CNC: Balanço Semanal de 22 a 26/0/2021
Legenda: Fundo perderá superávit caso a PEC 186 seja aprovada nos moldes atuais; entidade defende aprovação da Emenda 86, do senador Rodrigo Pacheco
O Conselho Nacional do Café (CNC) está mobilizando os cafeicultores, suas associações e cooperativas de produção com o objetivo de sensibilizar os senadores para a aprovação da Emenda No 86, de autoria do Senador Rodrigo Pacheco, à Proposta de Emenda Constitucional 186/2019, a PEC Emergencial.
“A PEC 186 possui dispositivos que autorizam o desvio da aplicação do superávit do Funcafé de sua finalidade precípua, que é financiar a cafeicultura, para o pagamento da dívida pública federal”, alerta o presidente do CNC, Silas Brasileiro.
Para evitar a perda desses recursos, “que são dos cafeicultores”, ele explica que o CNC tem dialogado com os parlamentares, desde agosto de 2020, e apresentou a sugestão de alteração da PEC 186, visando à preservação do superávit do Funcafé.
“Em articulação estreita com a Frente Parlamentar do Café, representada por seu vice-presidente e também vice-líder do Governo no Congresso, deputado Evair de Melo, nossas sugestões foram internalizadas no Parlamento e o senador Rodrigo Pacheco assumiu a defesa do Funcafé na PEC 186, apresentando a Emenda No 86, que impede o desvio do superávit do Fundo para a amortização da dívida pública federal”, explica.
No entanto, Brasileiro informa que o CNC foi surpreendido nesta semana com a apresentação do relatório pelo senador Márcio Bittar, que não acatou a Emenda No 86, afirmando “categoricamente” que o superávit financeiro do Funcafé poderá ser usado para o pagamento da dívida pública.
“O CNC está em contato direto com todos os senadores, solicitando apoio para a modificação desse relatório, visando à preservação do superávit do Funcafé. Estamos explicando, mais uma vez, que o nosso Fundo foi constituído com recursos confiscados dos próprios cafeicultores e, atualmente, é o principal instrumento de crédito rural exclusivo à cafeicultura”, comenta.
O presidente do CNC lembra que o Funcafé não é realimentado há 16 anos e que não existem contribuições específicas que o abasteçam, de maneira que ele não é um ônus para o governo e nem responsável pelos desequilíbrios fiscais do Brasil.
“Justamente por não ser mais realimentado, sua longevidade será severamente afetada pela eliminação de seu superávit, prejudicando as gerações futuras de cafeicultores brasileiros”, analisa.
Além dessas ações diretas junto ao Congresso Nacional, o CNC também está convocando os cafeicultores, suas associações e cooperativas de produção a manifestarem, diretamente a todos os senadores, a importância da aprovação da Emenda No 86, de autoria do senador Rodrigo Pacheco, presidente da Casa.
“Mostrando a força e a grandeza de nossa cafeicultura, principal fonte de renda em 1.983 municípios brasileiros e com imensa importância social ao país, com a geração de 8,4 milhões de empregos e a fixação de 308 mil agricultores no campo, sendo 78% da agricultura familiar, esperamos que o Senado se sensibilize e não aprove a eliminação de parte substancial dos recursos do Funcafé”, conclui Brasileiro.
Entidades setoriais precisam se fortalecer diante das mudanças
Legenda: Presidente da OCB faz alerta para que instituições fortaleçam sua representação para melhor atuação frente a mudanças no mundo e à melhora do modelo político no Brasil
O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, diante das mudanças que se instalam no mundo, de forma mais acelerada devido à pandemia da Covid-19, destaca que as instituições de classe, como o Conselho Nacional do Café (CNC), que possui tradição e uma história a contar, precisam ser fortalecidas e reforçar a sua representação.
A colocação também se enquadra dentro do contexto de amadurecimento do modelo político no Brasil, após a eleição dos novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, e foi feita durante Assembleia Geral Ordinária (AGO) do CNC, realizada ontem, 25 de fevereiro, de maneira virtual.
