CNC: Balanço Semanal de 18 a 22/Outubro/2021
Resolução CMN com alterações
O Conselho Monetário Nacional (CMN) ajustou, nessa quinta-feira (21), as normas para financiamentos ao Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). Conforme acertado anteriormente com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foram destinados R$ 1,318 bilhão na linha de crédito para recuperação de cafezais danificados. A linha poderá ser contratada até o dia 30 de junho de 2022 por cafeicultores cujas lavouras tenham sido atingidas pelas geadas. Esse prazo de contratação se justifica em razão de danos que podem aparecer nas plantas ao longo de alguns meses.
Finalmente chegamos à publicação da Resolução Nº4.954 o que refletiu no encaminhamento do voto, entendendo nossa solicitação feita no Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC). No entanto, “o item IV letra d” merece uma observação quanto ao laudo técnico: propusemos serem feitos pelas Emateres nos estados ou engenheiro agrônomo do quadro dos agentes financeiros ou por eles indicados, visto dar mais transparência ao processo (ver resolução).
Já na letra “e” da resolução foi acrescido – para efeito de financiamento – lavouras que estão fora ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) de 2018, o que também abre uma exceção ao que nós propusemos.
Levantamento Procafé
O Conselho Nacional do Café (CNC) promoveu no último dia 08, um encontro entre os membros do Comitê de Estatística da instituição e o presidente da Fundação ProCafé, José Edgard Pinto Paiva, e o pesquisador Dr. José Braz Matiello, um dos responsáveis pelo trabalho de levantamento das áreas afetadas pelas geadas.
O estudo foi proporcionado pela Organização das Cooperativas do Brasileiras (OCB), validado pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e será utilizado para classificar e qualificar os produtores que terão direito aos recursos especiais do Funcafé (R$ 1.319 bilhão), reservados exclusivamente às propriedades atingidas pela seca e geada.
O Comitê de Estatística do CNC buscou entender a metodologia utilizada pela Fundação Procafé durante o estudo (veja o vídeo no link abaixo). Segundo Matiello, ao todo foram visitadas 1385 propriedades nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná, principais regiões atingidas pelos eventos climáticos adversos.
Os dados principais levantados no questionário foram:
1. área total de cafés adultos e de plantas novas;
2. áreas de produções, colhidas ou a colher;
3. áreas afetadas por geadas com respectivos níveis de danos;
4. a previsão de colheita para 2022, sendo antes da geada e depois dela;
5. A intenção do produtor com relação ao manejo (irá recepar, renovar a lavoura, abandonar ou migrar de cultura).
Silas Brasileiro, presidente do CNC, agradeceu a disponibilidade do presidente, José Edgard, e do pesquisador Dr. José Matiello, em apresentar a metodologia utilizada no estudo pela instituição. “Nosso reconhecimento à fundação ProCafé e aos pesquisadores da equipe pelo exímio trabalho. Agradecemos também à Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, que não tem medido esforços para dar celeridade a todo o processo de liberação dos recursos. Por fim, enaltecemos o presidente da OCB, Marcio Lopes de Freitas, por todo apoio ao setor cafeeiro, demonstrado em todos os momentos”.
Carbono em pauta na COP26
A semana se encerra com o assunto sustentabilidade em alta. A COP26 (Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) se aproxima e o 26º encontro acontecerá entre os dias 31 de outubro a 12 de novembro, na cidade de Glasgow, na Escócia. O evento ocorre anualmente, tendo que ser adiado em 2020 por conta da pandemia de COVID-19. A conferência reúne 197 países para debater assuntos sobre as mudanças climáticas e como serão solucionados os efeitos que elas causam.
O Brasil irá propor reduzir a emissão de carbono equivalente em 1,1 bilhão de toneladas no setor agropecuário. Essa meta foi definida pelo Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária, chamado de ABC+, para o período de 2020 – 2030. O valor é sete vezes maior do que o plano definiu em sua primeira etapa na década passada.
