10/01/2022

CNC: Balanço Semanal de 3 a 7 de Janeiro de 2022

Cultivo de novas áreas de café não é a melhor solução para o desabastecimento

É curioso tantos comentários em relação a safra de café colhida em 2021 e a que será colhida em 2022. Os comentários fundamentam-se em duas vertentes:  ressaltam uma safra pequena em 2021 e outra indefinida para 2022. Assim, alguns analistas sugerem como solução o aumento de novas áreas para cultivo de café.

O que causa estranheza é que com 1,81 milhão ha em produção e 391,56 mil ha em formação, teremos cerca de 2,2 milhões ha de área total com cafezais que, sendo assim, em condições normais de clima, pela média de produtividade, a safra 2021/2022 chegaria a uma produção de 71,5 milhões sacas colhidas.

Não é por demais afirmar que temos área cultivada suficiente para abastecimento do mercado interno e para a exportação. Contudo, o que nos assusta é que o mercado não reage a realidade para estimular os produtores a continuarem na sua atividade. Historicamente, o preço alto faz com que a produção mundial de café cresça, mas infelizmente, depois de subidas temos grandes quedas de preços internacionais, pelo excesso de oferta.

Hoje, com os custos elevados dos insumos para manutenção das lavouras, salários e encargos, vivemos o dia a dia de um mercado altamente especulativo com uma oscilação de preços baixos que não cobrirão os custos de produção. Se temos na história do café 44,7 milhões de sacas exportadas, o melhor volume já registrado, e o consumo de 21 milhões de sacas, significa que a nossa avaliação está correta e, em condições normais de clima, podemos elevar ainda mais a nossa produtividade com a área já cultivada.    

Por isso, temos que ter cautela em relação aos estímulos de preços praticados hoje, os quais, em condições normais, dariam resultados positivos para os produtores. No entanto, aqui fica a interrogação: como será nosso futuro se as adversidades climáticas continuarem, ou ainda, se mantiverem dentro da normalidade? Assim, no caso de condições adversas, seria vantajosa a expansão da área.

Em nossa visão, devemos esperar que o mercado compreenda que basta remunerar de forma justa para que os produtores produzam o suficiente para o abastecimento.

MAPA e CNC podem ser elo entre certificadores, plataformas e atores do setor

O Brasil é o principal produtor de café do mundo e o segundo maior consumidor, sendo evidente a preocupação com o acesso restrito aos ingredientes ativos necessários para o controle dos problemas fitossanitários da cafeicultura. O Conselho Nacional do Café (CNC), como legítimo representante da cafeicultura nacional, está em permanente diálogo junto às Certificadoras e Plataformas Sustentáveis, para que se adequem à necessidade de atualização da lista de pesticidas conforme a legislação brasileira, a fim de evitar perdas econômicas e sociais. 

“A lista de pesticidas precisa de uma abordagem mais agronômica e equilibrada, viável às características da nossa agricultura tropical, de forma a preservar o elevado nível de produtividade que garante uma renda digna para cafeicultores, gerando emprego ao longo de toda a cadeia produtiva. A alegação de que existem outros defensivos é verdade, entretanto, sem a mesma eficácia”, argumenta Silas Brasileiro, presidente do CNC.

Diversidade na produção

O café brasileiro é cultivado em diversos biomas e é diretamente atingido pelas mudanças climáticas, como vem ocorrendo nos últimos anos, com forte seca nas áreas produtoras, afetando negativamente a produção, além do iminente risco do ataque de pragas e doenças atingirem os cafezais, já que o Brasil tem um clima tropical. Isso exige, muitas vezes, um combate cuidadoso para que a produtividade não seja afetada.

O CNC manifesta grande preocupação e reforça que banimentos e proibições no uso de defensivos agrícolas, sem outra opção de ingrediente ativo para a mesma finalidade, são decisões que cabem apenas às autoridades regulatórias nacionais, preservando os benefícios de moléculas que ainda podem ser úteis para alcançar uma produção de café sustentável (em econômica, ambiental e social).

Diálogo constante

Em busca de união e diálogo entre produtores, certificadoras e indústrias químicas, o CNC se reuniu com a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), no mês de dezembro de 2021.

“Nossa preocupação é com o curto prazo, já que a data limite para proibição do uso de determinadas moléculas está entre 2023 e 2030. Não podemos correr o risco de chegar no prazo estabelecido sem alternativas. Para isso, é preciso alcançar um encaminhamento junto às empresas do setor, bem como trabalhar junto às certificadoras e plataformas, a fim de que suas exigências, não compatíveis com a realidade da agricultura tropical, comprometam a produção de café no país”, ressalta Silas Brasileiro.

A cafeicultura brasileira é destaque mundial por produzir conforme o princípio da sustentabilidade, atendendo a segurança alimentar e respeitando o meio-ambiente. O CNC destaca que o Mapa, através da Secretaria de Defesa Agropecuária, é o grande elo entre produção, indústria, certificadoras e plataformas, quanto ao uso de pesticidas.

Os contratos futuros de café arábica encerram a primeira semana no novo ano sem grandes variações na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). Os contratos tiveram movimento lateral, com baixa volatilidade, ainda retornando das festas de fim de ano. Na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), os contratos futuros do café robusta não acompanharam Nova York e tiveram queda. Março/22 recuou 0,60% (14 dólares), e fechou o dia de ontem (06) a 2.307 dólares/t.

O vencimento março/22, na Bolsa de Nova York, fechou a US$ 2,3170 centavos de dólar por libra-peso, apresentando variação semanal positiva de 285 pontos. Na ICE Europe, o vencimento janeiro/22 do café teve queda de US$ 63,00, fechando a sessão dessa quinta-feira (06) a US$ 2.427,00 por tonelada.

O dólar à vista apresentou queda ontem (06) depois de três pregões seguidos de alta, em que acumulou valorização de 2,44%.  A moeda norte-americana fechou o dia cotada a R$ 5,680, baixa de 0,56%. Segundo corretores, a desvalorização pode ser atribuída a um movimento técnico de realização de lucro e alguns fatores, como a perspectiva de alta de juros nos Estados Unidos, impedem o dólar de se afastar da casa dos R$ 5,70 no curto prazo.

No mercado físico, os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informam que as cotações domésticas do café arábica subiram nessa quinta-feira (06). Segundo os pesquisadores, o preço do arábica avançou por conta da retração dos vendedores. Os indicadores calculados pela instituição para as variedades arábica e robusta se situaram em R$ 1.466,69 por saca e R$ 826,47 por saca, respectivamente, com variações semanais de 2,45% e -0,23%.

A Somar Meteorologia informa que o tempo deve continuar instável na região Sudeste neste fim de semana. A chuva deve ser forte e frequente, principalmente em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Em São Paulo, faz sol e chuva concentrada entre o período da tarde e da noite de sábado (8) (Assessoria de Comunicação, 7/1/22)