CNC: Balanço Semanal de 30/11 a 4/12/2020
Seca e calor: cafeicultura analisa impactos para elaborar propostas
Cooperativas de produção e crédito recomendam que adoção de medidas só ocorra a partir de janeiro, após estimativa da Conab.
Em reunião virtual realizada na segunda-feira, 30 de novembro, os conselheiros diretores do Conselho Nacional do Café (CNC) definiram o posicionamento da entidade em relação à severa estiagem e às altas temperaturas que atingiram o cinturão produtor do Brasil, principalmente em agosto e setembro, que deverão ocasionar perdas significativas na safra 2021 e ter possíveis reflexos na colheita de 2022.
Com base nas deliberações da reunião, o CNC, entidade que congrega as principais cooperativas de produção e de crédito voltadas à cafeicultura no País, entregou, na quarta-feira, 2 de novembro, seu posicionamento à ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, ao secretário de Política Agrícola e ao diretor do Departamento de Abastecimento e Comercialização do Mapa, César Halum e Silvio Farnese, respectivamente.
"Diante do monitoramento que o nosso cooperativismo de produção e de crédito vem analisando no campo, nesse segundo semestre, apresentamos ao governo federal que o cenário climático impactará o desenvolvimento das safras brasileiras de café em 2021 e 2022. Isso porque, além da redução normal na produtividade, no ano que vem, devido ao ciclo de baixa da bienalidade do arábica, o calor e a seca também gerarão perdas devido ao abortamento de gemas florais e à redução do potencial produtivo das lavouras novas", explica Silas Brasileiro, presidente do CNC.
De acordo com ele, o governo foi informado que o setor já iniciou discussões para desenhar cenários e estar preparado para apresentar e debater propostas eficazes para a proteção da renda dos cafeicultores.
"Aos produtores que sofrerem perdas significativas na safra 2021/22 em função das adversidades climáticas, pretendemos apresentar, tempestivamente, as melhores propostas que viabilizem a recuperação de seus cafezais e a continuidade, de forma rentável, na atividade. Por isso, solicitamos aos governantes a preservação dos recursos do (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira) Funcafé, pois eles são essenciais para manter o potencial produtivo dos cafezais", comenta.
O presidente do CNC aponta que, nesse momento, quando o Brasil acaba de finalizar uma safra produtiva, “de ótima qualidade e rentável”, é necessário focar o monitoramento do campo, a avaliação do potencial produtivo e o planejamento para a colheita 2021, com responsabilidade e fundamentação técnica.
"Qualquer medida ou proposta de projeto que surja, atualmente, não terá uma fundamentação técnica adequada. Há necessidade de observarmos o comportamento do clima até o começo de 2021, pois ele sinalizará se ocorrerão mais perdas ou a mitigação de prejuízos. Além disso, é sensato aguardar o primeiro levantamento da Conab (em 21 de janeiro), que, junto com a apuração de nossas cooperativas, apresentará avaliação quantitativa das perdas futuras, servindo de base para o desenho de quaisquer políticas necessárias para a proteção da renda dos cafeicultores", conclui.
Embrapa Café conta com orçamento total para pesquisas
Através de ação do CNC, governo liberou R$ 7,4 milhões para estatal custear projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.
O apoio do Conselho Nacional do Café (CNC) à demanda apresentada pela Embrapa Café para liberação do orçamento total ao Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café custear projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) gerou resultado no dia 27 de novembro, com a publicação, no Diário Oficial da União, da liberação dos R$ 2,81 milhões restantes aprovados na Lei Orçamentária Anual (LOA) 2020.
A solicitação ao governo federal foi feita pelo presidente do CNC, Silas Brasileiro, no dia 24 de novembro, quando se reuniu com Marcos Montes e Silvio Farnese, respectivamente secretário Executivo e diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“O CNC sempre se preocupa em disponibilizar recursos volumosos para investimentos em pesquisa e inovação, que, por meio dos trabalhos de nossos institutos e universidades, geram tecnologias para reduzir a incidência de pragas e doenças e mitigar os impactos das adversidades climáticas nos cafezais. Além disso, a implementação desses estudos no campo garante melhorias contínuas em produtividade e qualidade, mantendo o Brasil na vanguarda da cafeicultura mundial”, destaca.
Com esse aporte obtido com apoio do CNC, a Embrapa Café está dotada dos aproximadamente R$ 7,4 milhões que foram aprovados para ações de PD&I voltadas à promoção do desenvolvimento científico-tecnológico do agronegócio café no Brasil.
Esses recursos são distribuídos ao Consórcio Pesquisa Café, que é composto pelas principais universidades e institutos de pesquisas que atuam na atividade. As ações desenvolvidas por essas instituições fazem da cafeicultura brasileira a mais sustentável e competitiva do mundo há anos, garantindo ingresso de pacotes tecnológicos e inovações constantes no cinturão produtor do País.
Movimento de realização de lucros derruba preços do café
Por outro lado, analistas apostam em cenário positivo em função de prováveis perdas em importantes países produtores
Os contratos futuros do café tiveram desempenho semanal negativo nos mercados internacionais, refletindo movimento de realizações de lucro após os ganhos acumulados na semana antecedente. Contudo, com problemas sendo relatados em diversos países produtores, analistas apostam em tendência de melhoras para as cotações.
Na Bolsa de Nova York, o vencimento março/2020 do café arábica recuou 415 pontos, encerrando a sessão de ontem a US$ 1,2005 por libra-peso. Na ICE Europe, o vencimento janeiro/2020 do café robusta fechou a US$ 1.346 por tonelada, com desvalorização de US$ 65 na semana.
Mesmo com a queda recente, os analistas monitoram o noticiário sobre problemas com as safras de importantes produtores da América Central, do Brasil e do Vietnã, que, aliados à perda de força do dólar ante o real, dão suporte aos preços. Ontem, a moeda norte-americana fechou a R$ 5,1401, recuando 3,5% na semana, diante do otimismo com a possibilidade de aprovação de um pacote de estímulo fiscal nos EUA.
Nas nações centro-americanas, houve prejuízo provocado pela passagem de furacões em áreas cafeeiras de Honduras, Guatemala e Nicarágua, que deve gerar perdas em volume e qualidade, à medida que frutos maduros, nessa fase de colheita, podem ter sido derrubados por fortes ventos e chuvas. No Vietnã, também em período de cata, tufões assolaram o país e, provavelmente, ocasionarão perdas no maior produtor mundial de robusta.
Internamente, apesar da volta das chuvas em praticamente todas as regiões produtoras de arábica em novembro, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informa que o volume foi abaixo do ideal na maior parte dos cafezais, tendo auxiliado para uma leve recuperação das lavouras, mas ainda insuficientes, o que deverá acarretar perdas na safra 2021/22.
Os indicadores calculados pela instituição para as variedades arábica e conilon, no Brasil, situaram-se em R$ 583,93 por saca e R$ 401,82 por saca, respectivamente, com desvalorizações de 3,9% e 3% (Assessoria de Comunicação, 4/12/20)