Brasil lidera exportação de alimentos industrializados pelo 2º ano seguido
Terminal do Porto de Santos, em São Paulo. Foto Divulgação Codesp
Em volume, país supera os Estados Unidos mais uma vez, em 2023; em valor, Brasil ocupa quinta posição.
A indústria brasileira de alimentos se consolidou em 2023 como a maior exportadora mundial de produtos industrializados, no critério volume. Foram exportados 72,1 milhões de toneladas no ano passado, alta de 11,4% sobre o ano anterior.
A liderança em volume foi obtida pelo segundo ano consecutivo sobre a indústria americana, que exportou 54,9 milhões no ano passado, segundo dados da Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), divulgados nesta quinta-feira (22).
Os maiores compradores dos produtos brasileiros são China (com destaque para proteínas animais), 22 países da Liga Árabe (consumidores de açúcar e proteínas animais, em especial) e União Europeia (que compra mais açúcar e farelo de soja).
Em valor, porém, o Brasil ocupa a quinta posição, atrás de Estados Unidos, Holanda, Alemanha e França.
Foram exportados US$ 62 bilhões (R$ 306,3 bilhões) em 2023, 5,2% acima do valor apurado no ano anterior. Os Estados Unidos exportaram no ano passado US$ 89,3 bilhões (R$ 441,2 bilhões).
"Estamos concentrados ainda em alguns grupos de alimentos, temos de diversificar este mix para exportação", disse João Dornellas, presidente da Abia, durante entrevista coletiva para anunciar o balanço da indústria em 2023.
"Temos uma capacidade ociosa de 24%, em média. Quanto mais o mundo buscar alimentos, e quanto mais crescer o consumo interno, melhor para todos: cresce a indústria, gera empregos e divisas", afirmou.
Em relação aos números de 2019, o aumento das exportações brasileiras foi da ordem de 51,8% em volume e 82% em valor.
Há algum tempo, o Brasil exportava só carnes —mas o país passou a vender também processados como presunto, mortadela e salsicha, diz o executivo.
"Em soja, não exportamos só farelo ou o grão, temos a exportação de óleo também, o que agrega valor", afirma Dornellas.
O faturamento da indústria alimentícia como um todo foi de R$ 1,161 trilhão em 2023, o equivalente a 10,8% do PIB (Produto Interno Bruto). Desse total, R$ 851 bilhões (73%) refere-se ao consumo interno, sendo R$ 310 bilhões (27%) em exportações.
Descontada a inflação, as vendas no mercado interno tiveram um aumento real de 4,5% no ano passado (contra 2,5% em 2022). O IPCA para alimentos e bebidas subiu 1,02% em 2023, contra 11,6% em 2022, o que justificou a alta no consumo, segundo a Abia.
Já as vendas reais para o mercado externo avançaram 1,9%, frente a uma alta de 11,7% observada no ano anterior, por causa da variação cambial.
De acordo com a entidade, em 2023, o setor enfrentou menor variação de preços de itens como embalagens e combustíveis, o que aliviou os custos de produção.
Algumas commodities agrícolas viram o preço cair, como milho, trigo e soja, enquanto outras, como cacau, café e açúcar registraram aumento.
No ano passado, a indústria abriu 70 mil postos de trabalho diretos e 280 mil indiretos. Ao todo, o número de trabalhadores diretos atingiu 1,97 milhão, alta de 3,7% na comparação anual. Cerca de 38 mil empresas integram o setor no Brasil, e processam 61% de tudo o que é produzido no campo (Folha, 23/2/24)