25/04/2018

Brasil produz 2,1% menos açúcar em 17/18;fabricação de etanol fica estável

Brasil produz 2,1% menos açúcar em 17/18;fabricação de etanol fica estável

A produção de açúcar do Brasil na safra 2017/18 caiu 2,1 por cento ante o ciclo passado, para 37,87 milhões de toneladas, em meio a uma oferta de cana reduzida e a uma maior destinação de matéria-prima para o etanol, projetou nesta terça-feira a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Em seu último levantamento sobre a temporada encerrada em março, a Conab disse que, do total produzido no país, maior produtor e exportador mundial do adoçante, 35,32 milhões de toneladas vieram do Centro-Sul, principal região produtora, enquanto os outros 2,54 milhões do Norte-Nordeste.

Já com relação ao etanol, foram fabricados 27,76 bilhões de litros em todo o país em 2017/18, um volume praticamente estável ante 2016/17. O resultado foi puxado pelo centro-sul, que produziu 26 bilhões de litros, ligeiramente abaixo dos 26,2 bilhões do ciclo anterior, mas acima dos 24,47 bilhões considerados em agosto.

“As unidades de produção aumentaram a destinação de ATR (Açúcares Totais Recuperáveis) para a produção de etanol na reta final da safra, uma vez que a oferta mundial de açúcar melhorou e os preços da commodity estão em queda. Isso permite uma margem para a unidade ajustar o destino da produção”, destacou a Conab, em relatório.

Além da queda nas cotações internacionais do açúcar, o etanol também passou a ser mais atrativo para as usinas após altas tributárias aplicadas pelo governo sobre a gasolina, concorrente direto do biocombustível, em meados do ano passado.

CANA

A safra de cana 2017/18 do Brasil alcançou 633,26 milhões de toneladas, de acordo com a Conab, queda de 3,6 por cento ante 2016/17, sendo 588,6 milhões no Centro-Sul e 44,6 milhões no Norte-Nordeste.

“Apesar da maior produtividade na região Nordeste, a média brasileira foi semelhante à da safra passada, de 72,543 toneladas (de cana) por hectare, e acabou não impactando no aumento da produção”, afirmou a Conab.

A diminuição na produção de cana “também é reflexo da área colhida, que fechou em 8,73 milhões de hectares, com queda de 3,5 por cento se comparada à safra 2016/17”, acrescentou a companhia.

A Conab deve divulgar o primeiro levantamento sobre a safra 2018/19, iniciada neste mês, em maio (Assessoria de Comunicação, 24/4/18)


Centro-Sul verá queda de quase 15% na produção de açúcar em 18/19

A produção de açúcar no Centro-Sul do Brasil deverá cair em mais de 5 milhões de toneladas na safra 2018/19, iniciada neste mês, refletindo a menor oferta de matéria-primeira e o maior foco na fabricação de etanol, projetou nesta terça-feira a Datagro.

A queda de quase 15 por cento de uma temporada para a outra na principal região produtora do maior player global do setor sucroenergético, contudo, deve ser compensada por amplas safras em outros países, levando o balanço mundial de oferta a registrar superávits tanto neste quanto no próximo ano, acrescentou a consultoria.

Segundo a Datagro, o centro-sul deverá produzir 30,8 milhões de toneladas de açúcar em 2018/19, abaixo dos 36,06 milhões de 2017/18 e dos 31,6 milhões considerados na previsão de março.

A revisão leva em conta os preços internacionais do açúcar no menor nível em mais de dois anos e também o maior interesse das usinas pelo etanol, produto cuja demanda tem se mostrado forte desde meados do ano passado após altas tributárias maiores sobre a gasolina, o concorrente direto do biocombustível.

Conforme o presidente da Datagro, Plinio Nastari, a produção de etanol no Centro-Sul deve subir “em 1 bilhão de litros” em 2018/19, ou cerca de 4 por cento, ante os 26 bilhões de 2017/18. Na previsão anterior, a consultoria havia estimado 26,7 bilhões de litros.

Já a oferta de cana tende a diminuir consideravelmente no atual ciclo, com moagem estimada pela Datagro em 577 milhões de toneladas, frente 596,3 milhões em 2017/18 (-3,2 por cento).

“O que temos observado é um clima com chuvas abaixo da média de 30 anos (no Centro-Sul), principalmente em abril. Está chovendo pouco em Ribeirão Preto (SP), uma região que pesa muito, e está chovendo muito em Goiás”, disse Nastari durante teleconferência online via Facebook.

MUNDO

A Datagro prevê superávits globais de açúcar de 10,8 milhões de toneladas na safra 2017/18, que se encerra em setembro, e de 7,6 milhões em 2018/19, em meio a amplas produções principalmente na Índia, Tailândia e União Europeia.

Para a Índia, segundo maior produtor de cana depois do Brasil, a Datagro avalia que a produção de açúcar no atual ciclo irá para perto de 32 milhões de toneladas, com perspectiva de manutenção desse volume no próximo.

“Tudo indica que a área plantada com cana na Índia passa de 4,9 milhões para 5,1 milhões de hectares em 2018/19, porque os preços internos do açúcar continuam remuneradores, equivalentes a 40 dólares por tonelada. Esses preços estimulam a produção de cana”, destacou Nastari.

Para a UE, que aboliu um regime de cotas de produção em outubro do ano passado, a expectativa é de que a produção de açúcar em 2018/19 atinja 20,6 milhões de toneladas, ante 21,2 milhões neste ano.

“Estamos estimando manutenção da área cultivada com beterraba na UE, em 1,7 milhão de hectares. No entanto, o plantio ocorreu mais atrasado por causa do tempo frio e úmido... Isso deve comprometer o rendimento agrícola neste ano”, avaliou.

Por fim, com relação à Tailândia, a previsão da Datagro é de um salto na produção em 2017/18 para 14,5 milhões de toneladas, ante 10,3 milhões na anterior, refletindo “efeitos positivos” de chuvas (Reuters, 24/4/18)