Café: Agromensal Fevereiro 2022 – Análise Conjuntural Cepea/Esalq USP
cafe_REUTERS_Roosevelt-Cassio
Os preços do café arábica oscilaram com certa intensidade ao longo de fevereiro. No início do mês, as cotações subiram, influenciadas pela alta nos valores externos e pela retração de vendedores no spot nacional. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), os futuros chegaram a atingir, na segunda semana de fevereiro, os maiores níveis em 10 anos. Neste caso, o impulso veio de preocupações quanto à oferta neste ano, especialmente após os estoques certificados da Bolsa registrarem os volumes mais baixos desde 2000, e do consumo firme.
Além disso, os entraves logísticos globais e as apreensões com uma safra de bienalidade positiva mais baixa no Brasil (diante de secas e geadas em 2021) reforçaram a alta. Com isso, no dia 9, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital, paulista atingiu novo recorde nominal da série histórica do Cepea (iniciada em 1996), ao fechar a R$ 1.555,19/sc de 60 kg. Em termos reais, os preços foram os maiores desde dezembro de 1999 (deflacionados pelo IGP-DI de jan/22). Ainda que a valorização tenha permitido o fechamento de negócios, a maior parte dos vendedores ainda se manteve retraída do spot nacional. Já na segunda quinzena do mês, os preços do arábica passaram a cair, com o movimento de queda ganhando intensidade no final de fevereiro. Essa baixa, por sua vez, esteve atrelada às desvalorizações externa e do dólar no período.
Na Bolsa de Nova York, a baixa foi reflexo de fatores técnicos – com a venda de contratos, após a forte alta no começo do mês – e também de instabilidades externas diante do conflito entre Rússia e Ucrânia, que estimulou traders a cortarem suas posições em ativos com maior risco, como commodities agrícolas e migrando para ativos como o ouro, por exemplo. O contrato Maio/22 finalizou o dia 28 de fevereiro a 232,90 centavos de dólar por libra-peso, 1,1% inferior ao dia 31 de janeiro. Ressalta-se, no entanto, que os fundamentos ainda seguem positivos para o café (preocupações com a oferta e a logística em 2022). No caso do Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital, também no acumulado do mês (entre 31 de janeiro e 25 de fevereiro), recuou 2,7% (ou 39,91 Reais/sc), terminando o dia 25 a R$ 1.434,43/sc.
No campo, agentes consultados pelo Cepea apontam que o clima segue ainda favorável para o enchimento e a maturação dos grãos, o que pode resultar em um maior rendimento na safra de 2022/23. Ainda assim, devido ao abortamento de flores em 2021, o potencial produtivo dos cafezais – especialmente na Mogiana, Sul e Cerrado Mineiros – será limitado nesta safra. Quanto à colheita, espera-se que se inicie em maio, caso o clima continue beneficiando o desenvolvimento final da safra (Assessoria de Comunicação, 7/3/22)