13/03/2019

Café: Análise Conjuntural Cepea/Esalq

Café: Análise Conjuntural Cepea/Esalq

As cotações domésticas do café arábica recuaram levemente em fevereiro, pressionadas pela baixa dos preços internacionais. No cenário externo, os preços foram influenciados por fatores técnicos, boas expectativas quanto à safra 2019/20 no Brasil e pela valorização do dólar em parte do mês, o que fez os futuros operarem abaixo dos 100 centavos de dólar por libra-peso em alguns momentos.

 

Em fevereiro, a média de todos os contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foi de 102,67 centavos de dólar por libra-peso, queda de 3,6% em relação a janeiro. O dólar registrou média de R$ 3,721, leve baixa de 0,4% na mesma comparação. Neste cenário, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica, tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista teve média de R$ 407,7/saca de 60 kg em fevereiro, recuo de 0,8% em relação à do mês anterior.

 

Em comparação ao mesmo período do ano passado, a queda é mais acentuada, de 13,3%% (valores deflacionados pelo IGP-DI de jan/19). Vale ressaltar que, na última semana de fevereiro, o Indicador chegou a fechar abaixo dos R$ 400,00/sc, voltando a patamares reais de julho de 2014 (valores deflacionados pelo IGP-DI de jan/19).

 

Em relação à liquidez, com os baixos preços, grande parte de compradores e vendedores seguiu distante do mercado em fevereiro e os negócios foram limitados de acordo com a necessidade. No geral, enquanto que em janeiro cerca de 60 a 80% da safra havia sido vendida, em fevereiro (até o dia 15), o total variou de 60 a 85%. Com a aproximação da colheita da safra 2019/20, entretanto, um maior volume de negócios pode ser realizado nos próximos meses, uma vez que produtores devem “fazer caixa” para os trabalhos de campo.

 

SAFRA 2019/20

Após o clima mais quente e seco em janeiro, as chuvas retornaram às regiões produtoras em fevereiro, aliviando o estresse dos cafezais e reduzindo a possibilidade de quebra expressiva em 2019/20. Para agentes consultados pelo Cepea, a safra ainda deve permanecer próxima do levantamento da Conab, divulgado em janeiro deste ano, com produção entre 50,48 e 54,48 milhões de sacas de 60 kg.

 

Segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), em fevereiro, as chuvas ultrapassaram os 100 mm em todas as regiões produtoras de arábica, sendo que as estações de Patrocínio (Cerrado Mineiro) e Franca (Mogiana/SP) tiveram o maior acumulado do mês, com 224,6 e 194 mm, respectivamente.

 

As precipitações também auxiliaram na uniformização das lavouras, após as diversas floradas observadas no início do desenvolvimento. Entretanto, vale apontar que esta próxima safra ainda deve apresentar qualidade inferior à de 2018/19, especialmente em relação à peneira e a defeitos. Em relação à bebida, as condições durante a colheita serão essenciais para determinar a qualidade. Os trabalhos devem se iniciar já em abril em algumas regiões, devido às floradas precoces em agosto. A intensificação da colheita, porém, ainda deve ocorrer apenas entre maio e junho, como usual (Assessoria de Comunicação, 11/3/19)