25/01/2023

Brasil poderá ser maior exportador de hidrogênio verde global

Brasil poderá ser maior exportador de hidrogênio verde global

hidrogênio verde  Imagem Blog Capital Reset

Um estudo internacional feito pela consultoria alemã Roland Berger mostrou que o Brasil pode se tornar o maior produtor de hidrogênio verde do mundo e alcançar uma receita anual de R$ 150 bilhões a partir de 2050, dos quais R$ 100 bilhões serão provenientes das exportações.

O país reúne as condições ideais para produzir em escala a energia que faltava para pavimentar a transição para uma economia de baixo carbono, como ampla oferta de energias renováveis, custo marginal baixo e potencial de produção muito além do que o mercado interno pode absorver. E para alcançar as metas globais de descarbonização, o consumo de hidrogênio terá de aumentar seis vezes nos próximos 30 anos, especialmente em usos industriais e mobilidade.

O partner head de Energia da consultoria Roland Berger Brasil e um dos autores do estudo “Oportunidade de hidrogênio verde no Brasil”, Jorge Pereira da Costa, explica que essa demanda deve colocar o Brasil como protagonista no contexto de transição energética.

Ele afirma que o hidrogênio verde é apontado como uma grande commodity tornando-se o petróleo do futuro. Terá um papel fundamental no desenvolvimento econômico global, pois será empregado na mobilidade de veículos, aeronaves, propulsão para embarcações navais, geração de eletricidade e aquecimento das casas, edifícios, caminhões, trens, ônibus, entre outras aplicações.

“O mercado internacional de hidrogênio verde é um mercado emergente a nível global, mas que começa a ser estruturado pela definição de um marco regulatório também global”, diz.

A pesquisa prevê a oportunidade de o hidrogênio verde representar investimentos no Brasil da ordem de R$ 600 bilhões em 25 anos para que o país tenha capacidade de eletrolisadores necessários para a produção de hidrogênio. Neste contexto, empresas começam a acordar para o tema.

Entre os importantes anúncios, a Thyssenkrupp fechou contrato com a Unigel para fornecer tecnologia e planta de eletrólise à unidade no Polo Industrial de Camaçari (BA). A fase 1 do projeto prevê US$ 120 milhões e deve ficar pronta no final deste ano.

Em estágios menos avançados, outras companhias estudam a viabilidade de plantas nos portos de Pecém, Açu, Suape e Aratu. A AES Brasil e Fortescue assinaram pré-contrato com Complexo de Pecém. Na mesma rota foram Comerc, Casa dos Ventos e TotalEnergies.

Entretanto, foi o Chile que saiu na frente na América Latina com o projeto da Siemens Energy com a Porsche para a produção de combustíveis sintéticos e neutros em carbono utilizando o hidrogênio feito a partir de energia eólica.

A guerra na Ucrânia está acelerando a diversificação de fontes energéticas na Europa e o leilão de hidrogênio que a Alemanha pode destravar mais aportes. A EDP inaugurou a primeira planta-piloto operacional do Brasil e quer participar do certame; já a White Martins produziu o primeiro hidrogênio verde (H2V) certificado da América do Sul, em Pernambuco.

O desafio é dar escala e viabilidade econômica. Para ganhar vantagem nos mercados globais, o hidrogênio no país terá de cair o custo para US$ 2 o quilo até 2025. Os players são competitivos em geração renovável, mas os custos de transmissão e distribuição precisam cair. Costa aponta ainda que o apoio estatal em políticas de isenções de governos e encargos setoriais será um pilar fundamental.

“O Brasil tem que criar condições para a redução dos riscos dos projetos de investimento no país, nomeadamente regular o mercado interno, taxar com as emissões de carbono, particularmente das indústrias mais consumidoras de hidrogênio e/ou conceder incentivos financeiros, fiscais ou outros para reduzir os preços de produção e apoiar os agentes produtores instalados no país na participação de certames internacionais de compra de hidrogênio verde e/ou de produtos verdes utilizados para o seu transporte”.

Por ser uma indústria nascente, o pesquisador diz que o mercado de hidrogênio verde é um emergente a nível global, mas que começa a ser estruturado pela definição de um marco regulatório também global. “O Brasil precisa continuar ativo na definição desse marco regulatório, particularmente quanto aos mecanismos e critérios de certificação”, finaliza (Assessoria de Comunicação Siamig, 24/1/23)