Café: Análise Agromensal Cepea/Esalq/USP Junho/2020
Foto: Roberto Biasotto
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As cotações domésticas do café arábica tiveram forte queda em junho. O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, teve média de R$ 483,24/saca de 60 kg, recuo de 90,92 Reais por saca (ou 15,8%) em relação à de maio.
A pressão veio especialmente da forte queda do dólar, do andamento da colheita da safra 2020/21 e, consequentemente, da queda dos valores externos do grão. Frente a junho/19, no entanto, as cotações subiram 10,5% (valores reais deflacionados pelo IGP-DI de maio/20). Quanto aos negócios, seguiram lentos na maior parte do mês.
Produtores foram ao mercado físico apenas em alguns dias de alta do dólar e dos futuros. Vale apontar que a liquidez também foi mais limitada devido às entregas já programadas. Muitas cooperativas e exportadoras adiantaram os negócios e, mesmo com os descontos realizados pela antecipação das entregas, os valores pagos aos produtores de arábica ainda estiveram muito acima dos praticados spot, visto que um bom volume desse grão foi negociado acima de R$ 550/sc.
Segundo agentes, nesta safra uma boa parte do café já está comprometido. Considerando-se as entregas futuras e o que já foi vendido no mercado físico, estima-se que cerca de 17 a 24% da safra brasileira 2020/21 de arábica já tenha sido comercializada. No cenário externo, a média de todos os contratos negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foi de 98,65 centavos de dólar por libra-peso em junho, queda acentuada de 7,3% frente ao mês anterior.
Além do andamento da colheita no Brasil, os contratos foram pressionados por fatores técnicos. No entanto, no final do mês, os futuros voltaram a avançar, devido a temores de possíveis impactos na safra 2020/21, por conta de frentes frias nas regiões cafeeiras. Quanto ao dólar, teve média de R$ 5,2, expressivo recuo de 7,8% frente a maio.
COLHEITA
De forma geral, as atividades de campo da safra 2020/21 seguiram em ritmo satisfatório nas regiões de café arábica no mês. Segundo levantamento do Cepea, até o final de junho, o volume colhido no Noroeste do Paraná era de 55% do total esperado e, em Garça (SP), de 35 a 45%.
No Sul de Minas Gerais e na Zona da Mata Mineira, a quantidade colhida era de 30 a 40% e, no Cerrado Mineiro e na Mogiana (SP), as atividades avançaram para 25 a 35%. Apesar do bom volume já colhido, a chegada de frente frias no final do mês preocupou cafeicultores.
Chuvas atingiram os terreiros de café, o que pode prejudicar a bebida dos grãos e atrasar o andamento da colheita nos próximos dias. As precipitações foram significativas nas praças de Garça e Noroeste do Paraná, e também ocorreram no Sul de Minas. No restante das regiões, não houve volume significativo de chuvas (Assessoria de Comunicação, 6/7/20)