Café: Análise Conjuntural Cepea/Esalq/USP Retrospectiva 2023
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Em 2023, as lavouras de arábica registraram uma importante recuperação produtiva, o que levou a safra 2023/24 a ser estimada, em dezembro/23, em 55,1 milhões de sacas (arábica e robusta) pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), volume 8,2% maior que o da temporada anterior (2022/23). Como reflexo da elevação da oferta, os preços do grão caíram e operaram, na maior parte de 2023, em patamares considerados baixos por produtores.
Enquanto para o arábica a produção cresceu 18,9%, somando 38,9 milhões de sacas, a colheita de robusta teve quebra de 10,9%, totalizando 16,17 milhões de sacas, segundo a Companhia. No caso do arábica, as lavouras enfrentaram diversos problemas entre 2021 e 2022, relacionados a geadas e estresse hídrico das plantas. Já no ciclo 2023/24, o clima possibilitou uma melhora na produção, sobretudo em regiões mineiras, ainda que este tenha sido ano de bienalidade negativa.
Quanto ao robusta, agentes consultados pelo Cepea indicaram que a queda na produção esteve atrelada a problemas climáticos logo no início do ciclo – fortes ventanias e falta de chuvas –, que resultavam em abortamento elevado das floradas. 2024/25 – Depois de favorecer a produção de 2023/24, o clima atrapalhou o começo do desenvolvimento da temporada gerando incertezas para a colheita da safra de 2024/25.
Diante da atuação do fenômeno climático El Niño, ondas de calor e fortes temporais acompanhados de ventos (que atingiram os 70 km/hora, segundo a Climatempo) e de queda de granizo em algumas localidades acarretaram em danos em diversas lavouras, como alto índice de abortamentos. Problemas relacionados ao clima também foram registrados na Colômbia e no Vietnã, importantes produtores de arábica e robusta, respectivamente.
MERCADO DE ARÁBICA
O café arábica foi negociado em um grande intervalo de preços ao longo de 2023 – o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6, bebida dura para melhor, operou com mínima na casa dos R$ 770/saca de 60 kg e máxima de R$ 1.179/sc. No primeiro semestre do ano, o arábica foi negociado, na maior parte do tempo, acima dos R$ 1 mil/sc, cenário que se inverteu no segundo semestre, quando os preços passaram a recuar com força, devido à confirmação de uma safra de maior produtividade. Os menores valores desestimularam produtores, que se afastaram do mercado spot nacional – assim, negócios foram realizados apenas para custeio de despesas de curto prazo e em dias de pontuais reações nos preços, como verificado na segunda quinzena de outubro/23.
Contudo, a recuperação da oferta de arábica em 2023/24 no Brasil não proporcionou retomada expressiva dos estoques mundiais, em especial os certificados da Bolsa de Nova York (ICE Futures). Esse cenário somado às incertezas para a safra 2024/25 resultaram em aumento nos preços do arábica no último trimestre de 2023 – o Indicador CEPEA/ESALQ operou ao redor dos R$ 1.000/sc em dezembro.
Na safra 2023/24 (de julho/23 a dezembro/23), a média do Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 foi de R$ 855,98/saca, queda de 320 Reais/sc (ou -27,2%) inferior ao do mesmo período de 2022, em termos nominais. No balanço de 2023, o Indicador do arábica teve média de R$ 953,15, bem abaixo da registrada no ano anterior, de R$ 1.260,95, em termos nominais.
PREÇOS DO ROBUSTA
Os preços do café robusta oscilaram com muita força em 2023, mas o intervalo de negociação não foi tão amplo, esteve entre R$ 606/sc e R$ 778/sc. No geral, ainda que o robusta tenha registrado desvalorizações em 2023, a intensidade foi menor que a observada para o arábica. Essa “sustentação” dos preços da variedade é justificada pela menor oferta da variedade e pela maior necessidade de compra por exportadores – aqui ressalta-se que, com a quebra na produção de robusta no Vietnã, demandantes globais se voltaram ao Brasil.
Na parcial da safra 2022/23 (de julho/23 a dezembro/22), a média do Indicador do robusta foi de R$ 665,12/sc, recuo de 2,7% frente ao mesmo período da temporada passada. Em 2023, o Indicador do robusta teve média de R$ 671,57, inferior à do ano anterior, de R$ 730,47/sc, em termos nominais.
EXPORTAÇÕES
As exportações brasileiras da safra 2022/23 (de julho/22 a junho/23) totalizaram 35,6 milhões de sacas (arábica e robusta), volume 10,2% inferior ao do mesmo período do ciclo anterior, de acordo com o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). A redução dos envios se deve a fatores como retração de produtores (que consideravam os preços insatisfatórios), problemas logísticos nos portos (congestionamento de navios e insuficiência de contêineres) e menor colheita em 2022/23.
Já na safra 2023/24 (julho/23 até novembro/23), a recuperação na produção de arábica e a maior demanda por robusta favoreceram o escoamento do grão – os embarques já superam 18,77 milhões de sacas, volume 6,2% acima do exportado no mesmo período da temporada anterior (de julho/22 a novembro/22).
Considerando-se apenas o arábica, os embarques na parcial desta temporada somam 13,97 milhões de sacas, apenas 0,1% acima dos do mesmo período da safra anterior. Já para o robusta, 3,38 milhões de sacas já foram exportadas entre julho/23 e novembro/23, mais de sete vezes acima da quantidade escoada no mesmo período da temporada anterior (Assessoria de Comunicação, 8/1/24)