05/07/2021

CNC: Balanço Semanal de 28/junho a 2/julho 2021

CNC: Balanço Semanal de 28/junho a 2/julho 2021

Funcafé: Há 35 anos alavancando cafeicultura brasileira

O Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) foi criado em 1986, pelo Decreto-Lei nº 2.295, e regulamentado pelo Decreto nº 94.874. Gerido pelo Ministério da Economia e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com auxílio do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), o Fundo destina-se ao financiamento, modernização, incentivo à produtividade da cafeicultura, da indústria do café e da exportação; ao desenvolvimento de pesquisas, e da defesa do preço e do mercado. São diversos benefícios que o cafeicultor tem para o custeio e ordenamento da oferta de café, evitando que produtores e cooperativas tenham que vender seus produtos nos períodos em que os preços estão baixos. O Fundo também estimula o crescimento do consumo interno e externo de café produzido no Brasil.

Nos financiamentos liberados no âmbito do Funcafé a taxa de juros é definida por Resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN). Os recursos do Fundo são focados para o financiamento direto da atividade cafeeira e em menor quantidade para a equalização das taxas de juros, o que possui potencial de beneficiar maior número de agricultores. O Funcafé é extremamente importante para o setor investir em pesquisa, custeio, estocagem, financiamento para aquisição de café e capital de giro às cooperativas, indústrias e exportadores. Nesta safra, o orçamento foi de R$ 5,95 bilhões, 4,2% a mais do que em 2020.

O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, lembra que, desde a criação do Funcafé, em 1986, o setor teve um ganho real de 349% em seus recursos, o que reflete a boa gestão por meio da sinergia entre os segmentos da cadeia produtiva e o Governo Federal no âmbito do Conselho Deliberativo da Política do Café. “Para a safra atual, obtivemos o orçamento recorde de quase R$ 6 bilhões e, como conquista do CNC, a publicação da Resolução 4.824, que desmistifica o fato dos recursos não chegarem ao produtor, pois ela permite a exposição dos valores e de quem foi o tomador”, destacou.

Apesar do esforço do CNC em manter as melhores taxas e orçamento para o setor, a taxa de juros para a safra 2021/2022 foi definida, pelo Ministério da Economia, em 7% a.a., sendo 4% para a realimentação do Fundo e flexibilidade entre 0% e 3% para spread bancário indo contra a proposta apresentada pelo CDPC de fixação do limite de juros em até 6% para todas as linhas de financiamento: Custeio, Estocagem,  Financiamento para Aquisição de Café (FAC), Recuperação de Cafezais Danificados e Capital de Giro para indústrias e cooperativas de produção.

“Devido à safra menor, resultado das condições climáticas desfavoráveis ao longo de 2020 e da bienalidade negativa do arábica, não é o momento dos produtores enfrentarem aumento de juros. Mas, o cenário macroeconômico influenciou diretamente a definição do patamar básico dos juros do Plano Safra, impactando também o Funcafé”, ressaltou Brasileiro.

O CNC também trabalhou intensamente no valor voltado para a comercialização do café, no sentido de garantir recursos para o FAC e para o comércio exportador, evitando assim a concentração de oferta de café e a distribuição em um período mais longo. Para as cooperativas, além dos repasses do Funcafé e a disponibilização dos serviços aos produtores, a armazenagem garante segurança e qualidade ao produto. Nesses 35 anos de existência do Funcafé os resultados são notórios, como o crescimento da produção cafeeira, da participação do Brasil no mercado mundial e da receita cambial gerada pelo Fundo.

“De 1986 a 2020, a produção de café subiu de 5 sacas por hectare para 33. A participação do país no mercado mundial foi de 17% para 37%. A receita cambial, inicialmente de US$ 1,9 bilhões, hoje atinge US$ 5,6 bilhões. Temos nos empenhado para alcançar esses resultados, especialmente no que tange à qualidade e à transparência da gestão”, celebrou o presidente do CNC com base nos dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e pelo Departamento de Agricultura do Estados Unidos (USDA).