O plano ABC+ é a segunda etapa do Plano ABC, que foi realizado entre 2010 e 2020 e comprovou resultados para além do previsto, mitigando cerca de 170 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente em uma área de 52 milhões de hectares, superada em 46,5% em relação à meta estabelecida. O ABC+ será apresentado pelo Brasil durante a COP 26.
Segundo a coordenadora de Mudanças Climáticas, Florestas Plantadas e Agropecuária Conservacionista do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Fabiana Villa Alves “todas as tecnologias propostas no Plano ABC+ atendem o tripé da sustentabilidade em seu fator ambiental, social, econômico”.
CNC discute semanalmente Carbono Neutro
O Conselho Nacional do Café (CNC) tem promovido encontros fundamentais para a discussão do tema “redução/neutralização de emissão de carbono no cafeeiro”. Em parceria com a Embrapa, o Comitê de Sustentabilidade do CNC se reuniu nesta semana com a pesquisadora Dra. Arminda Moreira de Carvalho (Embrapa Cerrado), que apresentou o projeto coordenado por ela “Balanço de carbono e emissão de gases de efeito estufa (GEE) na cafeicultura do Cerrado”. As pesquisas realizadas até aqui já quantificaram as emissões e mostraram a capacidade das lavouras em estocar carbono.
Silas Brasileiro, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), destaca que as cooperativas estão se interessando cada vez mais em apoiar o produtor para que práticas sustentáveis sejam mais comuns na cafeicultura. “Devemos ter em mente que sustentabilidade não é apenas preservação do meio ambiente. Há um tripé ambiental, social e econômico que devemos seguir. Portanto, os cafés sustentáveis e com emissão neutra de carbono, por exemplo, precisam remunerar o produtor de forma diferenciada, pois é o que acontece em outras cadeias produtivas. Muitas vezes, um produtor aplica todos os conceitos na sua propriedade, enquanto seu vizinho polui de forma irresponsável, mas lá na ponta o valor do produto é igual. Consideramos isso injusto. Vamos buscar planos de remunerar o produtor para que ele preserve, mas seja melhor remunerado, pois seu café é diferenciado”.
Em nota, o Mapa destaca que “com o aumento da produtividade, o produtor se beneficia com a eficiência no uso dos recursos naturais, fatores quase que exclusivos para a produção no campo. É a partir deles, agregados a um sistema que mitiga ou neutraliza o carbono, que o produtor obtém reconhecimento e valorização do seu produto no mercado”.
Crédito especial
A Diretora de Produção Sustentável e Irrigação do Mapa, Mariane Crespolini, destaca que a difusão das tecnologias e o fortalecimento das ações serão trabalhados estrategicamente via assistência técnica e capacitação com o apoio dos entes federados. Segundo ela, os produtores ainda podem contar com um eixo de acesso a crédito e financiamentos via Programa ABC e outras linhas de crédito para a adoção e estímulo dos sistemas produtivos sustentáveis.
Ainda de acordo com o Ministério da Agricultura, tanto a gestão quanto a operacionalização do ABC+ no território nacional envolvem o apoio efetivo do Mapa junto a grupos gestores estaduais, fortalecendo a estruturação de uma rede capilar de governança integrada à política nacional. Assim, o monitoramento e governança evoluem com a sistematização e avaliação dos resultados em sistema informatizado, que será retroalimentado com dados captados por satélites e drones, por exemplo. “Sob o comando da nossa Ministra Tereza Cristina, o Mapa tem realizado um trabalho incomparável. Os servidores e a equipe técnica estão empenhados em fazer o melhor para o Brasil, tendo olhar diferenciado para o produtor, sem perder o foco nos interesses da nação. A pasta hoje é uma das responsáveis para o avanço inconteste do Brasil no mercado internacional, e tem sido basilar na sustentação do país que enfrenta grande crise”, finaliza Silas Brasileiro.
