CNC: Balanço semanal de 21 a 25/9/2020
Safra brasileira é suficiente para honrar exportação e consumo
País tem capacidade de armazenamento da colheita, que já tem até 70% do volume comercializado de forma antecipada em algumas cooperativas.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou, na terça-feira, 22 de setembro, seu novo levantamento para a safra 2020 de café no Brasil, que foi estimada em 61,6 milhões de sacas de 60 kg.
O volume apurado pela estatal reforça o posicionamento que o Conselho Nacional do Café (CNC) adotou ao longo de todo esse ciclo cafeeiro, de que não haveria uma supersafra no Brasil e que o total produzido seria suficiente para honrar os compromissos com as exportações, que devem ficar ao redor das 40 milhões de sacas, e com um consumo interno na casa de 21 milhões de sacas.
De acordo com o presidente do CNC, Silas Brasileiro, notícias de que o Brasil colheu uma supersafra de café e que não tem onde armazená-la constituem uma verdadeira especulação mercadológica.
"Sempre observamos esta movimentação que visa, principalmente, a depreciar o produto nas negociações. Mas esses atores esquecem que tirar competitividade e, consequentemente, a renda dos produtores gerará um impacto em médio e longo prazo no equilíbrio, hoje existente, entre oferta e demanda", analisa.
BRASIL TEM CAPACIDADE DE ARMAZENAMENTO
A safra brasileira de café deste ano foi positiva no que diz respeito a volume - é a segunda maior colheita da história – e, em especial, qualidade. As questões climáticas na época da colheita, com quatro meses praticamente sem incidência de chuvas, favoreceram o andamento dos trabalhos.
Além disso, diante do cenário de pandemia da Covid-19, o CNC, em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), lançou a cartilha “Orientações sobre prevenção ao coronavírus durante a colheita do café”, que contribuiu para o bom desenvolvimento da cata.
“A combinação de clima seco com as instruções que transmitimos permitiram um andamento célere da colheita, culminando em maior entrada de café nos armazéns de nossas cooperativas em um período mais estreito. Isso não foi problema, pois as coops cafeeiras que compõem o CNC vêm se estruturando e aumentando suas capacidades”, explica Brasileiro.
COMERCIALIZAÇÃO
Outro ponto levantado por ele, que justifica o maior volume de café estocado nas cooperativas, reflete o profissionalismo e a capacitação dos produtores na negociação. “A maior parte desse café nos armazéns não implica excesso de oferta, uma vez que, dependendo da cooperativa e de sua localidade, entre 60% e 70% desse produto estocado já se encontra comercializado, percentual acima de uma média, para esse período, que se situa pouco acima de 40%”, revela.
O presidente do CNC destaca que os produtores estão cada vez mais capacitados e contam com a expertise dos departamentos técnicos das cooperativas para realizarem bons negócios, travando suas vendas de maneira antecipada. “O resultado é que os cafeicultores cooperados entregam, hoje, seu café acima de R$ 600 por saca, preço superior ao negociado no mercado físico atualmente", compara.
As diversas formas de comercialização que as cooperativas do CNC oferecem, como barter, que envolve a troca do café por insumos e maquinários, por exemplo, também contribuem para o cenário de bons volumes estocados. “Por isso grande parte dos cafés armazenados já está vendida, com nossas cooperativas os preparando para entregá-los aos compradores”, explica.
Brasileiro anota, ainda, que a demanda pelo produto brasileiro permaneceu aquecida, mesmo com o cenário da pandemia da Covid-19. “O Brasil cumpriu seu papel de produzir com qualidade em quantidade para suprir a demanda dos nossos clientes internos e internacionais. Dizer que há uma supersafra e que existe café sobrando, sem espaço para armazenamento, não condiz com a realidade do país, que possui a cafeicultura mais estruturada e profissional do mundo”, conclui.
ATUALIZAÇÃO DO FUNCAFÉ
Até hoje (25), 30 instituições financeiras assinaram contratos para o recebimento de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), totalizando R$ 5,108 bilhões, valor que corresponde a 89,45% do total de R$ 5,710 bilhões disponíveis. Ainda restam dois agentes – Santander Brasil (tomou parcialmente os recursos) e Citibank – que se credenciaram a rubricar os contratos, envolvendo um montante de R$ 602,5 milhões.
Já a liberação dos recursos aos agentes até o momento se encontra em R$ 2,061 bilhões, com data de referência de 4 de setembro. Do volume repassado, R$ 861,4 milhões foram destinados à Comercialização, o que corresponde a 37,5% do disponibilizado para esta linha; R$ 566,4 milhões para Custeio (35,4%); R$ 362,1 milhões ao Financiamento para Aquisição de Café - FAC (31,5%); e R$ 270,6 milhões para Capital de Giro (41,6%).
CNC debate reforma tributária com parlamentares
Entidade mantém constantes contatos para buscar uma reforma que seja equilibrada e não onere com sobretaxas a população e o agro.
Na quarta-feira, 23 de setembro, o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, reuniu-se com o deputado federal Zé Vitor, dando continuidade ao permanente trabalho que a entidade vem realizando em relação à reforma tributária.
"Estamos realizando contatos constantes para que nossos parlamentares estejam brifados sobre os impactos que as três propostas têm para onerar o agro brasileiro", comenta o presidente do CNC, que, entre outros, também mantém contato com o presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop) e vice-presidente da Frente Parlamentar do Café, deputado Evair de Melo.
Brasileiro informa que tramitam, hoje, três propostas de reforma tributária. A PEC 45, da Câmara; a PEC 110, do Senado; e o Projeto de Lei 3.887, do Governo Federal, proposições que divergem entre si, mas que geram uma mesma preocupação à cadeia produtiva do café e ao agro como um todo, que é o potencial que possuem para elevar os impostos.
