Brasil precisa vencer o lado vilão para melhorar imagem
O país tem vantagens na sustentabilidade, mas autoelogios não ajudam posição no mundo.
O Brasil está bem posicionado atualmente na discussão sobre sustentabilidade, em relação a outros países, principalmente no que tange à sua matriz energética renovável.
O país tem, no entanto, o seu lado vilão, quando se trata de ilegalidades. O desmatamento é uma delas. Hoje é menor do que já foi, mas ainda está em 1 milhão de hectares por ano.
Não ver essas ilegalidades e insistir no autoelogio e nas respostas chapa-branca não ajudam a imagem do país no mercado externo. A avaliação é de Marcos Jank (Foto), professor do Insper e especialista em agronegócio.
O Brasil tem “o lado solução” da sustentabilidade, por meio do plantio direto, programa ABC, Código Florestal, duas safras por ano e outros mecanismos, afirma ele.
O que o mercado externo quer saber, no entanto, é a solução que está sendo dada para os problemas da Amazônia, principalmente o desmatamento. E aí são necessárias respostas científicas, afirma.
Na próxima conferência do clima, as grandes economias, como Estados Unidos, China e União Europeia, vão estar alinhadas na busca por metas.
O Brasil terá problemas porque falta uma liderança forte do governo e uma participação intensa do agronegócio. Poucas entidades fazem o que deveria ser feito lá fora, na avaliação de Jank.
Nesta pandemia, o país mostrou o quão importante é no fornecimento de alimentos para o mundo, mas passa por uma das piores fases na sua identificação, devido a essa imagem de pária.
Com relação à imagem, o ex-ministro Aldo Rebelo diz que o país precisa recuperar a sua tradição diplomática. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem o direito de ter suas convicções, mas uma facção ideológica e política não deve prevalecer sobre os interesses do país. Isso compromete os interesses nacionais legítimos, afirma Rebelo.
Jank e Rebelo participaram, nesta quinta-feira (23), do Fórum Lide de Agronegócios, em São Paulo.
Agora, fornecedor
Alysson Paolinelli, homenageado no fórum do agronegócio, disse que a revolução ocorrida na agricultura tropical colocou o país, antes dependente, agora como fornecedor de alimento para o mundo.
Paolinelli diz que a segurança alimentar mundial passa pela agricultura tropical. Ele alerta, no entanto, que nem tudo está pronto. “Temos muito a fazer, e a ciência vai continuar sendo a base do desenvolvimento da humanidade.”
O Brasil precisa ficar atento, no entanto, ao prato do cliente, que quer produtos naturais, nutritivos, saudáveis e com menor risco de intoxicação, afirma o ex-ministro Paolinelli (Folha de S.Paulo, 24/9/21)