09/02/2024

Café: Análise Conjuntural Agromensal Janeiro/24 do Cepea/Esalq/USP

Café: Análise Conjuntural Agromensal Janeiro/24 do Cepea/Esalq/USP

CAFEZAL CNC 3.jpg

Os produtores de café brasileiros devem enfrentar desafios em 2024, sobretudo os relacionados ao clima adverso previsto para este ano no Brasil. A região Sudeste, onde está localizada grande parte da produção nacional de café, ainda deve registrar períodos de temperaturas elevadas e de chuvas irregulares, devido, dentre outros motivos, à atuação do fenômeno climático El Niño (que deve seguir até meados de 2024).

 

Vale lembrar que, nos primeiros momentos do ciclo da safra brasileira 2024/25, o clima estava auxiliando o desenvolvimento das floradas, e esse cenário levou agentes consultados pelo Cepea a ter expectativas de que a colheita seria bastante volumosa. Entretanto, de meados de setembro até dezembro de 2023, ondas de calor intensas, chuvas irregulares, queda de granizo em algumas localidades e fortes ventanias derrubaram chumbinhos em um percentual acima do normal, o que, provavelmente, deve prejudicar o volume da safra 2024/25.

 

No caso específico do robusta, a colheita em 2023/24 não foi boa no Espirito Santo (maior produtor da variedade no Brasil) e o desenvolvimento da temporada 2024/25 também atravessa problemas relacionados ao clima. Com o desenvolvimento da safra aquém do esperado por agentes de mercado e os estoques mundiais apertados, as cotações do grão têm se sustentado – o arábica vem sendo negociado próximo dos R$ 1.000/saca de 60 kg e o robusta, acima dos R$ 800/sc.

 

No geral, os valores devem seguir oscilando neste início de 2024, mas tudo indica que o movimento de alta deve prevalecer – ao menos no começo deste ano. Diante de um cenário de incertezas, os negócios devem seguir de forma cadenciada em 2024, com produtores aproveitando os momentos de valorizações para vender o café, especialmente porque os custos de produção desse grão foram elevados. Inclusive, o Cepea vem verificando maior interesse de agentes por negócios a termo para entregas em 2024 e também em 2025, modalidade que esteve enfraquecida nos últimos dois anos.

 

E os principais concorrentes brasileiros também têm enfrentado problemas climáticos nos últimos meses, e as ofertas de arábica e robusta não devem atingir o potencial máximo nesses países. Além disso, os estoques certificados da Bolsa de Nova York (ICE Futures) registraram em dezembro o volume mais baixo em 20 anos. A menor disponibilidade em outros importantes produtores, por sua vez, deve continuar deslocando parte da procura externa ao Brasil.

 

As expectativas iniciais são de que as exportações brasileiras voltem a ficar acima de 40 milhões de sacas na safra 2023/24. Até o momento, dados do Cecafé mostram que, de julho/23 a dezembro/23, os embarques (de arábica e robusta) já somam praticamente 23 milhões de sacas, volume 18,5% acima do exportado no mesmo período da temporada anterior (de julho/22 a dezembro/22).

 

E o principal destaque das vendas externas tem sido o robusta, devido à quebra de produção do Vietnã, maior produtor da variedade. Agentes acreditam que as exportações de robusta sigam aquecidas e em preços cada vez mais atrativos. Outro ponto de destaque é que ataques a navios comerciais pelo grupo Houthis no Mar Vermelho estão prejudicando a entrada dos cafés do Vietnã na Europa. Dessa maneira, os grãos vietnamitas que ainda estão chegando no destino precisam traçar sua rota pelo Cabo da Boa Esperança, o que encarece o custo dos lotes, além de atrasar as entregas dos grãos asiáticos (Assessoria de Comunicação, 7/2/24)