"Por isso, temos trabalhado, em parceria com as demais entidades do segmento, junto ao Congresso e ao Governo Federal, para demonstrar que as três propostas existentes penalizam a população e o agronegócio e que não podem ir adiante nesse formato. Esse alinhamento com as demais representações, parlamentares e governantes é fundamental para que cheguemos a um texto que possibilite uma reforma equilibrada, necessária, justa e que simplifique a complexibilidade da tributação em nosso país", encerra.
OIC: CNC participa de debate sobre revisão do AIC 2007
Delegações internacionais apreciaram as sugestões apresentadas pelo Brasil, que implicam melhorias na Organização e promoção do consumo.
O Conselho Nacional do Café (CNC) participou da 127ª Sessão do Conselho Internacional do Café e das demais reuniões realizadas pela Organização Internacional do Café (OIC), de forma virtual, na primeira quinzena de setembro.
Um dos temas debatidos nos encontros do colegiado, que reúne representantes de países produtores e importadores do mundo cafeeiro, foi a revisão do Acordo Internacional do Café de 2007 (AIC 2007).
Durante as discussões, as delegações internacionais apreciaram as sugestões apresentadas pelo Brasil, que foram elaboradas pelo CNC em conjunto com as demais entidades que representam o setor privado no Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) do país.
O documento sugere quatro eixos a serem trabalhados para o aprimoramento da OIC: (i) aperfeiçoamento da governança e da gestão de processos; (ii) estatísticas e inteligência de negócios; (iii) negociações comerciais; e (iv) promoção do consumo global do café.
“As propostas objetivam a modernização dessas quatro áreas para que as reuniões da Organização tenham mais dinamismo e sejam gerados produtos tangíveis e de interesse do setor privado do café”, comenta o presidente do CNC, Silas Brasileiro.
Conforme ele, o documento foi recebido com muito interesse pelos demais países, principalmente em relação às proposições sobre aprimoramento das estatísticas e promoção do consumo.
“Nos últimos anos, o CNC tem consistentemente defendido mais foco de atuação pela OIC nessas duas áreas. A existência de um sistema atualizado, crível e transparente de estatísticas é ferramenta fundamental para a formulação de políticas que visem a prevenir e mitigar os impactos do desequilíbrio de mercado, preservando a renda dos cafeicultores", avalia Brasileiro.
Em relação à promoção do consumo, o Brasil sugere que a Organização atue mais ativamente, coordenando campanhas e gerando publicidade para o café, constituindo um fundo específico para este fim.
"A promoção permanente do consumo de café, principalmente nos países produtores e mercados emergentes, é fundamental para o equilíbrio entre oferta e demanda e a consequente formação de preços remuneradores aos cafeicultores de todos os países produtores", reforça.
O presidente do CNC informa que outro ponto relevante do documento apresentado pelo Brasil foi a solicitação da prorrogação por um ano da vigência do atual AIC 2007, que expiraria em fevereiro de 2021.
"Diante dos desafios impostos pela pandemia da Covid-19, da complexidade dos temas em avaliação – a exemplo da incorporação do setor privado à OIC – e das dificuldades financeiras da Organização, a decisão do Conselho Internacional do Café de prorrogar a vigência do AIC 2007 por um ano foi correta, pois é necessário mais tempo para amadurecerem as discussões em andamento", conclui Brasileiro.
Café volta a recuar na semana, mas pode ter encontrado piso
Até a última quinta-feira, futuros recuaram em oito pregões consecutivos na Bolsa de NY. Ontem houve leve recuperação
Os contratos futuros do café voltaram a ter desempenho negativo ao longo da semana encerrada ontem. Contudo, com o último fechamento positivo, analistas acreditam que o mercado pode ter encontrado piso em torno de US$ 1,10 por libra-peso. Até a quinta-feira, foram oito pregões com fechamentos negativos consecutivos.
Segundo eles, a tendência é que agora os preços oscilem menos, aguardando novidades do lado fundamental. Na Bolsa de Nova York, o vencimento dez/2020 encerrou a sessão de ontem a US$ 1,1115 por libra-peso, acumulando perdas de 235 pontos. Na ICE Europe, o vencimento nov/2020 caiu US$ 4, fechando a US$ 1.352 por tonelada.
O dólar comercial subiu 2,5% na semana frente ao real, registrando quatro avanços nos últimos cinco pregões. O ambiente externo incerto em relação ao ritmo de recuperação da economia mundial, devido ao crescimento no número de casos da Covid-19 na Europa, e indicadores mistos da atividade econômica nos EUA fazem com que investidores fujam do risco e se protejam no dólar. Ontem, a moeda fechou a R$ 5,51.
Em relação ao clima, a Somar Meteorologia informa que o tempo permanecerá predominantemente quente e seco em todo o Sudeste até o fim de setembro. O serviço alerta que, sem chuva, a atenção se volta aos níveis de umidade relativa do ar nas horas mais quentes do dia e ao aumento no número de focos de queimada.
A Somar aponta, ainda, que as temperaturas se elevam e facilmente ultrapassarão os 30ºC em várias áreas. A previsão para o retorno das precipitações é na primeira semana de outubro, na faixa entre o leste de São Paulo e o Rio de Janeiro, mas sem expectativa para grandes volumes acumulados.
No mercado físico, o arábica acompanhou a queda internacional, mas o conilon avançou na semana, graças à presença de compradores, ainda que a liquidez tenha sido baixa. Os indicadores calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para ambas variedades ficaram em R$ 536,31/saca e R$ 396,55/saca, com perda de 1,6% e ganhos de 2,9%, respectivamente (Assessoria de Comunicação, 25/9/20)