Café: Análise Conjuntural Agromensal Cepea/Esalq/USP
Os preços internos do café arábica subiram ao longo de abril, impulsionados pelo avanço dos futuros da variedade e pela menor oferta do grão no físico brasileiro. No mês, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital paulista, teve média de R$ 744,13/saca de 60 kg, elevação de 1,7% frente à de março e a maior desde abril do ano passado, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI de mar/21).
No front externo, o impulso veio principalmente das perspectivas de menor oferta em 2021 e de preocupações quanto ao clima no Brasil. A seca em 2020 já havia prejudicado o desenvolvimento das lavouras e, consequentemente, a produção em 2021/22 (safra de bienalidade negativa). Além disso, em março e abril deste ano, o volume de chuva esteve abaixo da média para o período.
Segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), as precipitações em abril acumularam volumes inferiores a 50 mm na maior parte das praças de arábica. Em Varginha (Sul de Minas), o total foi de apenas 8,8 mm no mês. Alguns colaboradores do Cepea apontam que o tempo mais seco desde março pode ter prejudicado o enchimento final em algumas lavouras. A menor umidade também tem adiantado o amadurecimento dos grãos, sendo que catações pontuais já foram iniciadas no Sul de Minas, Zona da Mata Mineira e nas praças de São Paulo.
A expectativa é de que a colheita de arábica seja efetivamente iniciada em meados de maio em todas as regiões. Além dos problemas relacionados à oferta, as expectativas de maior demanda em 2021, devido ao avanço da vacinação contra a covid-19 em importantes países consumidores de café, também impulsionaram as cotações externas.
Assim, a média de todos os contratos negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foi de 134,39 centavos de dólar por libra-peso em abril, elevação de 3,3% frente à de março. O avanço nos preços, por sua vez, atraiu vendedores ao mercado nacional, que realizaram alguns negócios. No entanto, as transações no físico ainda foram limitadas em abril, devido ao volume significativo da safra de 2020/21 já comercializado no Brasil. Assim, muitos produtores aproveitaram a valorização do café para fechar contratos para entregas em 2022 e 2023, uma vez que os preços já ultrapassam os R$ 800/sc para esse período (Assessoria de Comunicação, 5/5/21)