de carnes para alimentar especialmente a China, além de uma safra de verão de milho também atrasada, o que prolongará a entressafra no Brasil.

“A safra de verão vai entrar a maior parte em março, isso cria uma boa questão especulativa no primeiro semestre”, comentou Molinari, avaliando que o atraso do milho verão é o principal fator para a recente alta de preços (Reuters, 3/12/19)