O repasse dos recursos do Funcafé com antecedência aos produtores e às cooperativas de café também é incentivada pelo CNC, a fim de auxiliá-los de forma mais efetiva nos custos com a produção, estocagem e comercialização do café. Outro ponto importante e que merece atenção é com relação ao incentivo à pesquisa. O Brasil desenvolve o maior programa mundial de pesquisas de café e a base de todo o trabalho é a constante preocupação com a qualidade. Avanços significativos da cafeicultura brasileira estão relacionados a expressivos investimentos em pesquisa como melhoramento genético, controle de pragas, biotecnologia, nutrição e fertilidade de solos, tecnologias pós-colheita, entre outros projetos desenvolvidos por instituições parceiras participantes do Consórcio Embrapa Café, coordenado pela Embrapa Café. O aumento dos recursos do fundo são relativamente proporcionais à evolução da produção, conforme gráficos abaixo. Isso mostra a eficiência e solidez do Funcafé.

O Programa de Certificação de Produtos Agropecuários e Agroindustriais do Estado de Minas Gerais, Certifica Minas, tem a finalidade de assegurar a qualidade dos produtos agropecuários e agroindustriais produzidos no Estado e a sustentabilidade de seus sistemas de produção, proporcionando a esses produtos uma maior competitividade e favorecendo sua inserção nos mercados nacional e internacional. Foi instituído através da Lei Estadual Nº 22.926, de 12 de janeiro de 2018, mas idealizado há muitos anos atrás pelo então Secretário Estadual de Agricultura, Silas Brasileiro, hoje presidente do Conselho Nacional do Café.

Na última semana, a Expocaccer – Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado conquistou o selo Certifica Minas, se tornando a primeira cadeia de custódia certificada pelo programa, podendo assim armazenar e comercializar os cafés de produtores que detém tal certificado.

“Quando lançamos o projeto durante nossa gestão frente à pasta da Secretaria de Agricultura de Minas vislumbrávamos o que hoje de fato acontece: um programa confiável e especial para os produtores que se dedicam em produzir com certificação.”, lembra Silas Brasileiro.

Conquista importante

O presidente do CNC destacou ainda a importância dessa conquista para os pequenos produtores de Minas Gerais. “O que nos levou a idealizar e preparar toda a regulamentação do Certifica Minas foi o alto custo das demais certificações existentes. Isso inviabilizava a entrada dos pequenos no processo. Hoje, o Certifica Minas é a certificadora de menor custo, por isso a sua importância”.

Silas Brasileiro finaliza exaltando a conquista da Expocaccer. “É de fato um grande avanço para os cafeicultores do cerrado. Trata-se de um salto de qualidade no armazenamento e comercialização da produção. Parabenizamos a Expocaccer pela conquista, pois por sermos idealizadores do programa sabemos o quão rigoroso é o processo de certificação. Isso demonstra a qualidade dos serviços oferecidos pela cooperativa”, finaliza.

Mercado café

Os contratos futuros de café encerram a semana sem força na Bolsa de Nova York, devido a recuperação do dólar em relação ao real que se destacou pressionando as cotações. O vencimento setembro/21, o mais negociado, fechou a quinta-feira (1º) com queda de 2,10%, a US$ 156,40 centavos de dólar por libra-peso.

O vencimento julho/21, na Bolsa de Nova York, fechou a US$ 1,5600 centavos de dólar por libra-peso, apresentando variação semanal negativa de 125 pontos. Na ICE Europe, o vencimento julho/21 do café subiu US$ 17,00, fechando a sessão de ontem (1º) a US$ 1.716 por tonelada.

O dólar comercial encerrou a quinta-feira (1º) com alta de 1,45% em relação ao real, fechando a R$ 5,0453. Maior nível desde o último dia 18 de junho (R$ 5,0687). Segundo corretores, fatores internos e externos influenciaram no aumento da moeda.  

Em relação ao clima, a Somar Meteorologia informa que uma massa de ar seco atua no fim de semana em toda a Região Sudeste. Com tempo firme nas quatro capitais da região, o sol aparece, mas a umidade pode ficar baixa nas horas mais quentes do dia. As temperaturas tendem a subir gradativamente.

No mercado físico, os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informam que as cotações do café arábica e robusta tiveram alta ontem (1º). Segundo os pesquisadores, os preços do café subiram impulsionados pelo aumento do dólar. Os indicadores calculados pela instituição para as variedades arábica e robusta se situaram em R$ 846,16 por saca e R$ 501,44 por saca, respectivamente, com variações de 1,73% e 1,77%. Para o café robusta, de acordo com os pesquisadores, a alta externa da variedade manteve os preços domésticos do grão em níveis superiores, possibilitando o fechamento de mais negócios (Assessoria de Comunicação, 2/7/21)