Conexão OCB/ES E CNC
A Organização das Cooperativas Brasileiras no Espírito Santo (OCB/ES) lançou recentemente o boletim “Conexão OCB/ES e CNC”. O informativo foi criado com o objetivo de organizar o envio das informações que são transmitidas para as Cooperativas que compõem o Comitê Estadual do CNC, bem como facilitar e uniformizar a divulgação dos trabalhos e ações desenvolvidas, tornando-as mais atrativas.
Para o Analista de Mercado da OCB/ES, Alexandre Costa Ferreira, a organização quer se comunicar cada vez melhor com os seus cooperados. “Temos uma grande preocupação em, de fato, cientificar e envolver nossas Cooperativas no trabalho que é desenvolvido por nós e pelo nosso estimado CNC. São inúmeras e importantes ações realizadas em defesa dos interesses do setor produtivo cafeeiro, onde identificamos que, muitas vezes, as cooperativas não tomam conhecimento, sendo que esse fato tem trazido reflexões sobre a forma que comunicação com nossas partes interessadas”, explica.
Silas Brasileiro, presidente do CNC, se mostrou extremamente feliz em saber que o conselho tem encontrado parceiros na divulgação do árduo trabalho da entidade, principalmente quanto às ações dos Comitês da instituição. “A criação do ‘Conexão OCB/ES e CNC’, divulgando as ações do Conselho às cooperativas integrantes do Sistema OCB/ES, promove a tão sonhada intercooperação. São muitos projetos dos 4 comitês: Sustentabilidade, Pesquisa & Tecnologias, Estatísticas e Comunicação. Iniciativas como essas são um exemplo a ser seguido por nossas cooperativas associadas”, enalteceu.
“Espero que estejamos no caminho certo, pois devemos sempre permanecer unidos por um único propósito e juntos pelo Cooperativismo”, finaliza Alexandre Ferreira, em mensagem enviada ao CNC.
Mercado de café
Os contratos futuros de café arábica encerram a semana na Bolsa de Nova York atentos ao cenário macroeconômico do Brasil. As especulações político-econômica refletiram no dólar que registrou alta ontem, o que contribuiu para pressionar as cotações do café, apesar dos fundamentos e dos fatores técnicos positivos para o grão.
O dólar à vista teve alta de 1,92% e fechou a R$ 5,667, o maior valor desde 14 de abril (R$ 5,670). A moeda americana acumula valorização de 3,90% nesta semana e de 4,07% no mês de outubro. Segundo corretores, as consequências do atual cenário macroeconômico brasileiro podem impulsionar a alta do dólar, a deterioração das expectativas de inflação, maior aperto monetário e redução do crescimento.
O vencimento dezembro/21, na Bolsa de Nova York, fechou a US$ 2,0330 centavos de dólar por libra-peso, apresentando variação semanal negativa de 10 pontos. Na ICE Europe, o vencimento novembro/21 do café teve alta de US$ 6,00, fechando a sessão dessa quinta-feira (21) a US$ 2.116 por tonelada.
No mercado físico, os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informam que as cotações do café arábica e do robusta subiram ontem (21). Segundo os pesquisadores, a alta do café robusta se deve aos avanços do dólar em relação ao real e dos futuros da variedade. O preço do arábica também registrou alta sustentado pelo dólar e pela retração de vendedores do spot nacional. Os indicadores calculados pela instituição para as variedades arábica e robusta se situaram em R$ 1.257,20 por saca e R$ 753,38 por saca, respectivamente, com variações semanais de 1,89% e -7,18%.
Com relação ao clima, especialistas destacam que o cenário é de alívio, mas a incerteza em relação à oferta do Brasil segue no radar do mercado. As chuvas dos últimos dias favoreceram a abertura de mais floradas nos cafezais brasileiros e já começam a circular no mercado novas previsões para a safra 2022/23 (Assessoria de Comunicação, 22/10/21)