Brasil precisa de um governo 4.0 – Por José Ricardo Roriz Coelho
Neste momento em que as atenções se voltam cada vez mais para as eleições presidenciais de 2018, os brasileiros deveriam colocar na pauta de debates a necessidade de o Brasil adotar um governo 4.0, que privilegie a eficiência e a tecnologia na implantação da indústria 4.0 em benefício de toda a sociedade.
Tal prioridade é clara para quem, como eu, acaba de chegar de uma exposição tecnológica na Rússia com presença significativa de países europeus e asiáticos e de uma visita a empresas do Vale do Silício.
Os Estados Unidos e a Alemanha, referências globais em alta tecnologia, têm produzido soluções para empresas na vanguarda da indústria 4.0. Também têm ampliado os investimentos nos últimos anos.
O Brasil, infelizmente, vem sofrendo quedas consecutivas da taxa de investimento e corre o risco de chegar atrasado para a quarta revolução industrial.
A indústria 4.0 abrange várias tecnologias e soluções que se integram na organização de uma empresa. É um universo em que têm lugar conceitos como big data, inteligência artificial, internet das coisas, manufatura aditiva, realidade aumentada, robótica, sensores inteligentes, entre outros.
A combinação de um ou mais deles promoverá um salto na competitividade dos setores que os incorporarem. Para a maioria dos empresários brasileiros, esse é um mundo de ficção científica. Para seus pares nos países mais desenvolvidos, no entanto, essas já são questões do dia a dia.
Em diversos países, o Estado e o setor privado têm desempenhado papel importante para desenvolver essa indústria. Desde 2012, o governo dos EUA já investiu pelo menos US$ 600 milhões na criação de uma rede de institutos para inovação e manufatura avançada.
Já a Europa planeja investir US$ 1,4 trilhão em 15 anos e a China, US$ 1,1 trilhão nos próximos anos. No Brasil, as iniciativas para promoção da indústria 4.0 ainda são muito tímidas, e a taxa de investimento, que já era baixa, caiu 5,3 pontos percentuais desde 2013, chegando aos atuais 15,6% do PIB, menor nível dos últimos 20 anos.
É preciso reverter essa tendência. Caso contrário, há risco de a economia brasileira se especializar ainda mais nas atividades de baixo valor agregado. É fundamental que o próximo governo se qualifique como moderno, integrado, eficiente e comprometido com o desenvolvimento da indústria 4.0.
A melhor maneira de se corrigir seu deficit orçamentário não é aumentando a carga tributária, e sim melhorando sua eficiência, reduzindo custos e melhorando a qualidade do serviço público.
Para a indústria do plástico, perder essa oportunidade gerada pela indústria 4.0 é especialmente lamentável, pois ela requer muitos produtos feitos a partir do plástico, como drones e embalagens inteligentes. É necessário que as empresas estejam preparadas para investir na modernização das suas fábricas, fomentando o ciclo virtuoso de geração de empregos, investimentos e inovação, rumo à quarta revolução industrial (José Ricardo Roriz Coelho é presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) e um dos vice-presidentes da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo); Folha de S.Paulo, 22/11/17)