04/02/2019

China atrai exportador de café brasileiro

China atrai exportador de café brasileiro

Com avanço de hábitos ocidentais de consumo no país asiático, vendas de café verde do Brasil mais que dobraram no ano passado

O avanço do hábito de beber café no lugar do chá, especialmente entre a população mais jovem, está fazendo da China o mais novo mercado promissor para as exportações do grão brasileiro. Faz dois anos, por exemplo, que a mineira Veloso Green Coffee começou embarcar café verde para o país asiático. São cafés finos, da variedade arábica, colhidos nos 5 mil hectares de Cerrado que a empresa cultiva no município de Carmo do Parnaíba (MG).

“Nossas vendas em volume para a China têm crescido 30% ao ano e já temos pedidos colocados para este ano inteiro e também o próximo”, conta Gabriel Veloso, trader internacional da empresa. Em 2018, a companhia exportou 192 mil sacas para cerca de 30 países e a China representa uma pequena parcela, de 5% a 10%. Por ser um café diferenciado, os chineses pagam entre 10% a 15% a mais do que o preço médio. 

O avanço no fluxo de negócios com café, basicamente verde, entre Brasil e China já aparece nas estatísticas de exportações, apesar de a fatia do país asiático ainda ser muito pequena (0,46%) no total das vendas. No ano passado, os volumes embarcados para a China, a maior parte de café verde, cresceram 162% em relação ao ano anterior e somaram 162,9 mil sacas de 60 quilos. A receita de US$ 26,9 milhões avançou 143% em comparação com 2017, segundo o Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). 

“Não foi uma surpresa o forte crescimento das exportações para a China”, afirma o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes. Ele argumenta que o aumento do consumo dos chineses, que estão cada vez mais seguindo hábitos ocidentais, tem criado um mercado promissor para o grão. E o Brasil, como maior produtor e exportador mundial, surfa nessa onda.

Entre 2008 e 2018, o consumo de café na China passou de 300 mil sacas para 3,8 milhões de sacas, um aumento de mais de 1.000%, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. A produção local gira em torno de 2,5 milhões de sacas por ano.

Impulsionado pelo rápido avanço das cafeterias, Carvalhaes acredita que, o consumo anual chinês poderá atingir 10 milhões de sacas.

A americana Starbucks, por exemplo, tem mais de 3.600 lojas na China, que se tornou o mercado internacional de maior crescimento para a rede. Ela concorre com a Luckin Coffee, startup de Pequim que entrega em domicílio a bebida pronta para consumo.

Café como status

“Para o chinês jovem, consumir café é sinal de status, semelhante a carregar uma bolsa Channel para um ocidental”, diz o assessor da Comissão Nacional do Café da CNA, Maciel Silva. Apesar do potencial, um obstáculo ao avanço das exportações é o imposto. A China aplica tarifas de importação de 8% para café verde e de 15% para o café torrado e moído (O Estado de S.Paulo, 4/2/19)