Freitas alerta que o cenário de pandemia trará muitas dificuldades a todos os setores, inclusive ao cooperativismo e ao agro, que propulsionam a economia do país, por isso é necessária a organização setorial. “Cabe a nós, organizados, posicionarmo-nos tecnicamente, sem emoção, com essa visão global do cenário de transformação e de mudança, para que possamos avançar e buscar os melhores cenários a nossos segmentos”, destaca.
O presidente do Sistema OCB anota, ainda, que a entidade estende todo o apoio necessário ao CNC, “que é quem age em defesa do cooperativismo cafeeiro” no Brasil. Nesse sentido, conclama as cooperativas do setor a entenderem a gigantesca transformação que ocorre no planeta, “que é o nosso mercado”, e observar como a nova geração, os novos consumidores, leem o mundo, que é muito focada na percepção.
“Temos que demonstrar nosso valor de maneira muito mais ousada, diferente, de uma forma como os jovens e as novas gerações o percebam. O mais do mesmo não está nos levando a lugar nenhum. A comunicação moderna é muito mais de percepção do que de uma propaganda direta. O CNC, as cooperativas e a cafeicultura brasileira devem encarar isso de maneira muito séria, pois isso não é uma onda, é uma tendência”, conclui.
NO CONGRESSO
O vice-líder do Governo Federal no Congresso Nacional, deputado Evair de Melo, também participou da AGO do CNC e manifestou seu trabalho para a preservação do Fundo de Defesa da Economia cafeeira (Funcafé), com suas atuações nas Frentes Parlamentares do Cooperativismo (Frencoop) e Mista do Comércio Internacional e do Investimento (FrenCOMEX), que preside, e como vice-presidente nas Frentes Parlamentares da Agropecuária e do Café.
O congressista anotou a importância do Funcafé para o setor, sendo ele o banco para o financiamento do desenvolvimento da cafeicultura nacional, e se comprometeu, no exercício de seu mandato, a continuar os trabalhos para a preservação desses recursos exclusivos à atividade.
“Precisamos fortalecer nossa representatividade. Farei qualquer sacrifício para que, em Plenário, tenhamos votos que sejam aprovados. Abro mão de um monte de outras coisas, porque quero encerrar o nosso mandato com as entregas ao nosso agro brasileiro”, posiciona-se.
Futuros do café disparam nos mercados internacionais
Aperto na oferta global e provável reaquecimento do consumo nos EUA e na Europa deram o tom positivo aos preços na semana.
Os contratos futuros do café tiveram ganhos substanciais ao longo da semana, puxados por uma combinação de fatores que envolvem a possibilidade de aperto na oferta mundial, devido a problemas no Brasil, Vietnã e países da América Central, e ao provável reaquecimento do consumo, à medida que a vacinação contra a Covid-19 avança nos Estados Unidos e na Europa.
Na Bolsa de Nova York, o vencimento maio/21 encerrou o pregão de ontem (25) a US$ 1,4005 por libra-peso, acumulando valorização de 1.090 pontos ante a sexta-feira passada. Na ICE Europe, o vencimento março/21 do café robusta avançou US$ 116 no intervalo, ficando negociado a US$ 1.459 por tonelada.
Analistas apontam que nem mesmo o ciclo de alta do dólar foi capaz de conter a evolução dos futuros do café e ainda acreditam que a commodity pode atingir patamares superiores. Ontem, a divisa norte-americana fechou negociada a R$ 5,514, acumulando ganhos semanais de 2,4%.
Com a forte alta internacional, as cotações do café também avançaram significativamente no Brasil, trazendo de volta a liquidez ao mercado físico.
O indicador calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para a variedade arábica voltou a bater seu recorde nominal, a R$ 746,14/saca, subindo 9,6% na semana. O do robusta evoluiu 5,5% no período, situando-se em R$ 452,08/saca (Assessoria de Comunicação,26/2/21)