CNC: Balanço Semanal de 28/2 a 4/3/22
Rússia x Ucrânia: Qual o impacto para o mundo do café?
Por Silas Brasileiro – Presidente do Conselho Nacional do Café
O Conselho Nacional do Café (CNC) evita todo e qualquer comentário que não seja referente ao setor, seja sobre a indústria ou mercado. No entanto, como é normal quando acontece alguma ação que não é comum, há sempre um grande alarde, não faltam opiniões das mais diversas possíveis, sempre avassaladoras e emitidas de maneiras tenebrosas.
O presidente da Rússia, Vladimir Vladimirovitch Putin, se dá o capricho de massacrar um país que corresponde, em tamanho, ao estado de Minas Gerais, invadindo a vizinha Ucrânia, muito embora com um exército infinitamente maior e com território duas vezes superior ao tamanho do Brasil, atacando alvos civis e militares. Não poupa vidas, seja de crianças, mulheres, homens e idosos de qualquer gênero, destruindo assim, edifícios – que além de históricos terão custo altamente elevados para reconstruções necessárias (se é que isso seja possível).
Mas, vamos a algo que diretamente atingiu o mundo e no Brasil também não poderia ser diferente, que é o custo de vida para manutenção da mesa de todos nós. Como acontece em cada catástrofe ou ambiente desfavorável, sempre vem aqueles que ao invés de amenizar a crise dão destaque negativo especial que torna o ambiente ainda mais sombrio de uma forma exagerada.
Temos consciência de que principalmente os fertilizantes serão afetados, porém parcialmente, e não na amplitude que querem dar. Quanto aos agroquímicos ou pesticidas, também a elevação dos custos foi além de qualquer previsão. Em 2022, podemos afirmar que as correções feitas fugiram do controle, alcançando preços quase que proibitivos. Portanto, o reflexo é muito menor daquele que se propaga. Já vimos o barril de petróleo chegar a ser cotado em U$155. Além disso, já vivemos uma inflação interna de 84%.
Concluindo, afirmamos que teremos as condições necessárias para o enfrentamento dos efeitos dessa guerra. No entanto, mais do que nunca, se faz necessário enfrentar o desafio que nos é apresentado, de cabeça erguida, acreditando que tudo isso será passageiro e, assim, continuar avançando com nossos objetivos voltados sempre a um trabalho dedicado e mais eficiente do que nunca. Não temos condição de darmos a boa notícia de que a guerra terminou, mas podemos acreditar em nós mesmos para enfrentar esses desafios e contar com a estrutura que nossas cooperativas oferecem aos produtores de café do Brasil.
CNC e consultoria dão andamento a projetos do setor cafeeiro
O Conselho Nacional do Café (CNC) está em constante monitoramento – com o apoio da BMJ Consultores Associados (Barral) – de assuntos relevantes para o setor cafeeiro. Durante essa semana foram feitas adequações importantes dentro do Programa Café Produtor de Água, visando atender toda a legislação relacionada ao tema. Ainda, foram discutidas ações de melhoria na legislação do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (FUNCAFÉ), de forma a atender as exigências do Tribunal de Contas da União (TCU), bem como conferir maior transparência e eficiência na gestão do Fundo. Estiveram na sede do CNC, os assessores jurídicos da Barral Consultoria, Matheus Soares e Ana Clara de Albuquerque, que estão trabalhando diretamente nas melhorias, contribuindo para entregas relevantes e necessárias para o desenvolvimento e modernização do setor como um todo.
Mercado de café continua em queda e se compara aos níveis de 2021
Os contratos futuros de café arábica voltaram a registrar queda, nessa quinta-feira (03), na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). O vencimento maio/22, o mais negociado, caiu 2,75% ontem (630 pontos) e pode tecnicamente testar níveis mais baixos, como 220 cents e 212 cents. No entanto, especialistas veem a atual queda como uma oportunidade de compra, tendo em vista os fatores que vem pressionando o mercado como atuação especulativa, fundos de investimento comprados e a invasão da Ucrânia pela Rússia.
O vencimento março/22, na Bolsa de Nova York, fechou a US$ 2,2415 centavos de dólar por libra-peso, apresentando variação semanal negativa de 1.590 pontos. Na ICE Europe, o vencimento março/22 do café teve queda de US$ 131,00, fechando a sessão dessa quinta-feira (03) a US$ 2.162,00 por tonelada.
Com relação a exportação do café do Brasil, o conflito armado entre Rússia e Ucrânia pode estar pesando contra as cotações do grão. Segundo relatório do banco alemão Commerzbank, o Brasil está exigindo, com efeito imediato, 100% de adiantamento para embarques de café para a Rússia, em meio à considerável incerteza gerada pelas sanções e pela exclusão dos bancos russos do sistema internacional de pagamentos SWIFT. O Brasil exportou 1,2 milhão de sacas de café para a Rússia no ano passado, tornando o país do leste europeu o sexto maior importador da commodity do mundo. Apesar disso, os fundamentos continuam sustentando as cotações do café. No entanto, a produção deste ano ainda é uma incógnita, devido à seca e a geada do ano passado.
A queda do dólar em relação ao real também favorece as commodities cotadas na divisa norte-americana. Na quinta-feira (03), o dólar caiu mais 1,55%, fechando a sessão cotado a R$ 5,028, voltando aos níveis anteriores ao início da guerra na Ucrânia.
No mercado físico, os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informaram que as cotações domésticas do café arábica e do robusta continuam em queda e os mercados de ambas as variedades estão travados, por causa da forte desvalorização dos produtos. Segundo os pesquisadores, a baixa das cotações do café arábica refletiu o recuo dos futuros da variedade. A desvalorização do dólar também pressionou o mercado. Os futuros do robusta vêm acompanhando as quedas do arábica, pressionando os valores domésticos. Os indicadores calculados pela instituição para as variedades arábica e robusta se situaram em R$ 1.330,63 por saca e R$ 773,10 por saca, respectivamente, com variações semanais de -7,24% e -3,94% (Assessoria de Comunicação, 4/3/22)